6° capítulo

7 2 0
                                    

Ok, o resto da noite não foi mal. Nós fizemos pipoca, assistimos Viva-a vida é uma festa e rimos demais. No final do filme, todos decidiram deitar porque no dia seguinte a gente ia começar a arrumar todas as coisas, no caso comida e tudo mais.  Ajudei minha mãe e minha tia a levar os potes para a cozinha e disse que lavava, para evitar bagunça amanhã, eu já sabia do esquema em casa por isso procurei seguir aqui também.

Sozinho na cozinha, coloco meus fones e vou começar a lavar. Tinham poucos pratos então ponho músicas de 5 minutos como por exemplo " Assalto ao banco - Kamaitachi " e " Wait-M83". Enquanto estou de costas baixo um pouco o volume, discretamente pois sinto como se tivesse olhos queimando atrás de mim. Finalmente, tomo coragem para virar e quando vi o ignorante lá, até dei uma risada e tirei meus fones de ouvido. 

" Perdeu alguma coisa por aqui?" - decido provoca-lo um pouco. Mesmo que depois eu vá ficar me sentindo estranho, já sou estranho mesmo.

" Por que está tão incomodado? Só estou bebendo um copo de água, posso?" - vi claramente aquele tom cafajeste e irônico que ele adora usar. 

" Eu incomodado? Nunca, só acho engraçado que tu demora uns 5 minutos pra beber um copo pequeno de água que ,na verdade já está vazio. Acho que te peguei no pulo, Miguel." - de fato, eu peguei. Porém como sempre ele arranja uma desculpa boa o suficiente para comer qualquer um na conversa, mas isso não rola comigo. 

" Relaxa ai, eu só quis pegar um ar diferente daquele quarto tumultuado que sinceramente enlouquece um ser humano." - é verdade, meus primos são legais e tal, mas não são as pessoas mais fáceis de se lidar. 

" Beleza, entendo. Aquela galera é complicado de suportar as vezes. Bom, vou terminar aqui e já  saio pra tu aproveitar o silêncio." - digo falando sério mas com um tom mais leve, talvez pra deixar o clima menos estranho?

" Sabe, não precisa sair só porque eu estou aqui, tu pode ficar e ler se quiser. Não me importo, só quero ficar tranquilo até o sono bater." - respondo um ok meio sem jeito, é estranho ver ele falando assim. Terminei logo e me sentei, um pouco afastado dele, que estava do outro lado da mesa. Pego meu bom livro e entro na mente das psicopatas, enquanto Miguel está mexendo no celular. Não percebo o tempo passar, só sinto o sono se aproximando de mim e quando fecho o livro, escuto ele falando comigo de forma tímida.

" Boa noite e obrigado por não me expulsar daqui."- ok, por que expulsaria? Tá certo que ele prometeu fazer minha vida um inferno durante essa viagem mas eu não tenho motivo para expulsar ele de algum cômodo.

" Eu nunca iria te expulsar de algum lugar da casa, não tenho que fazer isso." - só falo naturalmente como se não fosse nada demais.

" Fala sério cara." - entendi o papo, vou cortar o mais rápido possível antes que eu saia chorando. 

" Estou falando sério, mas tu não entenderia agora." - apenas cortei e segui para o quarto com a cara mais lavada do mundo. Isso iria ser uma situação um tanto chata se eu tivesse deixado ele se culpar na minha frente e me dar motivos para fazer isso com ele, conheço essa conversa, já tive com meus amigos e minha mãe. 

Deito na cama e recebo uma mensagem  de um número desconhecido. 

" vlw mesmo assim, agora se você OUSAR FALAR ALGUMA COISA PRA O LUCAS, eu vou te dar um trato nada amigável." - já sei de quem se trata por isso só sorri para isso e mandei um "okay, perve". Imagino que ele tenha entendido, fez questão de me responder com um emoji do dedo do meio. 

Ai ai, por que é que eu estou indo dormir sorrindo essa noite?


PerveOnde histórias criam vida. Descubra agora