nove

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" Nunca mostre as suas feridas a quem você não confia. O sangue atrai tubarões. "

📍São Cristóvão, Rio de Janeiro

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📍São Cristóvão, Rio de Janeiro.

Já fazia algum tempo que eu não visitava meus pais, em torno de três meses, e eu estava morrendo de saudades deles. Mas sempre quando tinha tempo eu ia visitá-los, almoçávamos na sala assistindo um filme, ou fazíamos churrasco no terraço com a vista para o Cristo Redentor. Eu sentia saudades desses bons momentos.

Era dia de quinta-feira, meu dia de folga na semana, então aproveitei para ir até a casa de meus pais que ficava na zona portuária da cidade, não muito longe da minha casa atual. Amanda estava no trabalho já que o mesmo não tinha nenhuma folga, apenas aos finais de semana. Me arrumei e saí de casa pela manhã para aproveitar o dia na casa dos meus pais, peguei um uber e fui até lá.

[...]

Assim que saí de dentro do carro caminhei até a rua dos meus pais, nada havia mudado. Nada mesmo. O bar com uma faixa vermelha na esquina, as bandeirinhas verdes e amarelas da copa passada penduradas no alto. Ainda me fazia sentir em casa. Logo abri o portão de ferro da vila onde praticamente quase todos os meus parentes moravam. Abri a porta sentindo o cheiro de feijão cozinhando, e vi a televisão posta na parede ligada em um noticiário. A comida da minha mãe era a melhor.

—— Mãe?! —— Chamei fechando a porta. Tirei os tênis e os coloquei ao lado do sofá, deixei minha bolsa em cima do mesmo e caminhei até a cozinha onde minha progenitora provavelmente estava. —— Psiu, dona Viviane. —— Sorri enquanto ela se virava para mim.

—— Meu amor! Você por aqui! —— Ela grunhiu vindo de pressa em minha direção. —— Quanto tempo, Bê. Senti saudades. —— Minha mãe sempre me chamava de " Bê ", sem motivo nenhum  evidente, mas eu amava muito esse apelido.

—— É mãe, estava ocupada com o trabalho. —— Suspirei indo me sentar na mesa.

—— Tudo bem, amor. Que bom que veio me ver. —— A mulher sorriu voltando em  frente ao fogão. —— Já que você está vai lavar as mãos e cortar os bacons, vou fazer sopa de ervilha.

—— É pra' já. —— Gargalhei indo até o banheiro, lavei as mãos e voltei para onde eu estava. Peguei a tábua de madeira, a faca e o que iria cortar.

—— Como está indo o seu trabalho?

—— Tá' tudo indo bem por enquanto.

—— Esse jogador que você trabalha é aquele que você babava pela TV, que achava lindo e perfeito? —— Ri alto ouvindo ela falar de Pedro.

—— Aham. Tá' sendo legal, Maria Alice é um anjo, o pai dela também é muito legal comigo. Conversamos bastante, é como se eu nem estivesse trabalhando.

Comecei a contar tudo para ela, sem nenhuma excessão. Enquanto isso meu pai estava trabalhando junto de meu avô, eles tinham uma micro empresa de concretagem, e com isso rondavam o estado todo e às vezes até outros estados. Minha avó logo chegou com um engradado de cervejas e foi daí que meus primos e tias também chegaram.

Minha mãe havia feito arroz, carne assada e bastante caldo de sopa de ervilha, eu estava me sentindo no céu. Ligamos o rádio e logo minha tia pôs em um forró onde começamos a dançar, minha família sem dúvidas era a melhor de todas.

—— Menina, esse tal de Pedro é gatinho. —— Minha tia comentou enquanto víamos suas fotos. Eu estava me sentindo envergonhada já que minha mãe estava me obrigando a mostrar a foto dele para todo mundo. Minha tia Vívian, como nossa família adorava a letra V, era bem descarada e dizia tudo o que vinha pela sua mente, isso que eu adorava nela. Ficamos vasculhando o seu perfil por um bom tempo até meus primos começarem a brigar por causa do restinho de refrigerante.

—— Ainda bem que você é filha única. —— Minha vó indagou enquanto colocava cerveja em seu copo. —— Pra' colocar um filho no mundo é tão doloroso.

—— Aham, é tão doloroso que a senhora pariu três. Gostou, não foi? —— Viviane falou, não me aguentei e comecei a rir no mesmo instante. Minha família não calava a boca sequer por um instante, e em consequência disso acabávamos passando vergonha em diversos lugares; shoppings, restaurantes, festas. Mas eu amava muito eles para me importar com isso.

—— Vai se foder sua filha da puta. —— Minha avó Isaura falou retirando o óculos de seu rosto, ela fazia isso toda vez que estava nervosa. —— Você tem agradecer a mim por estar aqui hoje, cretina.

—— Eu falei brincando, mãe. É claro que eu sou muito grata à senhora por ter me colocado no mundo. —— Indagou risonha.

—— Ah, vai se foder. —— Ela disse se levantando e em seguida sumiu pelo corredor.

Já era à noite quando decidi que já estava no horário certo para ir embora, não podia dormir no meu antigo quarto pois no dia seguinte teria trabalho, e a casa de Pedro ficava muito longe da dos meus pais e logicamente a minha mais perto. Minha família me insistiu para ir comigo esperar o uber chegar, então todos fomos. Me despedi deles e entrei no carro, através do vidro da janela pude ver os olhos da minha mãe brilharem, ela provavelmente iria chorar.

Ela era sempre tão apegada comigo, ficávamos acordadas até tarde assistindo filmes ou a desfiles de carnaval pela TV. Fazíamos pipoca e colocávamos leite condensado por cima, isso era a melhor coisa que existia em dias chuvosos. Minha mãe sempre fazia os meus desejos, me motivava, me alegrava, me ensinava as tarefas escolares e sem excessão, estudava comigo para as provas. Ela é a melhor pessoa do mundo.

Cheguei em casa e encontrei Amanda jogado sobre a tapete de veludo preto comendo um biscoito recheado.

—— Oi. —— Disse me jogando ao sofá, suspirei sentindo o ar condicionado ventilar contra nós. Era a melhor sensação existente depois de um orgasmo.

—— Fala tu' cachorra. Como foi lá na tia Vivi? —— A loira questionou pausando a série que estava passando na TV à nossa frente.

—— Na minha mãe? Ah sim, foi muito bom, comi que nem uma porca.

—— Precisa jogar na cara? —— Nós rimos. —— Tava' torcendo pra' tu' chegar logo. Precisava de alguém pra' pintar minhas unhas.

Oieee leitores do meu coração, como vocês estão?

Desculpa a demora pra postar novo capítulo, estou em semana de provas :/

O próximo capítulo acho que vocês vão gostar, bjsssss <333

gratidão, 𝗉𝖾𝖽𝗋𝗈 𝗀𝗎𝗂𝗅𝗁𝖾𝗋𝗆𝖾. (reeditando)Onde histórias criam vida. Descubra agora