Capítulo 18;

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a.ta.vi.ar (verbo). Fazer pequenas alterações ou acrescentar ornamento à arrumação pessoal de alguém. Encalhada como estou em um banheiro, ao menos tenho tempo para me ataviar – juro que meus cabelos nunca estiveram tão arrumados.

– Do dicionário pessoal de Jennie Kim;

Durante o jantar, mais tarde naquela noite, ocorreu a Lalisa que ela gostaria muito de matar a Srta. Jennie Kim. Também lhe ocorreu que esse não era um sentimento novo. Jennie não apenas tinha virado a vida dela de cabeça para baixo, como a jogara de um lado para outro, virara do avesso e, em determinados momentos que era melhor não mencionar, a incendiara. Ainda assim, pensou Lalisa com generosidade, talvez matar fosse uma palavra um pouco forte. Ela não era assim tão orgulhosa que não pudesse admitir que desenvolvera certo afeto pela jovem. Mas com certeza queria amordaçá-la. Sim, uma mordaça seria ideal. Assim, Jennie não poderia falar. Nem comer.

– Pelo amor de Deus, Lalisa, isso é sopa? – indagou Rosé com uma expressão apreensiva no rosto. Ela assentiu. Rosé olhou para o caldo quase transparente na tigela. – Tem certeza?

– Tem sabor de água salgada, mas a Irene me assegurou que é sopa.

Rosé mergulhou a colher no caldo com hesitação, em seguida tomou um longo gole de vinho tinto.

– Acredito que não tenha sobrado nada do presunto que preparam para o seu lanche, não é mesmo?

– Posso lhe assegurar que seria impossível partilharmos aquele presunto.

Se a irmã achou a escolha de palavras dela estranha, não comentou. Em vez disso, pousou a colher e perguntou:

– Jimin trouxe mais alguma coisa? Um naco de pão, talvez?

Lalisa fez que não com a cabeça.

– Sempre come tão pouco à noite?

Ela fez que não mais uma vez.

– Ah, então essa é uma ocasião especial?

Lalisa não tinha ideia de como responder à pergunta, por isso apenas tomou outra colher da sopa horrorosa. Com certeza devia haver um valor nutricional em algum lugar ali. Mas então, para absoluta surpresa dela, Rosé levou a mão à boca, ficou muito vermelha e disse:

– Ah, sinto muito!

Lalisa pousou a colher devagar.

– Como?

– É claro que é uma ocasião especial. Eu tinha esquecido completamente. Lamento muito.

– Rosé, de que diabo você está falando?

– De Minnie.

Lalisa sentiu um estranho aperto no peito. Por que Rosé tinha que mencionar a noiva falecida dela naquele momento?

– O que tem Minnie? – perguntou ela, a voz sem expressão.

Ela pareceu confusa.

– Ah. Ah, então você não se lembra. Não é nada. Por favor, esqueça que eu disse alguma coisa.

Lalisa ficou olhando para a irmã enquanto ela atacava a tigela de sopa como se fosse um maná dos deuses.

– Pelo amor de Deus, Rosé, seja o que for que você está pensando, diga logo.

Ela mordeu o lábio, hesitante.

– Hoje é dia 11 de dezembro, Lisa – explicou, num tom muito suave e piedoso.

Lalisa a encarou e, por um instante abençoado, não compreendeu o que a irmã queria dizer. Até que se lembrou. Dia 11 de dezembro.

O aniversário da morte de Minnie.

A Herdeira. (ADP - Jenlisa)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora