Capitulo 4

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PASSEI A MAIOR PARTE DO DIA JOGANDO MARIO KART COM LEE.
— Estou bastante surpresa por Josh ter cuidado de mim — admiti para Noah.
Ele riu. — Você não é a única. Eu teria cuidado, se estivesse por ali. Mas fui emboscado no caminho...
— Sim, você me falou sobre Sina. Por acaso você beijou alguma outra menina ou só ela? É melhor você se cuidar ou vai acabar ficando igual ao seu irmão.
Noah revirou os olhos. — Pelo menos eu não arranquei a roupa em cima da mesa de sinuca. Formamos um belo par.
— Eu estava bêbada.
— Eu também. Um pouco.
— Josh não estava, aparentemente.
— Acho que ele estava, se cuidou de você desse jeito. Ele geralmente não é tão... gentil.
Eu ri. — Para dizer isso de uma maneira gentil.
— É verdade. Ei, talvez ele esteja retribuindo aquele crush que você tinha por ele.
Olhei para Noah com uma expressão séria.
— Não diga besteiras. Já superei aquela fase faz alguns anos, como você bem sabe.
Noah torceu o nariz. — Seria bem esquisito, na verdade.
— Se você diz. — Eu o empurrei, fazendo com o que o kart dele saísse da pista, mandando Yoshi rumo a uma longa queda por cima da cachoeira enquanto assumia a liderança com Luigi.
Voltei para casa por volta das cinco da tarde; tinha algumas lições para terminar. Fiz com que Noah me levasse para casa, porque havia pegado uma calça jeans emprestada com ele e não queria ser vista em público. Corri até a porta, ouvindo meu melhor amigo rir de mim.
— Ei!
— O que foi? — gritei, virando-me para trás.
Ele atirou o meu vestido para mim, e consegui pegá-lo logo antes que caísse no chão. — A gente se vê amanhã de manhã!
— Tchau, Noah!
Fechei a porta da frente e ouvi: — Any,é você?
— Sim! Oi, pai.
— Venha até a cozinha um minuto.
Suspirei, imaginando se iria levar um sermão ou não. Sempre tive pavor de encarar meu pai bravo comigo.
Ele estava digitando em seu notebook na mesa da cozinha, e ouvi Brad jogando no Wii na sala de estar meu outro irmão.
— Oi — eu disse, ligando a cafeteira.
— Pode fazer uma xícara para mim também, já que está aí.
— Claro.
— A festa foi boa?
Fiz que sim com a cabeça. — Sim, ótima.
— Você não bebeu demais? Nem fez nada estúpido? — Ele me encarou com uma expressão severa por cima do aro dos óculos; estava falando sobre garotos.
Não sei por que ele se incomodava em fazer isso. O fato de eu nunca ter tido um namorado e nunca ter beijado um garoto não era algo realmente confidencial.
— Eu... eu não fiz nada muito diferente... só fiquei um pouco bêbada.
Ele suspirou, tirou os óculos e esfregou a bochecha. — Gabrielly ... você sabe o que eu lhe disse sobre beber.
— Ficou tudo bem, de verdade. Além disso,Noah e Josh cuidaram de mim.
— Josh cuidou de você?
Até mesmo o meu pai ficou suficientemente surpreso para se esquecer de falar sobre bebidas por um momento.
— Pois é... também achei estranho.
— Hmmm. Bem, de qualquer maneira, não mude de assunto, mocinha. Você sabe o que eu disse sobre beber.
— Eu sei. Desculpe.
— Hmmm. Da próxima vez que isso acontecer, você vai ficar um mês inteiro de castigo, entendeu? E não pense que não vou descobrir.
— Mensagem recebida. Alto e claro.
Ele não parecia estar totalmente convencido, mas deixou passar. Não era como se eu saísse para beber noite sim e noite não; era uma daquelas coisas que acontecem de vez em quando.
— E então, você e Noah conseguiram pensar em uma boa ideia para a barraca? O festival é daqui a duas semanas.
— Sim. Vamos fazer uma barraca do beijo.
— Isso é... diferente — disse o meu pai, rindo. — Tem certeza de que vão deixar vocês fazerem isso?
Dei de ombros, enchendo duas xícaras com café. — Não vejo motivo para proibirem.
— Bem, é melhor do que ficar jogando bolas em cocos. Ah, tem outra coisa.
Preciso que você cuide de Brad amanhã, está bem? Vou trabalhar até tarde.
— Claro. — Depois de acrescentar uma tonelada de leite ao meu café, eu o engoli. — Vou tomar um banho e fazer a minha lição de casa.
— Certo. O jantar é às sete. Temos bolo de carne.
— Legal.
Eu odiava segundas-feiras. Eram um saco. Não havia nada de positivo nas manhãs de segunda-feira. Sempre programava o despertador para tocar vinte minutos antes do necessário, porque detestava ter que sair da cama.
Finalmente consegui me levantar e tirei a calça preta do guarda- roupa.
Nossa escola foi construída por volta de mil novecentos e pouco, e, por algum motivo idiota, ainda mantinha a tradição do uniforme. Não era o pior uniforme do mundo, mas eu gostaria que não fôssemos obrigados a usar isso.
E, como se as segundas-feiras já não fossem suficientemente ruins, a minha estava prestes a ficar bem pior.
Raaaaasg!
Fiquei paralisada, com o pé chegando até a metade da perna da calça.
Rapidamente tirei-a e dei uma olhada no estrago. Na semana passada, havia somente um buraquinho na costura da parte interna da perna direita. Agora havia um rasgo imenso.
— Ah, merda — resmunguei, jogando-a no chão. Eu não era muito boa com costura, mesmo que estivesse em um dia bom, e meu pai jamais iria conseguir consertá-la. Teria que comprar uma calça nova pela internet, que deveria chegar lá pela quinta-feira, pelos meus cálculos. Mas, até que isso acontecesse, teria que usar a minha velha saia.
Detestava a saia do uniforme da escola. Era um modelo pregueado, feito com um tecido xadrez azul e preto. Era preciso usar meias com ela. Não podia usar uma legging, nem ir com as pernas à mostra. Meias até a altura do joelho. A combinação ficava bem em algumas pessoas, e eu havia aceitado aquilo e usado a saia durante algum tempo no ano passado antes de decidir que jamais iria encostar a mão naquela peça de novo.
Mas eu não tinha escolha.
E o pior: agora, aquela saia estava meio curta para mim.
Suspirei outra vez. Não havia outro jeito. Não era como se eu tivesse outra opção. Revirei uma gaveta até conseguir encontrar um par de meias que havia comprado para usar com a saia no ano passado. Encarei meu reflexo no espelho com uma careta antes de descer para tomar o café da manhã.

A Barraca dos Beijos ( Now United ) Where stories live. Discover now