Prólogo

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Sinto uma mão no meu ombro e me viro lentamente, no automático, e consigo enxergar o rosto tristonho do meu pai mesmo diante da minha visão embaçada pelas lágrimas

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Sinto uma mão no meu ombro e me viro lentamente, no automático, e consigo enxergar o rosto tristonho do meu pai mesmo diante da minha visão embaçada pelas lágrimas. Ele não diz nada, e acho que não precisa; apenas me puxa para um abraço bem apertado. 

— Sinto muito, filho — diz ele, parecendo realmente abalado. 

— Chegou tarde — luto contra o nó entalado na garganta e consigo me obrigar a dizer, com a voz rouca. — Ela foi enterrada há dois dias. 

Ele se afasta e me segura pelos ombros. 

— Eu vim o mais rápido que pude — lamenta, com uma expressão de culpa. — Mas é difícil comprar passagem de avião nessa época do ano, ainda mais em cima da hora. 

Balanço a cabeça. 

— Como você está? — pergunta ele. 

Afasto-me dele e ando até a janela do meu quarto, observando a chuva desabar lá fora, como estava fazendo antes de ele chegar. O dia está cinzento e muito frio, contrastando com o meu humor, o meu luto. 

Como eu estou? Que pergunta patética. 

— Eu vou ficar bem — asseguro, sem olhar para ele. 

O quarto é tomado pelo silêncio por um tempo — tudo o que se pode ouvir é a chuva caindo lá fora. Pareço estar protegido aqui dentro, mas, sinceramente, dentro de mim há uma tempestade agonizante. A dor da perda ainda é muito recente, fazendo um vazio se expandir dentro do meu peito mais e mais. Meu coração é do tamanho de uma azeitona agora, senão menor. Há dois dias eu não durmo, há dois dias eu não como direito… sinto-me agindo no automático. 

— Eu sei que amava sua mãe… 

— Você não faz ideia — digo, cheio de mágoa. 

Ouço seu suspiro. 

— Eu me importava com Lenore também, Tom. 

Viro-me para ele lentamente. 

— O que está fazendo aqui? 

Papai está sentado na minha cama agora. 

— Eu vim ver você, filho. Sei que precisa de apoio agora. Mas também — seu tom de voz diminui, e sei que está prestes a entrar em uma zona desconfortável. — Precisamos conversar sobre o seu futuro. 

Sinto meu estômago afundar. 

— Não precisa se preocupar comigo — dispenso secamente. 

— Como não? — retruca. — Você é meu filho. 

— Não sou seu único filho — rebato. 

— O que não significa que é menos importante que os outros. 

Fecho os olhos por uns instantes, sentindo o cansaço tomar conta de cada célula do meu corpo. E também há o sofrimento, a fraqueza, a instabilidade emocional. Além de tudo isso — de ter que lidar com a morte da pessoa que eu mais amo/amava nessa vida —, ainda preciso me preocupar com o fato de ter um futuro incerto pela frente. É uma desgraça sem fim. 

— Thomas — seu tom fica mais sério. — Você não pode ficar sozinho aqui nesta cidade, nessa casa. Sei que é difícil para você estar passando por uma perda tão grande, como também sei que você tem uma vida aqui, mas não podemos ignorar os fatos. 

Volto-me para a janela novamente, sentindo-me ainda mais vazio. 

— Isso significa que vou ter que ir morar com você — isso é óbvio. E, a contragosto, acrescento: — E sua família. 

— São sua família também, Tom. Seus irmãos. 

— Meio-irmãos — sibilo. 

— Vamos todos te receber de braços abertos — assegura ele. 

— Aposto que sim — não consigo evitar o tom de ironia. 

Então é isso. Acabei de perder a minha mãe para a Tuberculose. Ela me deixou. E agora serei obrigado a viver com o homem que nos deixou há anos atrás. 

NOTAS DA AUTORA

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NOTAS DA AUTORA

Oi, minhas lindas e lindos! Como vocês estão?

Pra quem não me conhece, me chamo Thamires, mas quem me conhece por aqui sabe que não tem problema nenhum me chamar de Milly, então sintam-se completamente à vontade, como se estivessem em casa. 💜

Não é meu primeiro livro aqui na plataforma, ok? Então, pra quem tiver interesse de conhecer um pouco mais do meu trabalho, basta ir ao meu perfil e terão acesso às minhas outras estórias.

⚠️Apesar de revisar cada capítulo por conta própria, ainda pode acontecer de escapar alguns erros gramaticais, então me perdoem se encontrar casos semelhantes ao citado⚠️

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Fiquem com Deus (pra quem acredita), e quem não acredita, apenas fique bem. 💜
Até breve, meus amores. 😏

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