Capítulo 5

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Serkan

Três meses depois

Em menos de um ano a minha vida mudou completamente, fazem seis meses desde que voltei a Istambul e ainda sinto como se estivesse em casa, mas sem de fato estar.

Nunca pensei que aos trinta anos já estaria casado, tinha plena certeza que iria viver um grande amor, mas casar nunca foi um plano para mim. É engraçado pensar que o dia de hoje, meu casamento, é o segundo pior da minha vida toda. O primeiro obviamente foi a exatamente três meses atrás.

Flashback on

Eu tinha me virado por um segundo para abrir a porta do carro quando escutei a explosão, meu primeiro reflexo foi correr em direção a Eda para procura-la mas fui parado por Balca que gritava para mim não entrar se não iria morrer com o fogo que já estava mais do que espalhado. Quando me soltei de Balca vi que Eda estava desacordada próxima a porta de entrada e a alguns paços do crescente fogo que se aproximava, corri e a segurei em meus braços, a pus deitada no banco traseiro do carro e sem titubear parti para o hospital.

Chutei com minha perna direita a porta da emergência criando uma zoada alta que ecoou por toda a sala de espera.

- Ajuda! Por favor alguém me ajuda! - eu gritava suplicando por socorro.

Num piscar de olhos um grupo de quatro enfermeiros puseram Eda em uma maca e a levaram para a sala de atendimento me deixando do outro lado da porta ajoelhado no chão com as mãos cruzadas na traseira de minha cabeça chorando desesperado. Demorei alguns minutos para pensar novamente com a razão e em seguida liguei para Fifi, Eda havia me passado seu contato já que ela era uma das advogadas de nossos restaurantes, e a avisei de todo o ocorrido já que me disseram que ela era a mais racional do grupo das meninas.

A ligação durou alguns minutos e logo em seguida uma das enfermeiras que atendeu Eda veio até mim.

- O senhor é parente da paciente?

- Sim!

- Qual seu tipo sanguíneo? - ela questionou com certa urgência.

- AB+! Por que?

- Precisamos urgentemente de uma doação para a paciente de sangue O-, mas infelizmente o senhor é incompatível! O- só pode receber doação de O-. Existe algum outro parente da senhorita Eda que possa doar?

- Eu não sei! Alguém aqui tem sangue O-? Se for preciso eu pago! Por favor alguém tem sangue O-? - eu gritei pelos corredores do hospital enquanto olhares de pena caiam sobre mim.

- Serkan! Bağırma! - tentou me acalmar Fifi que havia acabado de chegar com Melo e Ceren que choravam abraçadas atrás dela. - Você não pode oferecer dinheiro em troca de sangue, é crime. Agora se recomponha para poder ajudar Eda direito.

Fifi consultou a enfermeira sobre o que era necessário e deixou Melo e Ceren a postos para qualquer outra notícia e segui comigo para a cafeteria do hospital onde começamos a fazer uma série de ligações em busca do sangue.

Quando estava desligado um telefonema e partindo para outro avistei Balca de sentando ao lado de Fifi e de frente para mim.

- Eu irei ser breve Serkan, não me incomodo com você Fifi pois sei bem que você faria qualquer coisa por Eda assim como ele. Eu tenho o mesmo tipo sanguíneo de Eda e posso fazer a transfusão agora mesmo pois me encaixo nos pré-requisitos, mas eu tenho uma condição.

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