Capítulo 4 - Planos Malucos

5K 571 20
                                    

- Para com isso – eu falo quando ele coloca a mão perto o suficiente para me fazer cosquinha

- Mas eu não estou fazendo nada – ele responde em voz baixa e eu reviro os olhos tentando prestar atenção ao diálogo de Samy, ele é aquele cara baixinho com ar de quem está à procura de um perfume caro, de nariz empinado e tudo mais. Faço algumas observações no tablet e olho ao redor do prédio analisando as salas pela qual a gente passa.

Alguns dos funcionários estica a coluna quando vê Kael mas ele nem ao menos repara a atenção olhando para o relógio e bocejando uma hora ou outra. Bufo indignada e ele dá de ombros.

Ele é muito atencioso aos detalhes

- Não sei exatamente como funciona lá em Rochester, mas nós temos um plano bem rigoroso em questões de funcionários bem adaptados e treinados – Samy continua de modo rigoroso e eu compartilho um sorriso com Kael – Todos eles estão em seus devidos setores aqui na empresa, além disso os clientes são bem atendidos a todo momento.

- E como estão com relação a ações judiciais? – eu pergunto e ele para pôr um momento antes de continuar andando

- O que quer dizer?

- O prédio e o local estão protegidos pela lei? Está tudo pago? – eu pergunto e ele para se virando para mim.

- Sim, pode ter certeza disso

- Pode deixar – eu falo e olho para o tablet – Gostaria de ver esses papeis, com as assinaturas e tudo mais. Samy pigarreia e sorri, mas vejo quando o corpo dele fica tenso com a pergunta.

Filho da mãe mentiroso

- Infelizmente ainda estamos organizando isso, mas pode deixar que eu te mando tudo por e-mail – ele diz e prossegue andando. Paro e deixo que ele se livre dessa por enquanto.

Olhando para Kael levanto uma sobrancelha e ele revira os olhos suspirando.

- Está bem, já percebi

- Eu disse que você não tinha olhado direito

- Mas parecia estar tudo bem – ele diz como desculpa e eu cruzo os braços em frente ao peito – Ok, o que você quer fazer?

Penso por um minuto e olho em volta da sala, todos os olhares se deviam rapidamente quando percebem que eu estou olhando e voltam para as telas dos computadores.

- Se ele não vai me mostrar por livre e espontânea vontade, eu vou ter que fazer do meu jeito

- Não – Kael diz rapidamente e eu volto o olhar para ele

- Eu nem disse o que eu quero fazer

- Eu vi a sua expressão Sophie e eu conheço você

- Que horas todos saem?

Kael fica calado me olhando e eu pisco inocentemente, ele bufa irritado e me fala o horário.

- Maravilha, te vejo nesse horário atrás do prédio – dou meia volta saindo, mas ele pega o meu braço e me puxa de novo.

- Espera, o que você vai fazer?

- Confie em mim – dou um sorriso e ele faz uma careta para mim

- Nem sei porque eu sempre concordo com esses seus planos malucos

Rindo fico na ponta dos pés e beijo sua bochecha esquerda antes de ir embora, ele sorri e eu aceno me despedindo.

.......................................

Dou meia volta na rua e vejo o beco levando para a parte de trás do prédio, sorrindo vou até lá e encontro Kael olhando para a tela do celular. Sentindo minha proximidade ele levanta o olhar e me olha desconfiado.

- E então?

- Vem cá – eu o chamo e aponto para a primeira janela mais baixa que a gente tem contato – Você vai me impulsionar para cima e depois você entra

- Puta que pariu Sophie – ele resmunga e eu dou risada da sua expressão de desamparo

- Vai dar certo, a gente pega os papeis e sai

- Porque a gente só não vai na jurisdição? Ou sei lá?

- Porque eles não vão entregar os papeis para mim, não quando não somos daqui, e o prédio não é seu, somente o nome – eu falo e ele suspira olhando para cima. Depois de um minuto ele acena concordando e eu me animo colocando a bolsa no chão e indo até ele – Não me deixe cair

- E desde quando eu já te deixei cair? – ele fala sério e eu pigarreio olhando para o outro lado. Entrelaçando os dedos ele aponta para mim e eu subo o pé apoiando em suas mãos, me impulsiono para cima com força e resmungo quando minha perna sente

- Sabe, parece mais fácil nos filmes – eu falo ofegante e Kael ri baixinho apoiando minha perna enquanto eu abro a janela e começo a escalar para dentro do prédio. Caio como um saco de batatas para dentro da sala e Kael grita do outro lado

- Tudo bem?

- Acho que quebrei meu quadril

- Bem feito – ele diz e eu me levanto indo até a janela e lhe mostrando o dedo do meio, ele ri e abana a mão – Se afasta, vou entrar

Me afasto e olho em volta da sala, vou até a porta e vejo que ela já está aberta.

- Olha, você deu sorte

- Porque? – olho para trás bem no momento em que ele cai dentro da sala. Bem mais elegante que eu.

Mas dane-se

- Porque você não vai precisar arrombar a porta

- Você é maluca

- Sou sim – eu falo e abro a porta passando por ela – Agora vamos lá achar esses papeis

(Re) Escrevendo As EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora