Sentimento robótico

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O Sol ainda estava surgindo, o céu róseo, as nuvens de movimentação tão lentas, mas ao olhar, tão belas, enquanto as primeiras luzes douradas apareciam no céu.

Seokjin arrumava sua gravata, andando pelas ruas em direção ao metrô.

As costas faziam um tic tec que não doíam, era seu funcionamento regular. Os dedos de ferro, que seguravam a maleta cheia de papéis, as articulações forjadas entre o tecido de cor vinho da longa gravata. Os pés escondidos com os sapatos sociais.

O tic tec do joelho também era algo de se notar, no entanto, tão acostumado que nem fazia diferença.

Ele nunca se atrasava. Seu relógio conectado a si acordava-o no horário exato para se vestir e ir ao trabalho.

Todos os cumprimentos às poucas pessoas que ainda andavam na rua, naquela hora da manhã. Alguns viraram a cara, outros sorriam igualmente. Era formidável, o homem do tic tec dando-lhes sempre, todos os dias, o mesmo sorriso, como se aquele céu lhe desse toda a felicidade.

Seokjin fitava o que estava na sua frente: o caminho para a estação de metrô. Queria poder chegar logo, mas tinha de ser paciente no seu caminhar. Pois cada tic tec era necessário.

Sorria novamente para as pessoas que iam se aglomerando ao seu redor, cada uma com suas histórias, cada uma com seus propósitos e caminhos para seguir. E claro, novamente, nem todas retribuem, mas Seokjin não se permitiria abalar com aquilo.

Havia uma criancinha que sempre estava na estação. Depois de tanto tempo andando por ali, descobriu ser filhinha de um dos funcionários. Esta, mesmo tímida com as outras pessoas, sempre o respondia alegremente.

Cada um com suas formas de ser.

Jin tinha sua própria maneira, também.

Sua vida era independente. Vivia sozinho, cuidava da casa sozinho, arrumava suas próprias ferragens sozinho. Mas, mesmo sendo desagradável ter aquele corpo m4npu!◇vel, quer dizer, um corpo de ferro, trabalhado para parecer um humano comum, ele tinha de se sentir grato, principalmente quando vinham àquelas visitas para ajudá-lo com o ferro e com suas configur4ç$e₩.

Afinal, ele estava vivo. Ele estava bem. Comunicável e em sã consciência.

Pensar nisso fazia-lhe sentir a cabeça tremer. Sentado no banco, finalmente dentro do metrô, as longas pernas juntas, coluna ereta e a maleta bem abraçada em seu colo, a nuca pendia para o lado, como um tic.

Tic-tic-tic.

Divagou novamente, o suspiro saindo de seu nariz perfeitamente amassado e esculpido: tudo estava bem.

E cessou o barulho que já estava começando a incomodar os demais, mesmo com o estonteante sorriso no rosto de Seokjin.

•••

Finalmente, a empresa.

Contabilidade não era um ramo complicado para si, nem mesmo as poucas vezes que tinha que lidar com pessoas diretamente. Seu cabelo de um verde quase brilhante, junto aos dentes perfeitamente alinhados, a pele bem feita, apesar de alguns arranhões, transmitiam uma boa sensação. Era agradável estar em sua presença.

Ele sempre buscou fazer e atender os pedidos das pessoas ao seu redor.

Um cara que nem aparentava saber seu nome, mesmo trabalhando próximos, precisava que ele imprimisse algumas folhas. De prontidão, tratou de terminar o que estava escrevendo em seu computador para prestar o favor. Olhou para os lados: o rapaz estava sentado, as pernas em cima de sua mesa, bebendo algo de sua xícara. Bem, ele deveria estar buscando algum descanso, certo?

ERROR! Reinstalando Sistema KimWhere stories live. Discover now