XV

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Solaria San't

    Observo do topo da escada minhas irmãs que a vida me presenteou, cada uma com seus companheiros, embalados por suas bolhas, no entorpecedor amor. Nunca pensei querer algo assim, não em meus cento e quarenta e um anos pelo menos

"Lembranças On

1870 se iniciava e com ele mais uma vez vivendo a vida nublada e sem sentido que vivia desde que me entendo por gente.

A família San't aos olhos de toda a sociedade era um exemplo a ser seguido, a família unida, com amor para dar e vender, mas não era isso que eu conhecia. Victhor San't III, meu pai, não era o homem justo e honesto que todos diziam conhecer, para mim ele era o marido adultero que espancava toda noite às três da manhã a esposa e o responsável por apagar o brilho que antes existia no olhar de Marrie Dominic San't, minha mãe, agora a mulher era uma massa cinzenta que se arrastava pelos cantos da casa sempre com a expressão impassivelmente deprimida.

Meu refúgio era a música, minha alma era movida pelas canções, precisava para tirar toda a morbidez que me acompanhava, e era por isso que todas as quintas esperava o silêncio inundar o casarão e saia nas pontas dos pés, para ir até um pequeno pub no centro de Paris a fim de fazer o que amava, em troca ganhava alguns trocados.

Em uma das minhas voltas para casa em volta da noite, sou surpreendida pela voz há muito tempo conhecida por mim.

— É aqui que a putinha vem todas as noites — Victhor fala embolado com o álcool no organismo, mas mesmo assim ainda podia se perceber a raiva que habitava ali

— Papai não é o que pensas — tentava me explicar tentando ganhar o mínimo de misericórdia

— Não é o que penso? — pergunta ironicamente — Então você não abre as pernas para esses miseráveis por migalhas— antes mesmo que pudesse o retrucar, o mais velho já vinha em minha direção

Segurou meus cabelos da parte da nuca, puxou minha cabeça para trás e desferiu o primeiro soco, seguido de mais e mais acompanhados de palavras chulas, meu corpo não resistindo acaba cedendo e caindo no chão, facilitando para que o homem me desfira chutes e pisadas.

— Isso é pouco para você, vaziadinha, se sobreviver, o que duvido, não volte a pisar em minha casa, você arruinou o nome da família – o patriarca finaliza soltando sua saliva em minha bochecha direita

Meu corpo estava fraco e me encolhia, procurando reconforto e encontrando apenas a dor e a solidão da morte.

— Não se preocupe criança, você não está mais sozinha e tudo ficara bem – antes que fosse tomada pelo doce sabor da morte, escuto o soar de uma voz feminina que dizia tudo com tanto reconforto que decide confiar cegamente em alguém pela primeira vez

Lembranças Off "

Sou tomada pelas lembranças cruéis de um passado cruel, o que me faz lembrar de Clayre e como tudo que vivi e vivo é graças a Clayre, a melancolia quase me toma, mas não deixo, ela não gostaria que remoêssemos esse sentimento para sempre.

Decido por distrair minha mente dos sentimentos exagerados dos casais lá em baixo e dos meus demônios, dirijo até o cinema no centro da pacata cidade de Forks. Na fila da bilheteria, um cheiro diferente me chama a atenção, terra molhada e um leve cheiro de bebê, procuro por alguém que possa ser dono do aroma e encontro um garoto magricela de cabelos longos de costas para mim, ao se virar sou impactada pelos olhos castanhos brilhantes que parecem que penetram minha alma a lendo perfeitamente.

Volto a ter consciência quando sinto o cheiro inconfundível de um metamorfo, mil represálias passam por minha cabeça e me condeno por sentir inveja de minhas companheiras de clã, não imaginaria que ao sentir isso, seria abençoada por um companheiro cachorro e ainda um bebezinho

— Agora é a hora de investir em uma fábrica de fraldas— falo ainda encarando o moreno alto que ainda não tinha se movido     

In Your Eyes -TwilightDove le storie prendono vita. Scoprilo ora