Não Provoque

20 - Negócios, surpresas e chuva

Rin POV

Alguns dias se passaram desde nossa pequena aventura na piscina. Kagome comprou uma pílula do dia seguinte para mim na farmácia, pois eu não queria correr o risco de alguém ver a mim ou a Sesshoumaru e aquilo se tornar mais uma coisa na longa lista do que tinham para falar de nós. Eu tomei e tratei de marcar uma consulta com ginecologista o mais rápido possível porque certamente não dava para confiarmos só em usar camisinha.

O Tio Toga decidiu adiar um pouco mais a nossa volta para Tóquio depois que eu o lembrei de uma data específica e agora eu e Sesshoumaru conversávamos na cama antes de dormir.

- O que vai fazer na sexta? – perguntei, virando-me de frente para ele.

- Depois de amanhã? Não é o aniversário de morte da sua família?

- Na verdade sim, mas não sabia que você se lembrava da data. – estranhei – Eu gostaria que você fosse comigo...

- Eu presto atenção nas coisas que você fala, ok? – ele deu um sorriso - E eu já fui lá com você em outros anos, eles provavelmente já estão enjoados de me conhecer. – disse ele brincando – Mas é claro que eu vou com você.

- Eles ainda não te conhecem como você realmente é... – expliquei – Sabe, como a pessoa que eu escolhi... e você só fica de longe, nunca vai lá perto mesmo!

- Então contaremos a eles na sexta, com todos os detalhes que você quiser. – Sesshoumaru sorriu, acariciando meu rosto e eu sorri também, sabendo a que detalhes ele se referia.

De qualquer maneira, apesar de ser uma data triste, eu estava feliz por aquela mudança na minha vida desde o ano anterior e por mais que fosse puramente simbólico, era importante para mim que ele estivesse lá. Não apenas me vigiando de longe como fazia, mas participando daquele momento. Eu estava disposta a não guardar mais essa questão familiar e aquele era meu primeiro passo na tentativa de lidar mais abertamente com isso.

***

Na quinta, Sesshoumaru tornou a sair, alegando que tinha negócios a resolver. Isso estava se tornando frequente e eu sabia que não tinha nada a ver com a Taisho pois nem o Tio Toga nem Inuyasha saíam tanto ou mesmo mencionavam algo desse tal negócio com Sesshoumaru. Além do mais, ele quase nunca saía de terno ou levava sua pasta cheia de documentos. Eu sabia que ele investia em coisas por conta própria, mesmo assim era estranho e estava começando a me incomodar, já que suas respostas eram sempre evasivas quando eu perguntava.

- Foi rápido hoje. – disse eu, que estava deitada no sofá, ao vê-lo entrar em casa – Sua amante não estava muito afim? - impliquei

- Não brinque com isso. – ele respondeu, inclinando-se sobre o encosto para me dar um beijo – São negócios. Eram negócios, na verdade. Está resolvido finalmente.

- Eu sei que não eram. – disse eu, arqueando as sobrancelhas - Quero saber quando você vai me contar aonde têm ido.

- Amanhã. Eu vou te contar amanhã. – disse ele com um sorriso – Se lembra quando eu disse que te levaria a um lugar melhor que um McCafé?

- Mas amanhã vamos ao cemitério... – protestei

- E depois, temos um encontro que não é no McCafé. – ele sorriu – Agora eu vou tomar um banho, por que não vem comigo lavar essa cabeça cheia de ideias erradas?

Eu joguei uma das almofadas do sofá nele, que desviou instintivamente.

- Você já foi mais carinhosa ao ouvir uma proposta dessas...

- Idiota – disse eu, revirando os olhos – Vamos.

Ainda estávamos no meio da tarde e o dia estava nublado e quente, do tipo em que o céu parece estar mais perto da Terra, abafando e oprimindo o ambiente. Sesshoumaru e eu tomamos um banho longo de banheira e não tivemos mais brigas por conta do shampoo, uma vez que com sua mudança definitiva para o meu quarto ele tinha trazido o próprio vidro.