Prólogo

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Jeongguk estava sentado na mesa da cozinha e passava manteiga na torrada que tinha feito. As cortinas tinham sido puxadas para trás ao longo das grandes janelas que estavam na sua frente. O sol estava brilhante e o alfa precisou apertar os olhos para o reflexo do vidro.

Pegou sua torrada e deu uma mordida, enquanto observava o mundo exterior virar bem devagar, sem nunca parar. Não podia realmente vê-lo, mas com o passar das estações sentia que podia ver e sentir como o tempo lentamente passava, não esperando por ninguém. Não importa o quão ruim as coisas iam, o mundo nunca parava.

Baixou a torrada e agarrou o guardanapo. As lágrimas queimavam na parte de trás de seus olhos. Era quase cruel como a vida apenas continuava quando tudo ao seu redor parecia que estava desmoronando. Limpou os olhos com o guardanapo e jogou-o no prato.

― Cinco anos. ― Murmurou para si mesmo. ― Preciso encontrar uma maneira de seguir em frente.

― O que disse, querido?

Jeongguk pulou ao som da voz de sua mãe. Não a tinha ouvido entrar na cozinha.

― Oh, nada. ― O alfa se levantou e colocou seu prato na pia. ― Então o que está fazendo hoje, mãe?

Desde o episódio ocorrido há três anos, Jeon tinha ficado com os pais, na casa em que cresceu. Podia parecer patético para alguns, mas depois de sequestrar um homem e atacar o namorado do homem, bem, o moreno não se sentia confortável em viver sozinho. As vozes pareciam mais alto quando ninguém estava por perto. As memórias do passado assombrava cada maldito dia e estar perto de sua mãe superprotetora e pai amoroso ajudou tirar o passado sombrio de sua vida.

― Bem, seu pai e eu estávamos fazendo arranjos para ir para nossa cabana no Lago de Busan. Estávamos esperando que viesse conosco.

― Em dezembro? ― Jeongguk tomou um gole de sua caneca de café. ― A neve não vai estar boa para esquiar nesta época do ano.

― Nós sabemos, é que... ― Sua voz sumiu quando olhou para o calendário pendurado pela geladeira. Sabia que ela estava bem ciente da data. Ele entendeu o significado para a viagem de improviso.

― Mãe, agradeço a oferta, mas na verdade, estou bem. ― Jeon bebeu o resto de seu café e colocou o copo vazio na pia.

― Eu sei, querido. É só... ― Sua mãe torceu as mãos juntas e lágrimas encheram seus olhos. ― Sei o quanto amava Cha Eunwoo e com o passar dos anos, não parece que você está aceitando melhor a sua morte. Eu me preocupo com você.

Aceitar? Como podia aceitar a morte do homem que amava mais do que a si mesmo?

O alfa respirou fundo, tentando acalmar a raiva correndo em suas veias. Sua mãe não quis dizer o que disse e nem ser rude, mas ainda doía.

― Mãe, não tenho certeza se vou superar. Não posso aceitar isso, porque nunca vou esquecê-lo. ― Jeon se virou e apoiou as palmas das mãos sobre o balcão. O mármore frio acalmou o calor correndo sobre seu corpo.

― Querido... ― Sua mãe descansava uma mão quente e suave sobre a dele e ele se virou para olhar para ela. ― Seguir em frente não significa que vai esquecer. ― Ela lhe deu um pequeno sorriso. ― O amor que compartilhavam era especial, mas tem que acreditar que não será o único amor que vai ter. Acontecem coisas que não estão sob nosso controle, mas como humanos, precisamos lamentar e deixar ir para que possamos seguir em frente. Amei Eunwoo também e sei que seria isso que ele iria querer para você. Ele diria: Ei, bebê, movimente a bunda e faça mais memórias.

Jeon riu. Ela estava certa. Eunwoo iria bater na face do alfa se o visse assim. Mas dizer e fazer são duas coisas diferentes e simplesmente ainda não estava pronto. Seguir sem Eunwoo era como se estivesse fechando uma porta na vida que partilharam e não estava pronto para isso ainda.

Um Ômega para libertá-loOnde histórias criam vida. Descubra agora