Ambos éramos tão jovens

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Aviso: Narração em primeira pessoa (Mew Suppasit)

   Mais um dia estava eu, indo ao trabalho. 

   Era o meu segundo dia na empresa e agora sim eu começaria a trabalhar de verdade, eu não estava tão apavorado quanto antes, na verdade, eu tinha sorte de meu chefe ser bom, e carismático, não é uma experiência que todos tem, ainda mais no primeiro emprego.

   O tempo estava completamente chuvoso, eu até jurava conseguir ouvir alguns trovões naquele céu rude.

   Dirigi ao trabalho ouvindo rádio, estava tocando uma de minhas músicas favoritas, 'Death Of Bachelor - Panic! At The Disco", o tom calmo da música mas ao mesmo tempo forte combinava com aquele dia, eu cantarolava enquanto pensava em mais mil coisas. 

   Fui direto à minha sala assim que cheguei. 

   Meu dia não foi tenso, eu consegui me virar bem no trabalho, mesmo não tendo ficado 100% bom, em minha cabeça eu tinha a total consciência que era apenas meu segundo dia. 

   Por volta das 18:30 eu terminei e iria embora. 

   Fui no estacionamento buscar meu carro,  e pra minha surpresa ele não ligava, tentei mais de 10 vezes virar a chave, até engatei a ré sem mais nem menos, outrora, também não adiantou. 

"Que ódio, bem hoje com essa chuva esse carro tinha que não ligar?" Me questionei em voz alta, quem passava me olhava torto, mas eu realmente estava estressado. 

- Problemas Suppasit? - Era ele

- O meu carro não liga.

- Você quer que eu tente ligar pra você.

- Não, não adianta mais isso senhor, já tentei de todas as maneiras, vou ter que ir de pé para casa.

- Com essa chuva? 

- O dinheiro que eu trouxe eu usei para comprar algo pra comer hoje a tarde, nunca eu adivinharia que ficaria "sem carro". 

- Quer que eu te dê uma carona? - Meu estresse passou nessa mesma hora.

- Te incomodaria em algo? 

- Claro que não, eu estava logo saindo para buscar alguns documentos na minha casa, eu posso passar na minha casa e logo depois eu te deixo na sua. 

   Assenti com a cabeça, era embaraçoso isso acontecer logo comigo e com ele.

   Entrei no carro dele e rapidamente ele deu partida, no pen drive estava tocando um blues rock em volume baixo, só para não deixar o ambiente silencioso.

   Passamos apenas por algumas ruas e...

- Estamos chegando na minha casa, moro bem perto da minha empresa - Ele disse

   Então apareceu em minha vista uma grande mansão, eu havia esquecido que ele era dono da maior empresa de vinhos e teria vindo de uma família extremamente rica.
  
   Ele estacionou o carro.

- Você pode vir comigo, talvez eu demore um pouco, será entediante dentro do carro.

   Eu concordei inseguro mas fui junto e entrei.
 
   A casa parecia mais gigante ainda por dentro, era em tons vermelhos, combinava extremamente com a imagem que ele passava.

- Com quem você mora nessa casa? - Indaguei.

- Não moro com ninguém, vivo sozinho aqui... Antigamente havia empregados porém demiti todos após a morte de meu pai, queria ter um tempo a sós.

- Então você está me dizendo que mora sozinho nessa casa enorme?

- Exatamente, quem sabe eu conquiste o coração de alguém, aí iria dividir essa casa com essa pessoa.

- Um dia você encontrará alguém Sr. Kanawut.

- Eu já encontrei.

   Me surpreendi com essa informação.

- Então o Senhor está em um relacionamento?

- Não, não... - meu coração se aliviou quando ouvi isso - e por favor, não me chame de Senhor fora da área de trabalho, creio que você seja mais velho que eu, pode me chamar pelo meu nome.

- Certo Kanawut.

   Então ele apenas me disse que iria em uma sala buscar algumas coisas e que voltaria o mais rápido possível.

   Eu fiquei esperando naquela espaçosa sala, que tinha um sofá que conseguiria abrigar dezenas de pessoas, eu talvez o julgaria como consumista, mas toda aquela casa era herança de família, era assim que acontecia em famílias ricas.

   Havia alguns porta-retratos em uma estante, ele tinha uma família linda.

   Depois de alguns minutos ele voltou, e então entramos no carro para ir embora.

- Que tipo de música você gosta Suppasit?

- Eu gosto de blues, de rock, de jazz... Minha banda favorita é Panic! At The Disco.

- Ei! Eu também amo essa banda.

   Ele pulou algumas músicas do pen drive e chegou em um dos meus álbuns favoritos, fomos embora ao som das músicas de "A Fever You Can't You Sweat Out", cantando alto e rindo, era como se já nos conhecêssemos a anos... De fato a gente se conhecia. 

   Chegamos em minha casa, enquanto eu saía do carro ele me disse:

- Lamento pelo ocorrido com o seu veículo hoje, amanhã você pode chamar o concerto, eu te ajudo, não se estresse.

- Eu não vou me estressar, muito obrigada por hoje Kanawut.

- Por nada, me diverti no final das contas, nós nos parecemos, poderíamos nos conhecer melhor, o que acha?

- Claro, estou feliz por pensares o mesmo que eu.

   Houve mais algumas trocas de palavras, não tão relevantes e então ele ligou o carro de novo, sorrindo.

- EI! ESPERE UM SEGUNDO! - Dei um leve susto nele - Eu me esqueci de minhas chaves de casa no seu carro.

- Ah claro, eu pego para você.

- Não precisa eu mesmo pego...

   No momento que ele virou seus olhos se esbarraram bem aos meus, nós estávamos muito próximos, e era como se seu olhar berrasse que seus lábios queriam tocar em meus lábios, e eu tenho certeza que meu olhar gritava o mesmo, mas não fizemos isso.

   Olhando assim dava pra ver toda a sua juventude, eu era um homem que já havia vivido um bom tempo e ele era apenas um garoto que teve todo o peso jogado em seus ombros, mas ambos ainda éramos jovens, e sabíamos bem o que nosso futuro nos esperava.

   Meu olhar se separou do olhar do garoto, e ele olhava para os lados com um brilho que eu só havia percebido hoje.

   "Eu vou indo agora" me disse claramente sem jeito, não implicaria com ele por isso pois eu sabia que eu estava assim também.

   Eu não sabia dizer se meu dia foi extremamente ruim, por conta do carro, ou extremamente bom por conta de todos os traços de Kanawut que eu descobri hoje.

   Eu era maluco ou apenas realista por pensar que ele gostava de mim? Eu queria tentar descobrir isso, e eu queria provar aqueles lábios.

Ele é apenas um garoto de meus libidinosos sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora