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Maratona 4/4

         Eu estava muito brava.
Josh não me explicara nada. Absolutamente nada que tenha a ver com a viagem dele e da Vanessa.

Viagem.

Qual era o problema dela tão... Tão importante que eu não poderia ficar sabendo e que o faria perder a noite de jogos dos seus amigos? Perder a noite de jogos do seu próprio time.

Mesmo que ele não possa jogar, ele não deixa de fazer parte do time. Ele não deixa de ser um deles

Ele respeitou o fato de eu ter dito que queria ir embora sozinha. Mas quando cheguei em casa, vi seu carro estacionado no portão da minha casa. Ele não estava sentado no capô ou algo do tipo. Então eu sabia que Noah tinha o deixado entrar.

Ele estava ao meu lado na minha casa, deitado sem o seu tênis e olhando para o teto. E eu, estava lendo um livro. Na verdade, eu apenas estava fingido que lia para evitar conversar com ele. Porque eu sabia que ele não me contaria o motivo de ir viajar com a Vanessa, então não tinha porquê entrar nesse assunto. Serviria apenas para iniciar uma nova briga e eu manda-lo embora da minha casa.

— Você está brava? — Josh perguntou, quebrando o silêncio. Estava tudo bem antes. Quis bater nele por saber que poderíamos iniciar uma nova briga se a gente conversasse, e mesmo assim ele não ficou quieto.

— Josh, é melhor continuarmos em silêncio. — falei, sem tirar os olhos do livro.

— Qual é? Vamos conversar. — ele insistiu, pegando na ponta do meu livro e o puxando para si mesmo, marcando a página e logo o fechando. — Você gostou tanto daquela página que nem saiu dela desde que chegamos. — disse ele, me fazendo revirar os olhos.

Ajeitei o travesseiro e deitei, olhando para o teto piscando várias vezes. Senti Josh pegar a minha mão e acariciar.

— Se você quiser vir conosco, Vanessa disse que não iria se importar. — ele comentou, me fazendo virar o rosto para olhar o seu. Ele estava com a cabeça apoiada na mão, e seu cotovelo afundava a almofada macia. — Deveria ter disso isso para você antes de você dar um show.

— Ela disse isso mesmo? — perguntei suavemente. — E eu não dei um show! Se isso estivesse acontecendo comigo, você faria a mesma coisa.

— Sabe que eu não daria o show que você deu. — ele riu das minhas palavras, deixando claro que achou minha afirmação absurda. — Mas você quer vir com a gente? — perguntou, entrelaçando nossos dedos. — E além do mais, se eu fosse apenas com a Vanessa, você sabe que não aconteceria nada. — ele ergueu as sobrancelhas e passou a língua nos lábios, antes de sussurrar: — A garota que eu amo está na minha frente. Está deitada e com a cabeça no travesseiro. Seus fios loiros estão espalhados por toda fronha branca.

Suas palavras fizeram meu coração disparar.

— E ela está me olhando no fundo dos olhos intensamente, enquanto eu digo que a amo com todo o meu coração e ela sabe que eu jamais ficaria com outra garota. — disse por fim, me fazendo suspirar.

— Me desculpe por ficar brava daquela maneira. — falei, envergonhada por perceber que eu talvez havia exagerado um pouco. Mas eu não estava errada em ficar brava, porém, não deveria ter agido daquela forma.

— Tudo bem. — ele deu de ombros e torceu o nariz. — Deveria saber que em algum momento do nosso relacionamento, você iria dar uma surtada. — dei um tapa no seu ombro e ele gargalhou.

— Mas você ainda vai perder o jogo dos garotos? — perguntei, apreensiva. Olhei para as nossas mãos juntas e acariciei a sua mão.

— Não tem outro jeito. A Vanessa precisa da minha ajuda. — ele disse, soltando um suspiro. — Além do mais, não vai fazer muita diferença eu não estar lá. Amanhã converso com os meninos e eu sei que eles vão entender.

— E o Liam?

— Ele vai estar ocupado demais babando na Lydia. — ele deu uma gargalhada leve e eu sorri, balançando a cabeça. — Então isso significa que você não vai conosco? — perguntou ele.

— Acho melhor eu ficar por aqui.
Olhei para Josh, que balançou a cabeça em concordância.

Ele se sentou na cama e puxou a minha mão, para que eu fizesse o mesmo. Suas mãos foram para a minha bochecha e para a minha cintura. Ele aproximou seu rosto do meu mas não me beijou, apenas colocou a cabeça na dobra do meu pescoço e deu alguns beijos.

Mas não demorou muito para que ele me olhasse nos olhos antes de dar um beijo quente. Um beijo viciante.

Eu não tinha como saber como as coisas estariam no ano seguinte. Mas por enquanto, eu não falaria sobre meu pensamento em mudar para Londres junto com o Noah. Eu deixaria que aquele ano acabasse. Que o natal passasse e o ano novo também. Eu deixaria rolar, para assim, contar tudo.
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         Na manhã seguinte resolvi retornar as ligações de Sofya. Eu até havia pensado que seria tarde demais para isso, mas quando vi as suas mensagens enviadas ontem à noite, cheguei a conclusão de que ela queria conversar comigo ainda.

Disquei seu número e esperei com que começasse a chamar. Mas não demorou até que ela atendesse, resmungando com voz de sono.

— Sei que precisávamos conversar, mas você não poderia ligar mais tarde? Eu estava dormindo. — ela reclamou, dando um bocejo em seguida.

— Não era para você estar se arrumando para trabalhar? — perguntei. Ela bocejou de novo.

— Me demiti porque elas estavam diminuindo uma garota que foi comprar roupas para um casamento aí. Elas falaram que no final ela não ia comprar nada, só estava lá para se sentir da alta sociedade. — explicou com a voz sonolenta. — No final ela gastou quatro mil reais e eu quis esfregar a notinha na cara daquelas nojentas de nariz empinado.

Ergui as sobrancelhas, surpresa.

— Mas então... — ela falou em seguida, parecendo querer mudar o assunto. — Eu não vou fazer discurso. Só quero saber se você me desculpa pela maneira que eu agi com você.

— Eu bem que merecia um discurso. — dei de ombros.

— Eu acabei de acordar. Não força. — resmungou. — Eu sei que fiquei com raiva de você no começo, mas tenta me entender. Eu fiquei... Não sei, mal pelo Harry.

— Você tem notícias dele? — perguntei, mordendo o lábios inferior.

— Saímos no domingo. Ele disse que precisava se distrair. — ela contou. — Não vou mentir, Sav. Ele ainda está completamente destruído por dentro. Eu juro para você que nunca vi ele dessa maneira.

— Eu fui na casa dele depois, mas... — comentei, me lembrando de quando estávamos conversando na varanda. — Ele me mandou embora.

— Tenta de novo, mas não agora. — aconselhou. — Ele só... Ele só realmente pensou que vocês dois fossem dar certo.

— Você acha que um dia ele vai me perdoar? — quis saber. Sofya deveria ter uma noção de resposta para mim, já que ela o conhece mais do que eu.

— Eu acho que isso vai acontecer quando ele aprender a conviver com a dor. Porque isso não será fácil de esquecer. — respondeu.

Passei a língua nos lábios e balancei a cabeça, mesmo que ela não pudesse ver. Eu estava magoada também, mas magoada por saber o quanto eu havia magoado Harry. E eu estava arrependida por não ter dito tudo à ele desde o começo.

— Você sabe que eu também estou magoada com você, Sofya. — disse baixo, mas pensei que ela não havia escutado, já que demorou alguns segundos para se pronunciar.

— Eu sei disso, Sav. — ela lamentou. — Você não precisa me desculpar. É que eu apenas sinto a sua falta.

— Eu também sinto a sua. — contei sinceramente.

— E então...?

— Podemos começar de novo. — falei, incerta. Eu não sabia se era a melhor coisa a fazer, mas também não era a pior. Não tinha nada demais tentar reconstruir a nossa amizade.

✨✨✨

Hey amores, espero que tenham gostado da maratona.
Perdão se houver qualquer erro 💛.

5 ᴘᴇᴅɪᴅᴏs • ᵇᵉᵃᵘᵛᵃⁿⁿᵃʰWhere stories live. Discover now