Capítulo 31

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Eu sou uma covarde.

Após faltar na minha própria formatura, fugi também do jantar em família que Olívia marcou com a minha mãe. Todos os nossos amigos estavam lá, deveria ser a noite perfeita, mas não foi, por culpa totalmente minha.

Por mais que parte da minha rocha tenha finalmente se esfarelado, ela ainda possuiu outra parte pontiaguda que continua me ferindo. Eu não queria ser assim, não queria ter essa maldita rocha, mas isso já está fugindo do meu controle. Ter medo às vezes é normal, mas ser uma covarde como eu, bom, aí já passa de todos os limites razoáveis.

Como se não bastasse a minha fuga do jantar em família, após a Olívia tentar vir atrás de mim para conversar e tentar me ajudar, eu surtei com ela também e nós acabamos discutindo. A briga foi feia. Nós nunca havíamos discutido daquela maneira e falamos coisas pesadas demais.

Com isso, consegui completar a tabela de pessoas-importantes-que-não-estão-falando-comigo.
No momento essa tabela está assim:
• Yara — Não está falando comigo desde a discussão sobre a participação dela na publicação daquele vídeo, isso há dois meses.
• Olívia — Não está falando comigo há um mês devido à briga.
• Jennifer — Não está falando comigo há um mês pela minha briga com a Olívia.
• Helena — Só falou comigo no dia que estava partindo, desde então nenhuma ligação, mensagem, ou sinal de fumaça. Ela foi embora há 3 semanas.
• Alice — Não está falando comigo há um mês, por também estar naquele jantar e ter tomado a dor da Olívia.
• Samuel — Não está falando comigo há duas semanas porque eu ainda não fui me resolver com a Yara.

Gabriela e Rebecca são as únicas que ainda estão falando normalmente comigo e me ajudando como podem.

Já considerei até faltar ao trabalho por um tempo, mas não posso me dar ao luxo de perder um dia trabalhado. As contas estão bem puxadas. Estou quase chegando ao ponto de procurar por algum lugar mais barato, mesmo que mais longe, apenas para conseguir diminuir os meus gastos.

Também acabei de chegar em casa do ENEM, depois de uma semana de folga que ganhei da Jennifer. Ela pode até não estar querendo me dirigir a palavra, mas ainda se preocupa comigo. Tanto que me deu uma semana para revisar todo o conteúdo antes do exame. Ou então só não queria mais ver a minha cara.

Ainda não consegui decidir se ficarei pelo Mato Grosso do Sul, ou se tentarei uma vida fora daqui, provavelmente, no Rio de Janeiro. Talvez eu consiga uma nota boa o suficiente, para conseguir uma vaga no SISU para uma faculdade fora do MS. Ou talvez eu seja covarde demais para isso também.

Pois é, Sfanio, sentir é foda e a covardia mata.

Mas o quê está me matando sem dó agora, é a saudade da Olívia.

A Olívia não está atendendo as minhas ligações, está me evitando no Madeiros e quando apareci no prédio dela, mandou o porteiro barrar a minha subida. Isso já chegou em um nível bem sério. E a culpa disso também é minha, nós não iríamos discutir aquele dia se não fosse por mim.

Havíamos preparado o jantar com a ajuda da Jennifer, Alice e Gabriela. Estávamos todas de bom humor, bebendo caipirinha e brincando enquanto esperávamos tudo ficar pronto. Eu já havia me preparado em casa com uma conversa sobre meus medos no dia anterior, com a própria Olívia. Estava tudo indo bem. Contudo, assim que a Helena chegou, foi como se a chegada dela houvesse apertado algum gatilho dentro da minha cabeça, e eu explodi. Como uma bomba. Eu explodi.

Naquela noite, eu saí correndo sem explicação. Apenas corri, trombando na Helena ao sair, sem me importar com nada ao meu redor. Olívia correu atrás de mim, querendo entender a minha reação, e para piorar, querendo me ajudar.

Arte, Café e Menta | ⚢︎ [Em Andamento]Onde histórias criam vida. Descubra agora