Pulmões

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----- Narrador ON

   Ele não sabia.
Não tinha qualquer opinião formulada se deveria contar de sua existência para esse humano perante suas orbes, contudo não estava com medo. E apesar de seu vasto conhecimento, agraciado por todos os antes, durante e depois de si; Park Jimin, como o mesmo nomeia-se desde os 14 anos de idade, precisava aprimorar alguns sentimentos como a desconfiança.

  Mesmo sufocado, entreabriu os lábios pra se comunicar; as íris cinzas por não ter qualquer cor pra assemelhar-se além do negro da pupila do humano "cheio de marcas", tal qual denominou, não conseguiu fixar em outro lugar que não fosse intercalando nos pés e tatuagens de Jeon Jungkook.

— Tu não sabe falar? — Jeon questionou.

Park conhecia muito bem a língua do outro, no entanto perdeu-se nos cabelos longos, soltos, quais poderiam facilmente alcançar os ombros caso estivessem úmidos. O rosto presente era fino, imperfeito; cada globo conseguia identificar as anomalias do tamanho dos olhos arregalados de pestanas longas; da boca fina, onde o superior era menor; do queixo arrebitado; as veias amostradas da jugular mescladas por duas cobras.

Haviam duas cobras em cada lateral do pescoço alheio, não se tocando apenas pelo espaço da traqueia.

  Park Jimin nunca chegou tão perto de um humano, muito menos o tocou como fez com esse, por isso e muitos outros motivos, não conseguia tomar uma decisão do correto a se fazer, o coração pequeno e estranho batia forte no peito, quase o forçando a suspirar o ar proibido, mas obviamente, naturalmente, ele relutou, fechando a boca pequena.

  Um turbilhão alcançou o final de seu estômago conforme em segredo, admirava a espécie distinta, sua existência até esqueceu que fora da água, tinha que descansar os olhos em algum momento, o que fez seu globo ocular arder.

— Ah, nossa, por que tem que doer tanto? — Essas foram suas primeiras palavras, chegaram mansas e agudas nos ouvidos de Jeon, que ficou ainda mais pasmo.

'Aquele bicho tinha falado', e Jungkook entendeu.

— O-o que tá doendo? Por que 'tá chorando? — o moreno perguntou angustiado ao ver lágrimas descerem pelo rosto humanoide com presença de brânquias tão longas quanto nadadeiras nas laterais dos olhos.

  Ao ver o outro mais próximo, Jimin lembrou de piscar, a própria pele tratou em consumir as lágrimas inoportunas, então ele pronunciou-se. O humano já sabia que sabia falar sua língua, não custava-lhe nada respondê-lo.

— Um tritão.

— O quê?

— Você não queria saber o que sou? Sou um tritão. — revelou calmo enquanto Jeon tentava não perder o que chama de juízo e sair correndo da caverna.

'Então esse é o nome?'
Sentiu um alívio apesar da situação, afinal não suporta estar na dúvida quanto há algo.

Por um instante, as orbes negras pesaram no de cabelos claros; era como se procurassem qualquer traço irreal, ou que pudesse desfazer aquela fantasia estranha de falso peixe. Porém parecia genuíno demais pra ser algum tipo de peripécia, só uma coisa fazia sentido na mente do humano agora, e ele expôs ao respirar fundo, algo que o tritão com certeza também desejou, sendo invadido pela cobiça no mesmo instante.

— Eu não deveria ter fumado antes de surfar, merda. — Jeon resmungou, o que fez Jimin crispar o cenho.

— Do que está falando?

— Que estou delirando, é isso.

   Ele estava conformado, e estranhamente calmo. Park nunca foi um ser de muita paciência, não que ele esperasse grande admiração partido do outro mas descrença parecia desrespeitoso.

Suspiro {Jjk+Pjm} Onde histórias criam vida. Descubra agora