PROLÓGO

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Eu havia assassinado qualquer vestígio que me restava de uma garota pura e inocente, quando na noite de vinte e oito de julho, resvalei meus dedos frios para debaixo da minha calcinha ao contemplar em um álbum de fotos antigas, a imagem perfeita d...

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Eu havia assassinado qualquer vestígio que me restava de uma garota pura e inocente, quando na noite de vinte e oito de julho, resvalei meus dedos frios para debaixo da minha calcinha ao contemplar em um álbum de fotos antigas, a imagem perfeita de um dos mais novos homicidas da cidade de Santos Dummont.

Toquei-me como uma criança ansiosa por um doce, chegando ao meu ápice em pouco tempo com apenas dois dedos esfregando-se em meu clitóris. A distensão que traçou de minhas costas a minhas pernas abertas, só tornou o recurso mais gostoso e viciante.

Lembro que pequei mais de uma vez aquela noite.

Mas não é como se mamãe pudesse reclamar sobre meu ato consensual — algo que com certeza ela surtaria — já que na mesma manhã, eu acabara completando meus dezoito anos de pura indecência, enquanto Bruno Santos, o responsável por meu orgasmo intenso, aparecera como um dos suspeitos pelo desaparecimento das gêmeas Ferrari em 12 de dezembro de 1997.

Ao contrário, não me lembro bem daquele dia.

— Eu não sei — minhas palavras saem mais tímidas do que gostaria.

As expressões animadas que sambavam no rosto já velho de Alessandro Dias, esmoreceram, elevando seus lábios caídos e seus olhos cansados.

— Querida, vai ser bom espairecer dessa cidade — sua voz parecia desesperada. — Sua mãe também precisa de um pouco de descanso!

— Igual você fez por dezoito anos? Droga! — Urrei incapaz de deixar de alfinetá-lo sobre seu desaparecimento consentido. Enxergo sua mandíbula enrijecer e suas têmporas se elevarem.

O vozerio da padaria 'Peru En La Brasa' preencheu por intermináveis segundos o silêncio sucedido por Alessandro. Seus glóbulos oculares azuis não eram de modo algum idênticos aos meus que eram na cor castanha. Tampouco seus lábios finos e orelhas grandes poderiam dizer que o próprio um dia me gerou.

O enxergava como um completo estranho.

— Sinto muito, Clara. Estou tentando consertar isso — Não me chame assim!

Mordisco o interior da minha bochecha incrédula com sua arrogância.

— Está fazendo do jeito errado — argumentei seriamente.

Vejo seus ombros caírem e suas costas derrotadas se encostarem no banco.

— Vou ficar por aqui até agosto acabar. Estou na casa de um amigo — seu tom de voz era melódico, quase tão bonito e doce quanto as balas que vendiam em frente ao caixa da padaria. — Nesse meio tempo você pode me ensinar, estou disposto a recompensar tudo o que nós perdemos.

Eu até poderia sentir benevolência do meu progenitor, se eu pelo menos, sentisse algo, nem que seja mínimo, por ele. Mas esse não era o caso.

— Tanto faz — dou de ombros, encarando o passar de carros na grande janela disposta ao meu lado.

— Certo, podemos ir nos telefonando para nos encontrar novamente.

Assenti de modo positivo com a minha cabeça. Não me sacrifiquei para respondê-lo outra vez quando avisou que iria ao banheiro antes de me levar para casa.

Expurgo o ar que mal sabia que prendia dentro da minha garganta, aliviada por não estar na presença de alguém que desde os quinze anos jurei nunca o querer conhecer, tampouco presenciar suas marcas de expressões denunciarem os anos que Alessandro Dias passou sem saber quem eu era; sua própria filha.

Meus olhos antes que começasse a marejar, capturaram há mínimas distâncias, sentado de um jeito relaxadamente perdido, Bruno Santos lendo a “Hora da Estrela” de Clarice Lispector.

O garoto, o Black Dog da cidade, estava com um cilindro de fumo aceso entre seus dedos. Ele o ergue e vejo pousa-lo entre seus lábios machucados. A fumaça solta caminha até onde estou e consigo senti-la — o cheiro é de amargura e mofo, quase igual a aparência arrebatada de Bruno Santos.

Ele não está vestindo sua costumeira jaqueta de tactel preta, seus tênis Adidas ou há tranças em seu cabelo. Agora, seu cabelo crespo está baixo e seu rosto, antes recheado de malícia, está magro e fundo, ressaltado em sua pele negra, hematomas em seu olho e bochecha direita.

Não há mulheres, bebidas ou o resto do seu bando ao seu lado. Ele está sozinho, indiferente ao que lhe cerca.

Bem, indiferente a tudo, menos eu.

Ele sabia que o estava encarando. E seus olhos castanhos como orvalho, cederam aos meus como uma fera. Hipnotizantes, bonitos, encantadores; como sempre foram. Porém, de alguma forma, estavam ainda mais intensos e calamitosos do que eram há dois anos atrás.

Sua intensidade me fere. Me sinto ainda mais atingida quando o garoto ergue uma caneta da mesa, escreve em seu livro seja-lá-o-que-fosse e apaga o cigarro em uma das folhas limpas. Meu ar parece rarefeito quando Bruno Santos se levanta e caminha até mim.

— Não sabia que curtia caras que sequestram garotinhas, Maria Clara — sua voz era densa, apavorante para alguém que não a ouvia há muito tempo. — Deveria tomar cuidado, se não sua mamãe vai passar o resto da sua medíocre vida chorando.

Eu não pude sequer encará-lo direito, seus passos pesados já o encaminhavam para fora do estabelecimento, deixando para trás, em minha mesa, seu livro e suas cinzas de cigarro.

Me atrevi abri-lo curiosa.

Me ligue quando precisar de um pau criminoso pra foder, virgenzinha.” 

Havia um número transcrito e a merda de uma embalagem fechada de um preservativo.

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⏰ Terakhir diperbarui: Jan 08 ⏰

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OS MISERÁVEISTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang