Norberto - O Dragão Norueguês

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Madrugada. O dormitório da Corvinal estava em completo silêncio. Quase todos dormiam, exceto Sherlock. Estava sentado na cama, encostado nos travesseiros e lendo um livro grande que estava apoiado nas suas pernas. Fazia-o com a ajuda do feitiço lumus, que deixava uma luz surgir na ponta de sua varinha. Não estava sendo fácil ler. O silêncio era comumente cortado pelo chirrear de corujas que entravam pela janela para deixar os presentes dos alunos. Havia, inclusive, uma pequena pilha aos pés de Sherlock, resultado da visita de cinco corujas.

Uma sexta ave o visitou com um embrulho. Uma coruja bufo real, trazendo um pacote retangular e uma etiqueta escrito "de J. Watson para SH". Curioso, o rapaz optou por deixar o livro de lado e pegar o pacote.

Era um embrulho bonito, dourado com um belo laço de fita azul. Certamente não fora John que embrulhou, muito menos Harry. Nenhum dos dois tinha porte de quem conseguia fazer pelo menos um laço com as alças das sacolinhas de plástico. Provavelmente foi a mãe deles, o que significa que John comprou apenas uma coisa simbólica, sem nenhum toque pessoal que o fizesse preferir embrulhar o presente sozinho.

A coruja soltou um piado e abriu as asas.

– Feliz natal. - Disse o garoto à ave, que logo levantou voo e saiu pela janela.

Era um jogo de xadrez bruxo. John havia lhe dado imaginando que seria uma boa maneira de Sherlock matar o tédio. Mal sabia aquele garoto da Grifinória que Sherlock não curtia aquele jogo. Quando criança até se divertia vendo as peças se quebrarem, mas elas falavam demais durante a partida e o desconcentravam completamente, a ponto de fazê-lo desistir na terceira tentativa de treinar as regras.

Abriu a caixa e colocou o tabuleiro na cama. As peças começaram a bocejar assim que foram retiradas. Tinham acabado de acordar.

– Hei! Não acha que está muito tarde, garoto? - Esbravejava o rei preto. - Ainda nem nos conhecemos pra você nos acordar a hora que quiser!

– Ele só deve estar ansioso para testar o presente, meu senhor - Falava um dos bispos preto.

– Mas por que não espera amanhecer como as crianças normais?

Sherlock revirou os olhos. Feitiços podiam ser muito irritantes.

– Olá, meu nome é Sherlock Holmes e vocês foram me dado de presente pelo meu amigo John - Ele aprumou-se inconscientemente ao dizer a palavra "amigo".

– E você quer praticar agora?! - Um peão branco parecia aborrecido.

– Não. Eu só quis ver o presente.

A essa altura os cavalos relinchavam, as torres reclamavam e o aluno esperava que aquele barulho pequeno, mas incômodo, não acordasse ninguém.

– Só quis ver? - Foi a vez da rainha branca reclamar - Nunca viu um xadrez bruxo antes, menino?

– Santa paciência...

– É insônia? - Perguntou o rei branco - Não é melhor ler um livro?

– Aff. É o que eu deveria estar fazendo. - Juntou as peças e jogou-as na caixa juntamente com o tabuleiro, sem nenhuma ordem. Depois voltou ao livro.

John era um idiota.

~O~

– Cavalo na D5.

O cavalo branco de pedra galopou até o peão preto e pisoteou-o.

– É isso ai, Sherlock! - Bradou um peão branco - Agora já aprendeu como devem ser nossos movimentos!

– Fique calado. Eu preciso me concentrar.

Já haviam se passado dias, mas ainda havia resquícios da decoração de Natal no salão comunal, como algumas guirlandas voadoras que escapavam das varinhas dos professores, feitiço de algum engraçadinho. Os alunos que passaram a data com os familiares já regressavam, mostrando aos amigos os presentes mais interessantes que ganharam ou então colocando as fofocas em dias.

Potterlock - A Pedra FilosofalWhere stories live. Discover now