HEART ATTACK - PARTE II

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* ESSE CAPÍTULO CONTÉM SPOILERS DE TEORIA DA SERENDIPIDADE (ou não, mas acho que sim) *

B E C C A      E V A N S

Em pouco tempo, estamos no depósito do colégio. Eu a solto me certificando que ela está bem. Depois de feito, encosto as duas mãos na maçaneta emperrada, precisando fazer força na porta de madeira para poder abrir.

– Agora está parecendo um filme de terror – Tracy indaga assim que consigo abrir o depósito em um solavanco.

– Depende do dia, uma vez vim aqui e dei de cara com um casal se atracando. Definitivamente foi um filme de terror que eu gostaria de esquecer – digo entre risadas, abaixando o corpo, como se estivesse me reverenciando a ela. – Primeiro as visitas.

Tracy, ainda mancando, entra dentro do depósito e eu me apresso a entrar também. Fecho a porta e ligo o interruptor, acendendo as luzes fracas do lugar. Eu me apresso para ficar ao seu lado e ajudá-la com o tornozelo machucado.

– Que lugar é esse? – ela diz sem expressar muito e seguro seu braço para ajudá-la a inspecionar o depósito.

Ela deve estar como eu na primeira vez que estive aqui: um misto de "que lugar esquisito e confortável é esse?". E não é para menos, o depósito é onde todos os materiais descartados do colégio são despejados. Por isso há um amontoado de cadeiras uma em cima das outras, mesas, um sofá todo esburacado e vários armários com livros velhos.

Deveriam jogar fora, mas a diretoria não parece estar preocupada com isso.

– Eu costumo ficar por aqui – digo abrindo os braços para todo o depósito como se fosse a coisa mais importante do mundo. – Quando preciso me esconder, ficar sozinha ou até mesmo passar o tempo, venho correndo para cá.

Acompanho Tracy soltar o meu braço para se aproximar dos livros empoeirados nas prateleiras gastas. Apoio o braço em um cabideiro abandonado, colocando peso em uma perna para tentar parecer descolada como as minhas roupas e minha pobre reputação.

– Hm – Tracy avalia tudo e os olhos afiados pousam em mim, ainda encolhida perto da porta fechada. – Daqui a pouco irá falar que é o seu lugar especial e que sou a primeira garota que traz aqui?

Eu quase caio no lugar. Meu cotovelo sai do lugar e minha cara quase encontra o chão com todo o desequilíbrio. Fico morrendo de vergonha por causa da falta de jeito, o quase tropeço.

– É o que? – começo a gaguejar me perguntando de onde tinha saído aquilo. – O que... Eu... Não...

É verdade. É a primeira vez que trago alguém aqui. É supostamente, é meu lugar especial já que venho ficar aqui sempre que quero ficar sozinha...

Então... No fim, ela tem razão em tudo.

– Foi brincadeira – Tracy gargalha e murcho completamente por ter sido alvo de piada. Eu acreditei de primeira. – É fácil provocar você, Rebecca.

Um arrepio desce pelo meu corpo. Os pelos do meu braço ficam arrepiados ao escutar meu nome deslizar pela sua boca de forma tão suave. Normalmente, as pessoas sempre me chamam de Becca, raramente falam Rebbeca.

E... Não sei. O jeito que ela fala Rebecca. Se ela falar de novo, sinto que não irei responder pelos meus atos.

– Fácil de provocar? – pigarreio tentando voltar ao meu estado normal. – De onde você tirou essa?

– Você é.

Emburro de vez.

É completamente inaceitável.

Teoria Das CausalidadesWhere stories live. Discover now