56 | O Vazio do Universo

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𖤍 T a l i s s a 𖤍

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Tudo estava estranhamente calmo. Mas nada parecia certo. Eu sei o que senti. Sei todas as dores que devoraram meu corpo em minutos. Sei que meu peito foi rasgado, meu coração cortado. Sei que minha vida havia sido tirada de mim. Levada para muito longe. Havia dado meu último suspiro há pouco tempo. Havia morrido nos braços do único homem que realmente amei.

Mas como eu estava aqui?

Aliás, onde eu estava?

Tudo ao meu redor era preto, envolto por uma nuvem densa e cinzenta. Nenhuma luz irrompia o intenso negrume ao meu redor, exceto por um único ponto ao longe. Mas eu não tinha coragem de levantar, de caminhar até lá. Tinha que fazê-lo, é claro. Não poderia ficar parada ali sem saber o que seria do meu destino.

Levantei, ainda sentindo a exaustão me tomar. Toquei meu peitoral, percebendo que o corte extremo havia sumido. Minhas asas também estavam à mostra, mesmo sem eu tê-las retraído. E estavam inteiras. Meu corpo ainda doía, sim, como se eu estivesse me recuperando lentamente. Então comecei a andar na direção da luz que via. E ao me aproximar, pude ver que era uma mulher.

Era linda, vestia uma toga branca de manga longa que caía até os seus pés, e tinha o cabelo ondulado cinzento caindo em cascata pelos ombros e costas. Ela brilhava, e encarava com um sorriso um precipício à nossa frente. Lá estava o universo. Sim, o universo. Várias galáxias uma próxima da outra, e o brilho intenso que vinha delas e das estrelas dispersas clareava a imensa cratera.

— Olá, Talissa. — Ela disse, com uma voz doce e suave, que adentrou meus ouvidos como uma pura sinfonia, e me olhou. Seus olhos eram completamente negros com pequenas estrelas dentro. Ou o que pareciam ser estrelas. Era como ter o universo dentro de si.

— O-Olá. Quem é você?

— Me chamo Eternidade. Sou uma entidade abstrata. Normalmente existo além da compreensão humana.

— E onde estamos?

— No Espaço Superior. — Explica. — Você está bem?

— Agora estou. Mas... Eu tenho certeza de que estava morrendo há segundos.

— E estava. Mas faz parte do processo.

— Que... Que processo? — Pergunto, sinceramente confusa, e ela sorri. — O que eu estou fazendo aqui?

— Achei que precisava olhar o universo antes de finalizar o processo. Foi daqui que estive observando você por toda a sua vida. Você e outras milhares de pessoas. Mortais, imortais, mestiços... Muitos dos que também dei poderes residem nessas galáxias.

– E você olha por todos?

— Quase todos. Meus filhos também olham alguns.

— Seus filhos?

𝐏𝐇𝐎𝐄𝐍𝐈𝐗 ꩜ ʟᴏᴋɪ ʟᴀᴜꜰᴇʏꜱᴏɴ (✓)Where stories live. Discover now