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Narração

Sul da Polônia
15/01/1945

Era desumano o que estava acontecendo naquele lugar. Jungkook não conseguia fechar os olhos sem ver a imagem de milhares morrendo dentro das câmaras de gás. Aquilo era assustador em tantas formas. Porém, precisava ser forte. Era como Eduard havia lhe dito no dia anterior: "você precisará ser forte para voltar para casa com suas faculdades mentais estáveis." Não era tão simples, mas teria de fazer.

Era em torno das 10:00 horas quando chegaram novos prisioneiros, judeus. Na contagem chegaram ao número de 800 pessoas para serem exterminadas. Nesse meio, haviam crianças - muitas delas. Com isso, o coração de Jungkook se enchera de angústia.

"Por que? Por que o ser humano tem que ser tão terrível? Nem mesmo as crianças eles irão polpar desse terrível sofrimento. Deus, está vendo? Por que permite que façam isso?!" O rapaz questionou em pensamentos perdidos.

Após separarem os homens das crianças e mulheres, os soldados levaram alguns direto para câmara de gás. Outros foram levados para as selas. Naquele dia, Jungkook seria responsável por ficar monitorando as selas para que nenhum prisioneiro tentasse algo.

O rapaz caminhou até seu posto e se posicionou na frente das selas. Sua respiração passou a ser mais forte quando observou aquelas crianças amontoadas e com o rosto claramente em pânico. Jungkook, sentiu um leve puxão em sua farda e olhou para trás. Um menino o encarava e parecia querer perguntar algo.

- Sim? - O mais velho disse para o pequeno menino.

- Senhor, por favor, pode nos tirar daqui? Nós estamos com medo. - O garotinho disse com os olhos marejados.

Jungkook sentiu suas pernas enfraquecer. O coração, que antes era completo, partiu-se em milhares de pedaços. Como poderia não sentir por aquelas crianças que logo seriam mortas cruelmente? Naquele instante o mesmo gostaria de fugir. Partir daquele lugar nojento. Quis pegar as pequenas mãos das crianças e correr o mais rápido possível para longe. Contudo, não podia. Não daria certo e seriam pegos.

Já que não havia nada que pudesse ser feito. Jeon apenas baixou a cabeça. Não tinha coragem de encarar os pequenos sabendo o que iria acontecer com eles. Contudo, o menino não aceitou aquela reação do soldado.

- Por favor, senhor! Nos tire daqui! Nossos pais devem estar preocupados. - O pequeno disse aos prantos.

- Eu não posso tira-los dai, ok?! Sinto muito. - Jungkook exclamou com a voz trêmula.

Após dizer isso, Jeon se retirou e pediu a um colega para trocar de posto. Ficaria responsável por vigiar a entrada. Porém, mesmo saindo de perto aquele menininho permaneceu torturando sua consciência. Por um momento o rapaz pensou em sua vózinha. O que a mesma iria pensar se soubesse que o mesmo estava no meio daquelas pessoas? Temia o dia em que voltaria para casa, já que poderia está com tanto remorso ao ponto de não conseguir olhar para sua avó.

- Ei! - Jungkook chamou a atenção de um outro soldado que guardava a entrada junto dele. - A sela 32, quando serão levadas para a câmara de gás?

- Pelo que soube é daqui a dez dias. Estão levando as selas 10 à 27 primeiro. - O homem respondeu sem dar muita importância.

O jovem soldado havia se decidido. Iria tentar ajudar ao menos aquelas crianças. Possuía dez dias para pensar em algo, mas o quê? O que ele poderia fazer para salva-los?

Não sabia. Porém, faria de tudo para tentar ajudá-los a sair daquele inferno. Mesmo sabendo que não eram somente aquelas crianças que precisavam de ajuda, quem sabe, teria chance de ajudar a todos ali.

"Também não dá pra sonhar tão alto assim.." Jungkook pensou enquanto sentia sua pele queimar ao sol.

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"A guerra é um massacre entre gente que não se conhecem, para proveito de pessoas que se conhecem, mas não se massacram."
- Paul Válery

Jungkook - Meados da segunda guerraWhere stories live. Discover now