Capítulo 22

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Capítulo 22: Demônios

~Há um demônio adormecido dentro de mim. Tenho de sossegar a minha mente para não desperta-lo. Quando ele acorda sou levada a dor mais profunda que existe, atirada no precipício da minha existência, tal qual uma criança trancada em um quarto escuro junto ao desespero. Não há quem escute os meus gritos de terror, e quanto mais barulho faço, maior fica o mostro dentro de mim. Então recordo-me que, apenas o silêncio da minha mente é capaz de clarear o calabouço da depressão retirando-me de lá e, fazendo com que o demônio adormeça novamente.~
Nany Domingues

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Author's Point of View

O silêncio predomina no local, a morena que sempre demonstrou a eles uma expressão relaxada e despreocupada, agora estava completamente diferente. Os cabelos da jovem garota estavam flutuando, mas o que os alertava do perigo é os olhos negros que tomou o lugar daqueles belos olhos azuis e energéticos, essa visão era amedrontadora, uma fumaça preta a contornava agressivamente, como se qualquer movimento brusco de qualquer um ali, fosse considerado um risco a ela. A morena estava assustada demais para reparar em seu estado, ela havia acabado de matar o seu próprio pai inconscientemente, mas não era isso que a assustava, o que a assusta é o sentimento dentro de si, se sentindo satisfeito com a cena, sentindo prazer em ver que a pessoa que a fez tanto mal, agora não existia mais. Havia outro lado na garota que não se sentia satisfeito com aquilo, eles achavam pouco o que aconteceu, estavam descontentes por não verem aquele homem, agora morto, não ter sofrido, foi uma morte muito rápida, ele sequer soube o que o atingiu.

–Não, não, não.... –Yumi repetia pra si mesma, não por ter matado seu progenitor, mas por causa das vozes dentro de si que gritavam pra ser ouvidas, como se fossem demônios internos lutando para conquistar seu lugar naquele corpo desorientado e bagunçado.

–Yumi, est... –Twice que até o momento estava com sua primeira personalidade, mudou para outra ao se sentir ameaçado com o descontrole da garota, mas até mesmo isso era perigoso pra a situação que se encontrava.

–Não! –Yumi sem querer acaba empurrando Twice para longe usando sua individualidade, o homem que tentava se aproximar para acalma-la acabou sendo vitima do descontrole da mesma. –Não se aproximem... –A voz da garota soou falhada, como se estivesse quebrada.

Tomura observa a cena calado e pensativo, era exatamente aquilo que ele queria, o completo descontrole emocional. Agora Tomura sabia, que não importava o que acontecesse de agora em diante, ele sairia vitorioso, a garota não irá reagir aos seus ataques a U.A., agora ela é como uma casca vazia, sem nada, só esperando o momento certo para explodir e levar tudo contigo junto. E isso seria um final digno a ele, ele poderia morrer, mas se sentirá realizado ao saber que a garota seguiu todo o plano, que ele manipulou cuidadosamente desde que a trouxe a esse universo.

–Não iremos segui-la, você é livre Yumi. –Tomura interviu antes que alguém fizesse algo imprudente. –Vá!

A morena não pensou duas vezes antes de sair correndo porta a fora daquele galpão, desesperada. O que ela temia ocorreu, ela matou a única coisa que a mantia sã, um pequeno laço de sangue, esse laço era como uma corda fina, e com um simples movimento ela destruiu. Ela estava farta daquela situação, quando ela poderia ter a paz que tanto desejava? Talvez agora que se via livre daquele homem, causador de tanta dor para si. Ela não conseguia sentir culpa, ou remorso por ter o matado, mas se sentia desesperada por esse exato motivo, ela deveria sentir culpa, remorso, dor, o sentimento de estar errada. Yumi sabia que o que fez foi errado, mas porque parecia tão certo? Ela sabe diferenciar o errado do certo, mas porque o errado pareci ser tão reconfortante e acolhedor.

Sobrevivente em BNHAWhere stories live. Discover now