3 - As chamas em seus olhos

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O silêncio foi ocupado pelo canto distante de passarinhos, pareciam estar longe de mim, mas aos poucos se aproximavam.

Meu corpo dormente ia voltando aos poucos e seu peso me causava imensa dor, parecia que eu havia sido atropelado por um trem. Apertei meus olhos, sentindo uma luz incomoda me obrigar a acordar de vez, o ar ardia meu nariz e a terra arranhava minha pele.

Pude apenas me encolher, ouvindo um som abafado de algo que se parecia com passos, enquanto eu me enrolava como um gato; tudo doía.

Minha cabeça latejou com uma batida ao meu lado, não sabia o que era então não abri os olhos. Mas minha cabeça girou quando ouvi vozes, elas começaram a chamar meu nome e me senti na obrigação de responder, mesmo com minha garganta seca, eu tentei.

- Jimin, hey!

Senti algo me tocar, então meu corpo foi puxado para cima, parecia que eu havia sido arrancado de um mar de calmaria e agora meu corpo estava pesado. Meus olhos abriram mais do que eu imaginava ser possível e o ar invadiu os meus pulmões com violência, ardendo como o inferno.

Eu vi o rosto preocupado do meu marido na minha frente, mas não sentia quando ele batia no meu rosto tentando me animar, estava dormente.

Era como se eu estivesse paralisado.

Ele me pegou no colo e me carregou - o que pareceu uma eternidade - de volta para a cabana, onde me colocou deitado sobre o banco do carro.

- Calma, vai ficar tudo bem... - dizia, mas não havia firmeza em sua voz e ele parecia assustado. - Beba - trouxe uma garrafa de água para perto e me ajudou a beber.

O gosto era ruim.

Senti minha garganta machucada, como se tivesse gritado a noite toda.

Mas não me lembro de ter gritado.

Não me lembro de nada.

- Oh, meu amor... - não percebi quando ele se sentou ao meu lado, mas agora mesinha no colo e me balançava quase como se ninasse-me. Com meu rosto junto a seu peito, podia ouvir as batidas aceleradas de seu coração.

- hm... - tentei falar, mas nada saia. Queria dizer que estava tudo bem, que não precisava ter medo.

Olhando sua face, ali de baixo, pude ver as lágrimas que banhavam o seu rosto e o suor grudando seus cabelos na testa. Ele ofegava como quem havia corrido uma maratona e o rubor de sua pele me fazia questionar a distância em que eu estive.

Levou algum tempo para nos acalmarmos, apesar de cansado, podia sentir meu corpo agora. Levei uma mão ao seu rosto e acariciei, observando seus olhos brilhantes se guiarem para os meus, cheios de carinho e aflição.

Eu não merecia o marido que tinha.

- Me desculpe... - minha voz saiu cortada, pela rouquidão que acompanhava minhas palavras e pelo choro que segurava na garganta.

- Não faça isso, por favor. - sussurrou, me apertando em seus braços e beijando minha testa, me senti diminuto dentro daquele mimo do qual não me sentia digno. - Vai ficar tudo bem, tá? - concordei, mesmo que não acreditasse nas suas palavras. - Vamos tomar um banho? Você está cheio de lama. - ele sorriu dengoso, beijando todo o meu rosto ressecado pelo barro cinzento daquele lugar e me ajudou a ficar de pé, para entrarmos na cabana.

Meu banho foi ruim, estava frio e meu corpo repleto de arranhões, já era o terceiro dia me banhando a canequinha e eu ainda não havia me acostumado.

Não estava conseguindo pensar direito, era como se minha cabeça ecoasse distante, cheia de um vazio perturbador.

Dessa vez eu me lembro de quando tomei os remédios para dor e mais alguns. Jungkook também tomou analgésicos e enquanto ele preparava o nosso café da manhã, notei cortes em seus braços e mãos.

A Floresta da Árvore de Fogo | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora