Capítulo 1 - Um Destino

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LIANA


Ele estava dançando

Não era algo novo...Muito menos estranho. O fato é que ele gostava de dançar, e de assediar mulheres, muitas mulheres.

- Acha que ele vai sair da pista em algum momento? – Willian pergunta ao meu lado olhando para a parte de baixo da casa de festa, puxo uma respiração enquanto observo o local.

Pessoas suadas dançando em todo lugar, casais se beijando nas escadas e em qualquer lugar do qual pudessem se apoiar. Uma mulher de cabelos dourados passa por nós e um sorriso repuxa os meus lábios quando um pensamento surge.

- Com licença? – eu pergunto alto o bastante para que ela me escute. A loira me olha e eu me aproximo dela – Poderia me fazer um favor?

Me olhando desconfiada ela espia por cima do ombro e sorri como uma gata quando vê Willian.

- Claro que sim

Me forço a não revirar os olhos e a puxo para mais perto enquanto explico o que ela deve fazer. Dou uma nota de cem dólares e ela faz um biquinho com seus lábios pintados de rosa quando percebe que Willian não faz parte do bônus. Ele finge não ver e ela levanta um ombro enquanto desce as escadas indo em direção ao cara no meio da pista.

- Ele está lucido o bastante para entender o que você vai dizer? – Willian pergunta e eu dou de ombros enquanto vejo a loira conseguir chamar sua atenção para si. Aperto a bolsinha em minha mão e sigo com passos leves até a sala vazia do outro lado do corredor, enquanto Willian continua observando o movimento da casa.

Cubro com a mão um bocejo e pisco me forçando a não tossir diante da fumaça que exala de um dos banheiros. Apoio a arma em cima da mesa de madeira em cima da bolsinha e me sento no apoio da janela esperando.

Leva exatos cinco minutos para que os dois entrem cambaleantes dentro do quarto, vejo quando Ryan percebe minha presença, seu corpo fica tenso de imediato e sua postura vai de descontraído para posição de ataque. Movo minha cabeça para o lado e a loira aceita a dispensa.

- Como vai Ryan? – eu pergunto suavemente e seus olhos vão direto para a mesa com a arma enquanto responde rudemente

- Eu paguei o que lhe era devido

- Não posso estar aqui somente para uma visita? – eu pergunto fazendo um biquinho e ele grunhe, seus punhos se fechando e abrindo repetidamente – Isso me magoa

- O que você quer? – Ryan pergunta e eu permaneço em silencio o observando. Seus movimentos vão de medo para pavor e dou um sorriso quando ele corre para a arma pegando-a com as mãos tremulas – Eu já paguei a seu pai

- Vocês homens são tão limitados – eu falo baixinho e suspiro me esticando

- Vou matá-la – ele ameaça e eu arregalo os olhos

- Vai mesmo? Teria tamanha coragem?

Seu olhar titubeia e eu aceno. Me levanto devagar e caminho pela sala pequena observando os objetos dispostos com descaso

- Recebi uma ligação muito interessante esses dias – eu começo e deslizo o dedo indicador pela mesa vendo a trilha de pó ficar em meu dedo – Era uma mulher, uma mãe na verdade – meu dedo toca em uma estatua segurando uma balança móvel e bato o dedo em um prato vendo como ela desce rangendo – Ela estava desesperada, disse que se me visse pediria de joelhos pela sua filha

Ryan engole em seco e eu me viro para ele enquanto meus braços vão para trás

- Não gostaria de saber o porquê de um desespero tão grande a ponto de uma mãe pedir de joelhos pela salvação da filha? – eu pergunto e ele desvia rapidamente o olhar, a minha arma estremecendo em sua mão – Ryan?

- Não, eu não quero saber

- Mas eu vou lhe contar do mesmo jeito – minha voz sai dura e ele volta o olhar para mim – A menina de dezesseis anos foi vista drogada em seu apartamento, e sendo conduzida por você e mais dois homens. Reconhece essa história?

- O que você tem... – ele começa a falar e eu jogo uma adaga mirando sua mão direita, a arma cai de sua mão ferida deslizando pelo chão e eu deslizo outra adaga girando-a pelos dedos da minha mão

- Desculpe, o que estava dizendo?

- Sua vagabunda – ele fala ofegante segurando a mão ensanguentada. Lanço um sorriso em sua direção

- A vagabunda está com outra adaga pronta para ser lançada. Quer tentar a sorte? – eu pergunto e Ryan fica em silencio. Me aproximo dele o bastante para sentir o seu cheiro de bebidas e drogas, seus olhos seguem o meu movimento e eu aproximo a adaga prateada do seu rosto deslizando a lamina fria por sua pele – O aviso é o seguinte Ryan, se tocar em uma menina sem o consentimento dela, você estará morto antes que sequer pense em fugir. Se forçar drogas em qualquer pessoa eu juro que não verá mais a sua parte mais preciosa do corpo no outro dia

Ryan engole em seco quando vê onde eu apoiei a adaga, forço um pouco e ele ofega guinchando baixinho ainda segurando a mão

- Você entendeu Ryan? Ou preciso repetir? – ele balança a cabeça afirmando e eu coloco a ponta da adaga entrando um pouco mais em sua virilha – Diga!

- Sim! – ele guincha em resposta e eu me afasto satisfeita

- Que bom que conversamos – eu respondo e pego minha bolsa e arma, tiro a adaga ensanguentada da sua mão e ele arfa de novo – Espero não ver mais você Ryan, da próxima vez pode ser que a conversa não seja tão educada quanto essa

Ele fica em silencio e eu passo pela porta encontrando Willian encostado na parede em uma pose relaxada, ele olha para a adaga coberta de sangue e sorri satisfeito

- Parece que ele não vai dançar mais hoje – ele comenta e eu enfio a lâmina fria de volta enquanto lanço um sorriso divertido em sua direção

- Que pena não é mesmo?

Willian dá risada e abre a porta de trás me deixando passar primeiro. Suspiro contente quando sinto o ar limpo do lado de fora.

Enfim o dia está finalizado

O Par PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora