Garotos [BoruSara]

Sonho de Uma Noite de Verão

Maito Gai gritava. Na verdade, Sarada não sabia dizer se aquele era o tom de voz normal dele, ou se ele apenas gritava o tempo inteiro.

Sob o sol quente da manhã, ele mandava os meninos da sala correrem na pista de atletismo, e intercalava o exercício com séries de flexão, abdominais e polichinelos; segundo o professor de Educação Física, homens desenvolviam algo chamado "fogo da juventude" mais cedo e com maior intensidade do que as meninas, e a única maneira de acalmar esse calor interior era através de exercícios físicos intensos, realizados sob o sol e temperaturas extremas, ou assim ele acreditava.

— Isso é porque eles são uns punheteiros.— Cho falou, sentada na arquibancada com seus óculos escuros, nem um pouco afetada pelo calor escaldante. Sarada soltou uma gargalhada, e Sumire riu, só que um pouco constrangida. As meninas tinham sido dispensadas após um leve exercício de alongamento, e apesar de Sarada achar um pouco sexista, estava grata por não terem que ficar suando e pulando sem parar. Além disso, era uma ótima maneira de evitar ter que trocar palavras com Boruto ou Kawaki, já que eles estavam longe e ofegantes demais para falar qualquer coisa.

— Credo, Cho... que coisa feia!

— Para de ser pudica, Su. Até parece que você não sabe como são os hormônios desses caras... e duvido que você não ia gostar de ajudar uma certa pessoa a se livrar do fogo da juventude.— Ela fez uma voz melódica ao mencionar o termo bizarro do professor, e Sumire ficou vermelha. Ela estava caidinha por Boruto.

Ela riu sem graça antes de falar:

— Nós conversamos na festa... bastante. Ele é muito fofo, foi super gentil comigo. Mas depois fomos para a pista e o perdi de vista...— a garota falou. — Queria ter ficado mais com ele. Será que ele beijou alguém? Sei que é solteiro.

Sarada se remexeu desconfortavelmente no seu lugar. Sumire não sabia nada sobre os acontecimentos entre ela e o Uzumaki, já que ela estava deliberadamente escondendo os fatos. Ela sentiu um certo incômodo ao ouvir a amiga falar, mas não se sentia no direito de reivindicar nada, afinal, ela mesma estava evitando Boruto e se negando a admitir que existia qualquer coisa entre eles. Teoricamente, ele estava livre para ficar com quem quisesse.

O pensamento gerou uma pontada nas suas entranhas.

— Ah é? Acho bom você agir rápido, pode ser que logo mais ele não esteja disponível.— Cho falou, e Sarada ficou vermelha como um pimentão. A Akimichi era uma ótima amiga, mas adorava provocar e ser inconveniente quando sentia que não seria nada grave. Essas indiretas eram como estar brincando de bobinho com Sumire, já que ela não sabia do que estavam falando.

— Como assim, Cho? Você viu ele com alguém?

— Não. Só estou dizendo... nunca se sabe.

— E você Cho? Já falou com Mitsuki?— Sarada não era tola e não ia deixar barato; viu Cho corar sob a pele morena e se sentiu vitoriosa, Sumire deu uma risada abafada.

A Akimichi engasgou com o suco que estava tomando, antes de responder.

— Foi só uma ficada, não temos nada demais. Vou falar com ele normal.

— Sei.— Sarada olhou para ela de escanteio, e voltou a observar o garotos fazendo flexões. Gai apitou, terminando o exercício, já estava quase no final da aula.

— Podem voltar, pupilos! Acabou por hoje!

O batalhão de garotos veio andando exausto para próximo da arquibancada, onde estavam as bolsas, eles pingavam suor e estavam todos vermelhos e descabelados. Kawaki parecia não ter perdido o fôlego, pois era muito resistente, mas tinha a camisa ensopada e estava queimado de sol.