A SINFONIA DO DIABO

Abram as cortinas

— Está preparado?

— Mais do que sempre, meu amigo.

—Sabe o que fazer. Os impressione e garantimos a nossa passagem.

— Prepare os seus ouvidos e suas lagrimas.

*Sons de aplausos

Com a luz desencadeando em seus olhos após a abertura das grandes cortinas vermelhas, seu coração começa a palpitar diante da grande plateia em sua volta. Com a mão esquerda ele posiciona o seu violino o apoiando com o queixo, e em seguida com seu braço direito ele se prepara para comover os corações do público.

Seus dedos começam os movimentos divinos que produzem a sinfonia perfeita com movimentos suaves seguido da locomoção de seu corpo ao ritmo do som. A plateia permanece quieta apreciando tal música com seus olhos fechados. Nossa que magnífico. É difícil de imaginar como tal pessoa produz isso. É como se um anjo produzisse a música tocada para cristo dormir.

A melodia divina ecoa por todo o salão. As lágrimas escorrem nos seus rostos, atingindo seus sentimentos mais profundos. Casais, crianças, idosos, todos encantados e paralisados sem dar um sussurro. Jack estava sem palavras. Seu trabalho de anos estava sendo um grande sucesso a casa concerto que frequentava.

Este era seu último concerto na Itália. Após isso sua caminhada continuaria na França onde encontrava-se sua amada a espera. Seu coração palpitava de emoção após 2 meses longe de sua principal companhia. Sua cabeça era dominada por jantares a luz de velas e pétalas de rosas em uma varanda com visão à lua cheia. Seu romantismo era tão perceptível em suas conversas em entrevistas e amigos próximos que encantavam todas as belas damas próximas. Um verdadeiro galã de cabelos longos sempre elegante com seus ternos pretos clássicos. Sua personalidade era de um verdadeiro cavalheiro do século XIX.

O grande palco redondo com seus pilares e estátuas angelicais ao redor das cadeiras era iluminado por grandes luzes presentes nas bordas do teto. O ambiente era coberto por um grande vidro que dava a visão mais bela da lua cheia e as estrelas brilhantes em uma noite de sábado.

O grande amigo de Jack, Antônio Giovanni, escondido atrás das cortinas, comentava sobre a apresentação com o dono do palco. Uma proposta envolvendo um grande show em outra cidade da Itália era ofertada.

– Jack sempre nos impressionou com sua performance. Um homem de sua idade conseguir um público gigante que muitos músicos veteranos sonham em ter não é algo que encontramos facilmente. É uma honra tê-lo nessa apresentação. Adoraria que ele continuasse aqui por mais 3 shows. Talvez um aumento de sua parte poderia interessa-lo.

– Ele possui outras prioridades. Além do mais, apenas esse concerto já foi o suficiente para que artistas do mundo todo tenham ideia desse local. Acredite, eres um homem de sorte.

Mesmo com sua oferta recusada, o velho homem junto a Antônio continua a deslumbrar da apresentação. Jack é um jovem espanhol cuja descendência foi herdada de sua mãe que era apaixonada por violino. Seu pai Australiano que, após conhecer Josefa pilar, sua linda esposa, resolveu mudar-se para a Espanha.

Com isso, seu filho adquiriu uma grande paixão por músicas clássicas, e aos 10 anos já apresentava em escolas tradicionais de violino que encantava até seus professores. Aos 15 anos já ganhava com seus pequenos shows pela Espanha, e aos seus atuais 25 anos, já é conhecido mundialmente tendo suas apresentações dominantes na Europa.

Ao tocar o seu violino, toda sua história, sua paixão pela música, sua mãe, são repassados para suas mãos guiadas pelos sentimentos. Sua crença faz com que sua pessoa acredite que a falecida mãe, levada pelo câncer de mama aos 57 anos, esteja escutando suas notas em um mundo o qual não temos conhecimento. Algumas sinfonias apresentadas no início de sua caminha fazem com que lágrimas passeiem em seu rosto.

Mãe, sei que podes me ouvir. Saiba que não há nenhum dia de trabalho que não consiga pensar em você. Sua atenção e disciplina dada a mim durante minha jornada me motivam a criar minhas músicas. Todas elas carregaram uma parte de você até o fim da minha caminhada nesse mundo. – Disse Jack com sua voz ocultada pelo som de suas notas.

Sua amada, Laura Isabel, acompanhava sua apresentação transmitida ao vivo. Seu apoio dado a Jack nos momentos mais difíceis sempre é presente em suas viagens. Mas especificamente essa fazia com que sua ansiedade em vê-lo novamente tornasse grande. Seus olhos castanhos e seu cabelo comprido loiro fazia o coração de seu marido palpitar. Eram esses detalhes que faziam ele estar louco para retornar em sua casa em busca de uma longa noite fazendo amor com taças de vinhos acompanhadas por pétalas de rosas no quarto.

A beleza de Jack era a principal causa do ataque de ciúmes da esposa. Todos os shows que ele fazia era dominados por mulheres jovens desesperadas por alguém que as banquem. O que é mais atraente do que um jovem com um terno elegante e um belo violino nos ombros? Seu amigo sempre alertava quando ele beirava às tentações provocadas por essas moças na saída dos concertos.

Os olhos do elegante jovem durante a melodia passeavam pelas faces dos que os observavam. Depois, observara o teto espelhado com as estrelas. O ambiente que ali se passava combinava com a sua melodia melancólica, lenta, suave, que fazia refletir sobre os elementos da vida. As músicas tocadas sempre possuíam uma ambientação de reflexão típico do que escuta-se em momentos de solidão a beira de uma praia ou vasto campo.

Um casal de idosos na primeira fileira dos bancos juntara suas mãos. A cabeça da velha senhora repousa no ombro de seu marido seguido de um pequeno beijo para Jack. A resposta foi com um leve sorriso, enquanto o mesmo posiciona sua visão para as cordas do violino.

Antônio então pegara seu celular selecionando a aplicativo de mensagens escrevendo a seguinte mensagem:

"Estamos a caminho de casa."

Antônio.

Então foi encaminhada para Laura que sorriu instantaneamente, seguindo de uma resposta a qual menciona um jantar de boas vindas para a noite seguinte. Jack e seu amigo após o show ainda passariam a manhã seguinte organizando bagagens para a viagem não muito longa, porém trabalhosa.

Após 1 hora e meia de exibição, o show é encerrado com a plateia de pé aplaudindo constantemente Jack. Então o mesmo inclina-se para frente com seu braço direto posicionado sobre sua barriga e com o esquerdo esticado com o violino. Faz-se a reverência várias vezes com passos dados levemente para atrás até sumir por completo entre as cortinas.

Antônio toca em seu ombro parabenizando a última apresentação depois de muitas outras e assim preparam-se para enfrentar os flashs das câmeras e microfones que estariam em espera na porta da saída. Acostumados com esses cenários, 4 seguranças os aguardavam para abrir a porte e conter o povo que estava em grande adrenalina. Pelas brechas entre as duas grandes portas havia o feixe das luzes que indicavam câmeras. Vozes de possíveis entrevistadores eram perceptíveis com seguintes frases como "O senhor dos violinos" "O demônio da sonata" soavam várias vezes como apelidos que descreviam seu talento. Jack apesar de nunca ter gostado deles, compreendia que isso dava-lhe mais destaque ao mundo.

Ao abrir a porta, uma grande multidão tenta agarra-lo. Mulheres jovens de todas as idades gastam suas energias ao tentar tocar em seu terno com grandes vontades. Jack era um cara mulherengo, porém continha sua vontade pela sua amada.

– Por favor, senhoras. Preciso passar! Seguranças, tentem abrir o caminho! Não consigo andar direito.

– Como consegue fazer o seu caso durar tanto tempo com essa popularidade? – Pergunta Antônio com um leve sorriso.

– Amigo, faça ela se sentir a pessoa mais querida do mundo bancando-a e ela não largará você nem se eu beijasse-a.

– Seu miserável! – Disse Antônio rindo.

Enfim conseguem alcançar o carro que estava com a porta traseira aberta para recebe-los. Jack fecha a porta após seu amigo entrar. O motorista dá a partida no Bentley Mulsanne Speed de cor piano black e com cautela retira-se da multidão que o cercava.