Aquele com a carta

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Olá!
Obrigada pelos favoritos e comentários.
Esse foi o capítulo que tive mais receio de escrever, mas também o que mais gostei de todos. Espero que também gostem dele tanto quanto eu.

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"Senhor, um momento, por favor", a voz de um jovem soldado chegou até os ouvidos de Levi, o fazendo parar com a mão na maçaneta da porta de seu escritório. O rapaz trazia em suas mãos uma quantidade considerável de correspondências e o capitão logo entendeu que ele era o responsável pelo correio daquela semana, "Chegaram algumas cartas para o senhor", ele entregou um pequeno maço de papéis ao moreno.

Levi agradeceu, observando o rapaz se afastar antes de entrar em seu escritório. Ele passou rapidamente os olhos por cada envelope, eram poucos, no geral papelada do exército. Entretanto um envelope lhe chamou atenção. O papel era mais grosso e em um tom creme. Para Capitão Levi era visível na parte na frente, escrito na caligrafia perfeita de Erwin Smith.

Não havia selos ou remetentes. Aquele envelope nunca deixara o quartel, apenas tinha sido colocado no meio das outras correspondências a serem entregues. Nenhum soldado questionaria uma ordem vinda do Comandante, então Levi sabia que o homem não teve nenhum problema com aquilo.

Largando as demais cartas sobre a mesa, Levi sentou-se e abriu o envelope, puxando o papel de dentro com alguma ansiedade.

Caro Levi,

Se bem o conheço - gosto de imaginar que o conheço muito bem - você deve estar se perguntando desde quando nutro sentimentos românticos por você. A resposta é um tanto complexa, mesmo para mim. Você me atraiu de imediato, não apenas por suas habilidades físicas, como por sua personalidade e beleza. Eu o desejei ardentemente nas primeiras semanas, mas sabia que aquele não era o momento ideal para um envolvimento, além de estar ciente que, na ocasião, meus sentimentos por você eram apenas carnais. Algo de um jovem líder que pouco lhe conhecia, porém se sentia muito curioso sobre quem você era.

A vida, ou destino, quis que nos aproximássemos de uma forma dolorosa. E eu me coloquei na posição de seu amigo. Você se tornou meu maior confidente - maior até mesmo do que Mike - e nunca serei capaz de lhe agradecer o suficiente por estar sempre ao meu lado, não importa quão difícil o momento seja. Nessa época, meu desejo ficou em segundo plano, mas ainda estava ali, pronto para tomar controle se visse a oportunidade.

Para minha completa surpresa, meus sentimentos por você foram se transformando ao longo do tempo de uma maneira que nunca imaginei. Quando dei por mim, eu já estava irremediavelmente apaixonado por você, por sua presença, voz, toques e cuidados comigo. As pequenas coisas que passou a fazer por mim nutriram essa paixão sem que eu me desse conta e eu não soube o que fazer com o que tinha dentro de mim.

Nunca quis invadir sua privacidade ou deixá-lo pouco à vontade com uma confissão. O que seria da nossa relação se eu me declarasse e você me dissesse que seus sentimentos por mim são apenas fraternais? Eu estaria ultrapassando uma barreira e quebrando a confiança que você depositou em mim? Por bem, achei melhor não arriscar.

Mas, Levi, quanto mais eu tentava guardar o que sentia, maiores essas sensações se tornavam, a ponto de eu não aguentar mais mantê-las presas em mim. Eu precisei me arriscar e tentar descobrir o que você sente por mim. Se cometi um erro, peço que me perdoe. Se, entretanto, você sentir o mesmo, por favor, me encontre após o jantar no nosso lugar.

Caso não compareça, entenderei sua negativa e jamais tocarei nesse assunto novamente.

Com amor.

Levi teve a sensação de que não tinha entendido bem a carta na primeira vez e precisou reler. Na segunda vez, estava tão surpreso que sentiu que estavam pregando uma peça nele. Na terceira, sua boca estava seca e o coração acelerado.

Ainda não podia acreditar naquela declaração de Erwin para si. Mas, ao mesmo tempo, que desfecho ele esperava? Erwin não ia simplesmente parar de lhe dar presentes e deixar o assunto morrer, certo? Um dos dois teria que falar e era melhor, para o bem de ambos, que essa pessoa fosse alguém hábil com palavras: Erwin.

Se dependesse de Levi, ele provavelmente diria algo estupido, seguido de um ruído ininteligível, encerrando o processo com um beijo afoito. Ele era melhor com atitudes e achava isso bom, entretanto, naquele caso, ele preferia que houvesse alguma conversa, mesmo que mínima, para ambos saberem onde o outro estava e evitar mágoas futuras.

E agora ele sabia que Erwin estava no mesmo lugar que ele. Que os sentimentos que tinha enterrado bem dentro de si eram correspondidos há muito tempo, talvez tanto tempo quanto ele mesmo os sentia.

Levi leu a carta uma quarta e última vez. Desta vez, ele sentiu-se feliz, tranquilo, e se permitiu sorrir. Erwin era apaixonado por ele. No meio de todo caos que era a existência num mundo tomado por titãs, os dois tinham se encontrado e se apaixonado. Nada no mundo o impediria de encontrar Erwin àquela noite.

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Preciso confessar que amo cartas e imagino que Erwin, especialmente no canon, ama escrevê-las. Também imagino que ele seria cordial mesmo se declarando, meio Mr. Darcy de Orgulho e Preconceito.

E vocês já receberam um spoiler sobre o capítulo de amanhã. Quem está ansioso?
Beijos.

Aquela em que Erwin tenta conquistar LeviWhere stories live. Discover now