55. Você Confirma?

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No dia seguinte, chegamos à SB Koffee, com os funcionários que já estavam lá antes mesmo de abrir. Ulisses foi chamando um a um à sua sala para conversar em particular. Seu objetivo era investigar os abusos da Laura e, para cada confirmação, oferecer apoio para que houvesse uma denúncia conjunta de todos os que tivessem sido vítimas dela. Até então, uma coisa era muito conveniente, Laura não havia dado sinal de vida.

— E aí, Ulisses? — perguntei. — Como tão as investigações?

— Ao que parece, algumas pessoas realmente confirmaram agressão verbal, injúria, abuso de autoridade nos momentos em que eu não estava, entre outras coisas. Mas poucos querem denunciar, mesmo sabendo que teriam meu apoio e que a denúncia seria coletiva. Outros acham só que é o jeito dela e que seria exagero levar o que ela diz a sério e alguns simplesmente negaram tudo. Depois que terminar de falar com todo mundo, eu vou reunir os que querem fazer a denúncia pra fazermos tudo juntos.

— Os que não querem denunciar eu até entendo, os que não acham que é pra levar tão a sério sempre têm, mas esses que tão dizendo que não viram nada... tão cego ou tão apaixonados por essa mulher também?

Ulisses ficou um pouco desconcertado.

— Sinceramente, eu não sei... Mas cada um deve ter seu motivo, né? O importante agora é a gente focar nos que estão dispostos a denunciar e, talvez, depois que tivermos um número definido de pessoas que realmente vão denunciar, dar mais uma chance aos outros.

— Ulisses? Então quer dizer que você está aqui? — disse seu Agenor, que chegou acompanhado por Laura.

Ela estava com o cabelo todo bagunçado, o nariz inchado e o rosto todo vermelho, fungando com aspecto de choro.

— Bom dia, seu Agenor! Por que eu não estaria aqui?

— Eu explico. Pode nos acompanhar? — pediu seu Agenor, apontando para a sala de Ulisses.

Os três seguiram para a sala da gerência e todos arregalamos os olhos, encarando uns aos outros.

— O que é que esse cara tá fazendo aqui com Laura? — perguntei a Suzy.

— Amiga... Eu tenho um pressentimento, mas espero que eu esteja errada.

Nesse momento, ouviu-se um choro de mulher vindo da sala de Ulisses.

— Merda!... Meu pressentimento acabou de ser confirmado — lamentou Suzy.

— Eu acho que a gente tá pensando a mesma coisa. Tu acha que a gente pode fazer alguma coisa?

— Rezar.

Pouco tempo depois, Ulisses saiu em uma marcha fúnebre, passando direto por nós com a cabeça baixa.

— Ulisses, o que foi que...

— Depois a gente conversa — sussurrou para mim e para Suzy e, após isso, saiu da cafeteria.

Estava pronta para disparar na direção dele quando Agenor surgiu no salão e disse que continuássemos nosso trabalho normalmente e ele também começou a chamar um a um para conversar em particular. Foi o dia mais tenso desde quando cheguei lá.

Recebi uma mensagem de Ulisses dizendo:

"Você e Suzy, por favor, ajam normalmente e certifiquem-se de que os outros também vão fazer a mesma coisa, por favor. Depois conversamos."

Suzy e eu íamos ficando mais aflitas a cada pessoa que era chamada, até a própria Suzy ser chamada também. Fiquei desesperada, pensei em perguntar a alguém sobre o que era essa conversa e, enquanto pensava a quem perguntaria, percebi que a maioria olhava para mim e afastava os olhos quando viam os meus em sua direção.

Fé, Lis! Um Romance Quase ClichêWhere stories live. Discover now