2. 𝐝𝐢𝐧𝐧𝐞𝐫

1.4K 169 107
                                    

art: @/riminora on twitter.


**********

— Vamos, está frio aqui. - apareceu ao meu lado encostando a mão de leve e de forma respeitosa em minhas costas; balancei a cabeça, sentindo o vento gélido agredir minha pele.

Adentramos o local e continuava o mesmo de quando eu vinha com meu pai, da recepção até o lado que ficava as mesas. Extravagante e luxuoso; os lustres de cristais refletiam no chão preto espelhado; pilares rústicos; as mesas afastadas e a melhor parte, a visão das luzes da cidade.

Gojo estendeu o braço com aquele sorriso irritante, o segurei alheia e o acompanhei. Ao contrário do que pensava, nós não sentamos nas mesas daquele andar.

— Tudo bem se formos para outra área? - perguntou baixo perto do meu ouvido.

— Havia planejado esse encontro? - indaguei o encarando.

—Já está chamando de encontro, huh? - respondeu com um tom de sarcasmo.

— Tanto faz. - rolei os olhos mais uma vez. - Não me faça arrepender.

Deu um aperto de leve na minha mão, entramos no elevador, que estava vazio, e ele selecionou um dos últimos andares.

— Tinha planos para hoje? - perguntou quebrando o silêncio.

— Não. - dei de ombros. - Apenas mais do mesmo. - me afastei cruzando os braços.

O silêncio voltou por alguns segundos e começamos a fazer uma troca de olhares, que às vezes era desviada por mim, por que estava me sentindo tão ansiosa? Desde quando esse elevador ficou tão apertado? Ele começou a aproximar, na mesma medida, eu dava curtos passos para trás, até sentir o metal em minhas costas, e ver o homem acima de mim com uma das mãos sobre minha cabeça, me encarando.

— Sabe... Não precisa fugir, eu não mordo. - disse agachando. - A menos que queira. - sussurrou rente ao meu ouvido.

— Não... estou fugindo. - balbuciei.

Seu rosto estava próximo e sua boca entreaberta, e mais uma fez meus olhos fixaram nela; a vontade de simplesmente quebrar a distância era alta e perigosa. Sentia minha respiração pesada, fechei os olhos e respirei fundo. Levantei a mão para responder, mas escutamos a porta abrindo e ele rapidamente saiu com aquele sorrisinho de satisfação, me deixando sem reação, mais uma vez.

Vou cometer algum crime de ódio ainda! Meu corpo me trai e reage de uma forma diferente, isso já está me estressando.

O segui e caminhamos pelo corredor até chegar em uma ala aberta com algumas mesas e apenas um pingado de pessoas, todas afastadas, a diferença dessa parte para outra, é que havia um bar particular, mas tirando isso, não vejo nada demais; ainda era possível ver um oceano de luzes pelas janelas enormes de vidro descobertas, me perdi naquela visão.

— Aqui, senhorita esquentadinha.

Virei em sua direção e ele estava sentado, apontado para a cadeira vazia. Fechei os olhos balançando a cabeça e suspirando fundo, indo até onde estava.

— Se me chamar assim mais uma... - falei trincando os dentes; minha paciência estava no limite.

— Ei, calminha, sem ameaças... esquentadinha.

— Você é sempre infantil assim?

— Apenas quando me divirto. - sorriu lascivamente. - Com licença! - chamou o garçom que veio prontamente. - O que gostaria?

— Só uma bebida está de bom tamanho. Forte! De preferência.

— Certo. - me olhou de canto. - Traga knockeen hills para ela e vinho, e o prato... o mesmo de sempre, para dois.

𝐃𝐄𝐀𝐃 𝐑𝐎𝐒𝐄𝐒 - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora