CAPÍTULO TRÊS

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GIORDANA FIORE

Com a minha chave em mãos, abri a minha nova casa, Matteo, que estava nos acompanhando, entrou logo em seguida, conhecendo os cômodos. As casas da vila possuíam todas o mesmo estilo, por isso, nem me preocupei em olhar tudo, eram apenas dois quartos, banheiro, sala, cozinha e, nos fundos, um tanque para lavar roupas.

— Vou preparar um café! — falei, andando até a cozinha, deduzindo que dona Cecília deveria ter deixado tudo abastecido, ela cuidava do abastecimento das casas.

Como previa, ela havia deixado tudo pronto. Preparei tudo rapidamente, conversando com minha amiga sobre assuntos banais. Matteo sentou a mesa e ficou mexendo no seu tablet enquanto finalizava o café, preparando duas xícaras, puxando uma cadeira e sentando junto a eles.

— Vai contar ou não vai? — indaguei impaciente.

Antonella bebericou seu café, olhando para o filho, que estava concentrado no desenho, então começou a falar em um sussurro:

— Faz uns cinco dias mais ou menos, logo depois que viemos da sua formatura, uma mulher chegou aqui procurando pelo Dom, até aí tudo bem, quando ele foi ao encontro dela, ela entregou nos braços dele um bebê, um bambino recém-nascido! — Minha amiga recuperou o fôlego, outra vez olhando o filho, vendo que ele não prestava atenção continuou: — Ela disse assim: se você não quiser jogue em uma lata de lixo, porque eu não quero essa criança!

Fiquei boquiaberta, parecia cena de novela.

— Domênico está com a criança, jamais deixaria um filho seu abandonado, fizeram o teste de DNA e foi comprovado, ele é o pai! Nos dois primeiros dias, a mãe dele estava cuidando do pequeno Enzo, mas ela disse que ele precisa aceitar o garoto, agora Domênico vem trabalhar todo dia com o menino, mas ele não consegue aceitar que é pai, por mais que seja perceptível o grande afeto pelo bambino, algo nele o bloqueia.

— Parece cena de novela, e a mulher quem é?

— Não sei, nunca ninguém a viu por aqui, ela simplesmente deixou o menino com a certidão de nascimento e sumiu, agora estão atrás dela para pôr o nome de Dom no registro, dá para acreditar?

— Como alguém tem coragem de fazer algo assim?

— Também não sei, algo em mim mudou quando meus filhos nasceram, mas ela foi apenas uma progenitora!

— Mas como Dom trabalha com o menino? — perguntei, imaginando como ele fazia essas proezas.

— Ele deixa com uma babá na nossa casa durante o dia e anoite leva com ele, tem que ver como ele vem parecendo um fantasma às vezes, Domênico está sentindo na pele o que uma mãe passa! — Antonella finalizou sorrindo.

Não me aguentei e sorri também, só de imaginar Dom sendo pai e encarando a paternidade assim, me senti vingada por todas as palavras que ele me falara, mas confesso que senti um pouco de pena, porém, logo passou. Deve ser muito cômico vê-lo trocar uma fralda, ele que é todo bad boy marrento, agora limpando cocôs e dando mamadeiras.

— Não estou gostando desse sorrisinho! — minha amiga declarou ao me olhar.

— Só fico imaginando ele como pai, deve ser uma piada e tanto!

Caímos na gargalhada, atraindo a atenção do pequeno Matteo, que nos olhou com aqueles grandes olhos azuis.

— Do que estão rindo? Quero rir também!

— Nada não querido! — Antonella, que estava sentada ao lado dele, passou a mão em seu ombro, afagando seu bracinho.

— Por essa eu não esperava amiga!

— Tem que ver Vincenzo tirando sarro do pobre coitado, claro que ele não ia perder oportunidade, mas Dom deixa cada gafe, precisa ver, ele é todo atrapalhado.

Entre muitas risadas, finalizamos o nosso café e logo os dois foram embora.

Aproveitei o final da tarde para ir visitar a minha mãe. Dormi tanto na viagem que me encontrava sem sono, além disso, o fuso horário estava me deixando confusa.

Mexendo no meu celular, caminhei até a casa da minha mãe, mandei mensagem para meus amigos, avisando que já havia chegado.

Quando estava prestes a bater na porta, ela se abriu, mamãe deve ter me visto andando até a sua casa. Fui recebida com um forte abraço, Geovanna era a única família que eu possuía, meu pai faleceu quando eu era muito pequena, nos deixando sobre os cuidados de Dante Savóia, ele pediu, em seu leito de morte, que Dante, seu melhor amigo, desse uma vida digna de princesa para mim, com esse pensamento, Dante julgou que eu deveria me casar com Vincenzo. Porém, como todos presenciaram, Vin é louco pela minha amiga e eu admiro muito o casamento dos dois, nunca conseguiria me casar com ele.

Minha mãe poderia ter rejeitado esse meu novo modo ser, mas ela foi paciente e aceitou. Geovanna sempre quis que eu fosse a filha certinha, no começo ficou triste, mas quando viu que ser assim era o que me trazia felicidade, logo mudou de opinião e aceitou.

Passei boa parte da minha noite com ela e seu namorado, demoraram anos para ela voltar a namorar, depois que eu saí de casa, acredito que ela acabou se sentindo só e se deu uma nova chance de recomeçar em um relacionamento.

Quando já era tarde, voltei para a minha casa, tomei um banho refrescante, ficando apenas de lingerie, e corri para baixo das cobertas, onde estava bem quentinho. Demorou um pouco até meu corpo se esquentar e, para a minha surpresa, logo acabei adormecendo.

...

Naquele dia, me dei o privilégio de não acordar cedo. Ao levantar, olhei pela janela o tempo nublado, sentindo uma brisa de inverno. Então optei por uma calça skinny junto com uma cacharrel, que esquentava o meu pescoço. Peguei uma jaqueta de couro, colocando por cima, visualizei a minha bagunça, lembrando que depois precisaria arrumar tudo.

Deixei meus cabelos soltos, passando minha mão por eles e jogando-os para trás, calcei minhas botas de salto, caminhando até a cozinha, preparando um rápido café, o tomando e saindo para ver se Vincenzo podia conversar.

Andei pela calçada, na parte onde não havia britas, para não afundar meu salto.

Cumprimentei algumas pessoas, estava louca para me encontrar com Fanny, ela havia ganhado bebê a pouco tempo, começava a sentir que iria ficar para titia.

Avistei a casa dos Savóia e, quando estava chegando perto, consegui ver o carro de Domênico estacionando em frente à casa, então, diminuí o passo para analisar a cena. Ele andou até a porta de trás, abrindo-a e, após alguns segundos, saiu com um pacotinho em seus braços. Sim, seu filho! O bebê estava bem ilhado no cueiro, por isso, não se via nada. Domênico não me viu, entrando na casa do seu primo sem sequer notar a minha presença.

Fiquei ali em fora, recuperando o fôlego, nãoestava preparada para presenciar essa cena, um Domênico Savóia pai e, além detudo, gostoso como sempre. Porém, dessa vez, eu seria forte e não me deixariaabater por um simples homem delicioso!

DOMÊNICO SAVÓIA - PAI POR ACASO (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora