Capítulo 16

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Fazia alguns minutos que estávamos em um completo silêncio, exceto talvez pelo som das ondas que se mexiam despreocupadamente.

Já havia perdido as contas de quantas vezes eu o vi abrir a boca para falar algo e  desistir no meio do caminho, seguindo então com uma expressão fria e sólida no rosto, seus lábios formavam uma linha fina e suas sobrancelhas volta e meia se enrugavam no centro quando ele estava prestes a falar ou se distanciava demais de mim, podia sentir seu coração se afastar quando Loki, talvez involuntariamente, vagava em seus pensamentos.

E naquele instante eu quis ter nem que fosse uma centelha de seu poder, só para saber o que se passava na cabeça do moreno que agora mantinha as mãos apoiadas no joelho, sentado ao meu lado.

A água do mar que antes estava agitada em uma guerra para ver até onde conseguia subir na areia, agora estava calma como se uma barreira invisível estivesse impedindo-a de adentrar e nos afogar ali mesmo.

Meus lábios se inclinaram em um sorriso torto ao pensar na ideia de morrer afogada naquele lugar, levando em conta que eu acabara de aparecer ali e nem sabia como, com uma garrafa de vinho quase vazia na mão e um homem que eu também não sabia como ou porque tinha me encontrado, seria ao menos irônico, não é?

Tomei outro gole da garrafa que eu segurava como se minha vida dependesse daquilo e senti o gosto doce se tornar amargo em minha boca, ignorei a sensação e tomei outro, e outro, então mais outro.

Quando Loki tirou a garrafa vazia de minhas mão e a fez sumir. Me olhando incrédulo.

- Não lembro de ter pedido sua ajuda. - minhas palavras soaram ásperas mas naquele momento, eu não me importava nem um pouco em como as minhas palavras atingiam as pessoas à minha volta. Então agradeci a mim mesma por estar ali, mesmo que sem controle, ao menos não magoaria meus amigos ou as pessoas que realmente se importavam comigo. Ou fingiam muito bem.

Um suspiro pesado e frustrado saiu dos lábios do moreno enquanto ele me encarava.

- No seu atual estado, eu duvido que lembre de alguma coisa.

- Você não é ninguém pra julgar o meu atual estado. - sem paciência, dei ênfase nas últimas palavras. O olhar dele sobre mim fazia com que minha mente já enuviada se tornasse ainda menos clara, confusa.

- Por que você está agindo como uma criança? — o tom de sua voz aumentou, causando uma pontada aguda em minha cabeça conforme suas palavras ecoavam.

- Criança? Sério? Experimente se olhar no espelho antes de apontar o dedo para as outras pessoas. — inclinei a cabeça para baixo, observando a areia cobrindo meus pés.

- Você não sabe como veio parar aqui, não é? - baixo, ele perguntou e senti pena em sua voz e tive vontade de socar a cara dele naquele mesmo momento.

- Eu pareço saber? - Levantei e caminhei alguns passos para frente, para longe dele sentindo a areia enterrar meus pés sob o solo. - Olha para mim. Realmente parece que eu tenho o controle sobre algo? Ao contrário de você, que se achou no direito de esconder que algo podia me ajudar, que eu tenho uma saída disso tudo. — as lágrimas brotavam pelos cantos de meus olhos, mas eu não me importava, com nada. Mesmo que talvez o real motivo dessas pequenas lágrimas estivesse totalmente sob o controle do pouco álcool ingerido.

- Eu sinto muito. - Seu sussurro o acompanhou quando ele se levantou e começou a se aproximar, seus passos lentos na areia já fria.

- Claro que sente, é tudo um jogo para você. — passei as mãos por meus cabelos e senti a brisa noturna balançar os fios para trás, fazendo cócegas em minhas costas cobertas apenas por uma blusa de tecido fino preta.

Em Busca do Infinito {LOKI} [Em Andamento]Kde žijí příběhy. Začni objevovat