capítulo dois

26 4 7
                                    

Ao fim da leitura daquela carta um silêncio ensurdecedor se instalou no lugar mas logo foi interrompido por mim pois vi que uma lágrima escorreu dos olhos de Valentina e depois daquela muitas outras. -me desculpa, não queria te fazer sentir nada que fizesse chorar.- Valentina não me respondeu, apenas se levantou e foi andando de volta para casa me deixando perdido e um pouco preocupado com essa reação, mas feliz pois vi que ela não deixou o envelope e sim o levou com ela. Eu não voltei para a grande casa aquela noite, pelo contrário, continuei ali, olhando a lua, aquela madrugada foi virada em meio a muitos pensamentos. Tantos pensamentos que nem me dei conta e o dia já começava a surgir, levantei-me de lá e segui em direção a casa da mesma forma que Valentina havia feito horas atrás. -bom dia Maki, acordou cedo e foi passear? Perguntou-me dona Catarina ao me ver entrando na espaçosa varanda que havia alí na casa. -Na verdade eu fiquei vendo a lua lá do lago essa noite, vou subir e descansar um pouco desço mais tarde, tudo bem?- respondi e a minha sogra não fez mais perguntas, apenas balançou a cabeça concordando então eu subi as escadas, abri a porta do quarto e um aperto me tomou o coração pois assim que entrei naquele quarto vi deitada sobre a cama a única mulher que era capaz de me fazer sentir coisas nas quais eu preferiria não sentir "amor" por exemplo é um sentimento que eu escolheria não sentir, não por ser ruim, Não, pelo contrário, esse foi o mais incrível que pude experimentar. Traz um misto de sensações únicas todos os dias, mas caramba é tão difícil amar alguém que não te ama, e é ainda mais difícil tentar deixar de amar essa pessoa, parece sempre que o efeito é exatamente ao contrário todas as vezes. Percebi que havia derramado uma lágrima mas logo as sequei mais do que depressa, Deus me livre alguém aparecer aqui e eu ter que explicar o motivo dessa lagrima. Tranquei a porta atrás de mim, passei direto pela cama e fui para o banheiro e meu senhor, tudo relacionado a esta mulher me persegue, encontrei lá dentro a blusa que ela usou na noite anterior, não pude evitar, peguei a na mão e cheirei, aquilo era o mais perto que eu chegaria de sentir o cheiro do amor da minha vida e novamente uma lágrima escorreu, dessa vez não consegui me conter, fui pra debaixo do chuveiro e fiquei lá até que eu consegui me acalmar e pode ser que isso tenha demorado tempo demais já que ouvi duas batidas na porta do banheiro e logo em seguida a voz dela me chamando e avisando que a mãe dela já tinha posto a mesa e que estavam todos me esperando para tomar café da manhã. -estou indo.-me limitei a dizer, saí do banho e ela não estava mais no quarto então me vesti, desci para a sala de jantar e estavam mesmo todos lá esperando por mim. Comi em silêncio, assim como Valentina e o pai dela percebeu, ele até questionou se havia acontecido alguma coisa mas negamos e continuamos com o café.  Eu amava admirar Valentina, cada detalhe dela. Os olhos esverdeados, o cabelo ruivo que chegava a me fazer perder o ar, a boca pequena, a voz doce e aquele sorriso, meu Deus, aquele sorriso é a minha perdição. Se tinha outra coisa que eu amava muito era desenhar então quando terminamos ajudei a tirar a mesa e fui pra varanda com lápis e umas folhas, fechei os olhos por uns segundos e então comecei o esboço. Em pouco tempo já se notava um rosto conhecido na folha, era o rosto que eu adorava olhar. Algum tempo depois estava quase pronto quando eu ouvi ela falar atrás de mim me fazendo levar um pequeno susto. -que lindo.- eu dei um sorriso envergonhado,  é claro que eu não queria que ela visse aquilo mas já era tarde demais pra tentar esconder não é mesmo? -a, oi- ela ainda olhava o desenho em cima da mesa. -Não sabia que você desenhava bem assim.- eu sorri,  dessa vez bem mais tranquilo,  ela não começou chorar e não achou ruim e de certa forma aquilo foi um alívio eu não sei o que faria se ela tivesse a mesma reação da noite passada. Valentina pediu se poderia ficar com o desenho e guardar e eu é que não ia dizer não pra ela, por mais boba que fosse a coisa eu não conseguia olhar naqueles olhos e dizer não. Então ela levou o desenho com ela,  o resto do dia foi tranquilo e no final da tarde senti o mei peito apertar. Ela não deve sentir nada mas eu sim. Odeio ir embora e deixa-la aqui, mas eu preciso ir afinal entro no hospital amanhã cedo então me despedi dos meus sogros e ela foi comigo até onde estava o meu carro. Perguntei se pedia dar um abraço e ela apenas concordou com a cabeça e eu o fiz, quando desgrudamos o coração quase saindo do peito, olhei no fundo dos seus olhos, respirei fundo e disse.-Eu te amo Valentina, te amo como nunca me permiti amar ninguém e pode ser que já tenha um outro alguém aqui- apontei o coração dela- mas mesmo assim, nesse aqui- dessa vez apontei o meu- sempre só vai existir um alguém, só uma pessoa vai me fazer sentir medo de perder, só uma pessoa consegue controlar os meus sentidos sem nem se esforçar, só uma pessoa tem todo o meu amor e essa pessoa é você. - quando terminei de falar ela já estava em lágrimas e que droga por que eu sou sensível também? Eu estava chorando junto, isso mesmo, estávamos encostados no carro chorando feito duas crianças pequenas que tinham acabado de levar uma surra, a diferença era que palavras e os sentimentos eram os únicos que estavam batendo em alguém alí. Dei tchau pra ela, entrei no carro e dirigi até a minha casa na cidade.  Eu sabia que precisava está descansado pra manhã seguinte então tomei banho, comi qualquer coisa e fui dormir.

Por que amo-teWhere stories live. Discover now