Capítulo 5

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  COMPLETO ATÉ DIA 02/10  

Acordo com sol entrando pela minha janela. Pisco algumas vezes para me situar no meu quarto e me acostumar com a luminosidade, esqueci, mais uma vez de fechar a janela antes de dormir. Olho para o lado vazio da minha cama e o meu celular pisca algumas notificações. Nada de relevante que vá me fazer levantar nesse momento.

Me viro e coloco o travesseiro em cima da minha cabeça para tentar dormir mais um pouco. Sábado da preguiça, já que ontem cheguei em casa de um evento, quase três da manhã. Era para ser uma festa simples de noivado, mas acabou se estendendo até esse horário, e eu estava sozinha com a Carla no comando, já que a Su teve que ficar em casa com a Fofinha resmungando com um pouco de febre depois de uma vacina.

Para ela estar choramingando e tristonha, só estando doente mesmo. E a Su não pensou duas vezes em desistir de ir ao evento para ficar com a sua filha. E claro que essa era a coisa certa a se fazer, por mais que o trabalho seja importante para ela, sua família vem sempre em primeiro lugar. Pego o meu telefone e ligo para a vaca.

– Oi Vaca – ela me atende com uma voz cansada.

– Está tudo bem por aí? – Me viro de barriga para cima e fico olhando para o meu teto branco. – Como está a Fofinha?

– A noite foi complicada, ela chorou e teve febre quase o tempo todo. O Noah queria levar ela no hospital, mas era coisa fraca e o médico já tinha me avisado que isso ia acontecer.

– Coitadinha! – Meu coração se aperta em saber que a minha afilhada ficou desse jeito. – Quer que eu vá para aí te ajudar, para vocês descansarem?

– Ela dormiu agora no meu colo, vou colocar ela na cama ao meu lado e capotar junto.

– E o Noah?

– Saiu para buscar o Yago assim que almoçamos. – Ela da uma risadinha – Ele já estava ficando meio louco em só ver mulher na frente dele, e jogando vídeo game sozinho. Esses dias vi ele deitado na cama do Yago com o JB junto com ele.

Tento não começar a rir da vaca falando as pirações do Noah, mas e quem disse que ela ficou a salvo delas também? Minha mãe chegou a me ligar alguma vez dizendo que ia desligar o telefone aqui de casa se ela não parasse de ligar perguntando como o Yago estava. E fora que ela ficava neurótica com qualquer coisa que acontecesse na sua volta, até no trabalho e em casa era umas dez vezes pior. Quinta à noite eu estava lá e a Su estava mais doida que o padre que voou nos balões.

            – Daqui a pouco eles devem estar saindo de lá, o Noah me ligou dizendo que a tua avó já raptou ele para fazer algumas coisas em casa. E que eles ficaram reclamando porque tu não foi junto.

            Gemo na cama. Sabia se eu fosse eles iriam me fazer voltar só amanhã à noite, e eu não estou com vontade de ficar no meio da fazenda perdida com os meus pensamentos digna de uma mente desocupada que pensa em tudo que é merda que pode acontecer. Como ontem que eu sonhei que estava grávida. Já pensou na loucura que seria?

            – Vaca? – Su me acorda do meu devaneio momentâneo.

            – Não ia ter condições de aguentar mais um final de semana lá.

            – Ainda mais que hoje poderia aparecer um certo carteiro e...? – Deixa a frase subentendida.

            – Não começa! – Advirto pelo telefone.

            – Nenhum sinal dele?

            – Não... – murmuro.

            Mais de duas semanas e nada de eu rever o Antes de Cristo novamente. Confesso que a cada vez que a minha campainha toca, eu quase tenho um treco, síncope, princípio de convulsão e um nervosismo do cacete, mas se esvai todas as vezes que vejo que é síndico para buscar o lixo ou então outro entregador de uma companhia particular para realizar a entrega. Cheguei até a questionar se os correios estavam em greve, mas vi vários passando por mim essa semana, e nenhum tinha os olhos de cor diferente.

Por Acaso DEGUSTAÇÃO!Where stories live. Discover now