Anjo.

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 Pra quem ficou confuso capítulo passado: Marcela se drogou e tem alucinações confundido o Daniel com a Gizelly, por isso todas a cenas que era o Daniel, estava em itálico o nome "Gizelly" (já que a fic é em primeira pessoa e a Marcela estava "vendo" a Gizelly e não o Daniel) e as falas também.

E foi o Daniel que beijou o Gabriel, não a Gizelly, que estava no bad fumando orégano. Não usem drogas, crianças!

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Anjo.



Bia pediu, implorou, mas não, eu não fui ao hospital ver Gizelly quando deu a notícia sobre o estado que ela se encontrava, eu não consegui ir, e eu não queria. Eu sabia que poderia ser as últimas horas de vida da Gizelly, mas eu não conseguia levantar e ir.

Eu não iria conseguir ficar ali, no quarto dela, e saber que tudo aquilo era somente culpa minha.

Como sempre, eu fugi. Eu fiquei escondida no quarto escuro de Bia esperando uma solução, eu fiquei escondida esperando toda droga e álcool sair do meu corpo para depois usar mais.

Eu sentei no quarto dela e fiquei lá por horas. Eu não comi, eu não mexi –  eu estava em modo zumbi. Bia entrou e saiu várias vezes, sua irmã e pai também. Meu celular tocou diversas vezes, mas eu não atendi nenhuma vez. Eu não tinha coragem, e o aparelho só parou de tocar quando a bateria acabou.

Eu estava sozinha. Fugindo dos meus atos, das minhas responsabilidades, Gizelly poderia morrer a qualquer momento e eu estava ali, fugindo ao invés encarar a merda que eu fiz com ela.

I don't know why I always run away

What we had was special

I know what we had was special

(Não sei por que sempre fujo

O que tínhamos era especial

Eu sei o que tínhamos era especial)

— Eu não estou te reconhecendo mais, Marcela — Bia confessou em sussurro, como se o ato de falar, doesse. — Você está afundando tanto que- que você não precisa de um motivo para beber ou se drogar.

Ela havia voltado do hospital e me encontrou sentada no canto do quarto ouvindo música no seu iPod, tirei um fone e, ironicamente, a música I'II Be Good ecoou pelo quarto silencioso. Eu estava sentada ao lado da sua cama, abraçando meus joelhos e com uma garrafa de vodka pura do meu lado.

— Eu me perdi, Bia. Eu não sou mais sua amiga, não porque nossa amizade acabou, mas porque eu não sou mais a Marcela que conheceu. Eu me perdi e não consigo me achar mais — meus olhos ficaram vermelhos. — E Gizelly...

Tudo desabafou. Eu a convidei para seu primeiro trago, eu a ensinei a fumar, a se drogar, a cheirar, eu não só me autodestruir, como também levei Gizelly para esse caminho e agora ela estava naquela cama de hospital e eu estava aqui, encolhida no meu quarto escuro chorando porque não sabia o que fazer.

— Não é sua culpa — Bia me abraçou. — Gizelly sabia das consequências, Marcela. E ela vai ficar bem.

— Ela queria chamar minha atenção. Por isso ela me irritava, ela só queria minha atenção porque, no meio dessa maldita confusão que sou, Gizelly me encontrou, me viu de verdade, além da pose rebelde, ela me viu. Ela começou a fumar comigo porque sabia que aquele momento era o único que poderia passar do meu lado sem a ofender. Eu fui burra, eu a destruí também. Se ela morrer-

Oitavo B Onde histórias criam vida. Descubra agora