C.2

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Harry pov

Eu sei muito bem o que tenho que fazer. A todo momento, tenho algo para fazer, não sou o tipo de jovem desocupado com tempo para tudo.

Eu tenho uma rotina.

Assim que chego da escola, tenho que correr para o banheiro, tomar um belo banho, estudar Francês e espanhol, descer para o jantar, e logo após comer, ir para a sala de estar onde meu professor me ensina a tocar piano.

Como hoje ele teve um problema, não pôde vir, eu mesmo treinei, por mais que não saiba muito bem onde estou errando para poder corrigir, estou ao menos tentando.

São 22h e já está quase na hora de ir para cama, mas a minha mãe ainda não chegou da prefeitura. Ela passa o dia todo lá, mesmo quando não tem nada para fazer, acho que ela se sente útil quando não está em casa. Deixou um aviso dizendo que Druella traria seus netos para morar com ela nos fundos. Até que queria conhecer eles agora, mas preciso dar prioridade a meus deveres.

Toco as teclas do piano em uma melodia calma que ecoa por toda a casa vazia, está tudo em um tom escuro agradável devido minha tia apagar algumas luzes. Ouço um barulho na porta e logo vejo a silhueta de Tia Petty na porta, ela está me observando como sempre. Já notei que ela gosta de me ouvir tocar.

– Te acordei? – Paro de tocar e me viro totalmente para ela. Está com seu pijama branco de patinhos. Ela adora ele, o faz lembrar de Duda que tem um igual. Saudades do meu primo.

– Não. Eu ainda não havia ido dormir, notei que a luz daqui estava acesa e ouvi você tocando. Já está na hora de ir para cama. – Ela tinha os olhos pesados indicando que o sono tomava conta dela.

– Queria esperar minha mãe. – Olhei para porta esperando que ela chegasse logo.

– Ela vai demorar, Harry. Talvez nem venha. Vá dormir, amanhã você tem aula. – Ela veio até mim, beijando minha testa. – Boa noite.

Saiu da sala seguindo as escadas. Sei que minha mãe irá demorar para chegar, muita das vezes ela nem volta para casa, o que já me fez esperar ela a noite inteira, e no outro dia ainda levei uma bronca.

Decidi seguir o conselho da minha tia e subir. Coloco meu pijama azul, que por sinal está ficando apertado, tenho ele desde os quinze anos, e hoje já tenho dezessete. Algumas coisas me fazem ter dó de desapegar.

Assim que volto para o quarto, vejo que Sid, meu cachorro, está dormindo na minha cama. Se minha mãe visse isso, me mataria com certeza, mas como ela não está...

Deito-me ao lado dele, pegando a coberta e encarando o teto, esperando que o sono tome conta de mim. A única coisa que sinto é... vazio.

⊰᯽⊱┈──╌❊╌──┈⊰᯽⊱

Como já era de se esperar, minha mãe não voltou para casa na noite passada, então também não a vi de manhã, o que me deixou a liberdade de ir para a escola sem tomar café, o que era como um crime para ela.

Os primeiros horários haviam sido normais, tive aula de educação física com a professora Hooch, ela pegava pesado e acabava comigo.

Terminava de calçar meus sapatos tendo em mente que me atrasaria, ao contrário das pessoas que também estavam no vestiário, que conversavam tranquilamente encostadas nos armários. Ouvi o sinal tocar indicando a próxima aula. Em passos largos, tentava ser rápido, meu professor de química não costumava ser paciente.

Voando em meus pensamentos, tentando arrumar uma desculpa para o segundo atraso do mês, ouvi gritos fervorosos de alunos no corredor próximo. Vaias e gargalhadas calorosas e excitantes me chamava atenção enquanto eu seguia o fluxo dos alunos que também tinham interesse em entender o que acontecia. Ao enrolar no corredor que supostamente vinha as risadas, agora eu conseguia ouvir uma torcida gritando: VAI DIGGORY.

Esse garoto me pertenceWhere stories live. Discover now