CAPÍTULO 4 - OKUT OU MAKUT?

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"Nem urso, nem Sr. Urso, muito menos homem-urso. UROICHI. 'Ur', de urokut. 'Oi', que significa dormir. E a primeira coisa que fiz ao nascer foi espirrar em alto e bom som, don, por isso me chamaram 'chi', que é ferro. É um nome que realmente vem do azrilês antigo, don. Por isso não precisa me chamar de mais nada."

"Uroiki…?"

"Uroichi."

"Uroiiiki…"

"Uroiiii-chi. Abra a boca. Feche os dentes. Tente fazer um 't'. Agora assopre! Isso, don!"

A risada do homem-urso fazia as ripas do chão ao teto parecerem estar prestes a rachar com a vibração que causava, e Hérrus achava que isso também aconteceria à sua cabeça a qualquer momento.

O que é que seria difícil, Arvh? Não, não, eu concordo, a cabeça de Hérrus sempre foi exemplarmente dura.

"Uroichi… Ur… O que é um Ur—okut?" Perguntou o menino, tentando ignorar o zumbido insistente deixado pela gargalhada.

Uroichi mostrou uma fileira amarela e pontiaguda de dentes terminando em dois caninos arrepiantes, então se levantou, como se esperasse a muito tempo pela pergunta. Arrastando o banco em que sentava a um segundo, bateu com ele na parede com um baque surdo. A lamparina foi escondida atrás de sua cabeça gigante, fazendo sua sombra se estender até a janela e sair para o escuro mais escuro da floresta lá fora, enquanto Hérrus se encolhia entre as peles diante do ambiente aquele tanto mais sombrio.

"A tribo Urokut" Uroichi começou "...é tão antiga quanto a própria palavra 'okut'. Urkat, o selvagem foi o primeiro. Ele foi cria de Urgat, a ursa mais bela, a uns trinta mil ou tantos anos atrás, dada à Ariganot, o bruto, na aliança entre os pesadelos de Krombiir e os titãs nortenhos de Dartos" o homem-urso fez uma pausa dramática ao se abaixar apenas o suficiente para que seu grande focinho estivesse à altura dos olhos do menino "...E os titãs de Dartos… tem linhagem os ligando ao próprio — povo — Azrut." Seu sorriso — agora Hérrus sabia que aquilo era um sorriso — era mais terrível do que qualquer braveza de que Hérrus pudesse se lembrar de ter visto alguma vez. Então o urokut se ergueu depressa e tão alto que poderia encostar no teto se levantasse um pouco mais "É por isso que posso andar de cabeça erguida por todo o continente de Borga, garoto. Até em Azrul receberia respeito onde fosse, don!"

Era mesmo impressionante ao fazer pose, mas, vendo o rosto embasbacado de Hérrus, sua confiança pareceu murchar um bom bocado.

"Não sabe o que é Azrul, não é?"

Hérrus balançou a cabeça.

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Argus pausou a história juntamente com os movimentos de sua faca — os fogos brilhantes ainda caindo no ar por um instante antes de irem desaparecendo um por um. Olhou, do velho-árvore para a menina inclinada sobre as próprias pernas, ambos o observando atentamente.

O gigante enfiou a pedra em que trabalhava no rio e tornou a retirá-la, levantando-a até perto do peito — onde a luz já era escassa — para a examinar. Os longos caninos. As orelhas imponentes. O pescoço grosso e peludo. Era apenas uma cabeça, mas era quase impecável. Quase. Por isso continuou a tirar lascas e pontas aqui e ali.

"Não precisa esperar." Resmungou Arvh, dando um sorriso vil. "Você começou a história, não vou explicar Azrul por você." Então olhou para Clana. "Agora é o momento de cobrar cada detalhe que ele prometeu, menina."

Clana apenas olhava para o gigante, silenciosa mas expectante.

"Disse que contaria tudo o que Hérrus sabia." Disse Argus calmamente "É claro que vou explicar Azrul." partiu uma última ponta — criando mais um entalhe na cabeça de pedra — e apenas segurou a peça por um momento, contemplativo, antes que a baixasse novamente, mergulhando-a na correnteza.

O AZRULDonde viven las historias. Descúbrelo ahora