Capítulo - Nove

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Janeiro, de 2021

Minha mãe está linda.

Vejo Clara e Andreza já dentro do quarto junto da minha mãe. Eu fico as admirando da porta.

O vestido branco de renda e tela nos ombros é a coisa mais perfeita que eu já vi. Eu tive que segurar a emoção. A maquiagem simples realçava toda a beleza da minha mãe. Ela fez questão que a Andreza a maquiasse — minha irmã caçula não é profissional, mas assiste tantos vídeos na internet que é quase uma. — Minhas irmãs também estão lindas, ambas com o vestido da mesma cor — um azul bebê muito delicado — porém com modelos diferentes. Nós três vamos ser os padrinhos que a minha mãe não teve. Tia Simone, a melhor amiga da minha mãe, e mãe do Junior que deu a ideia.

Entro mais no quarto para ficar perto delas, que estão perto do espelho se olhando.

— Filho. — Minha mãe diz ao me ver.

— A senhora está linda. — Não me preocupo mais em segurar a emoção, quando dou por mim já estou chorando. — Tá perfeita.

— Não me faz chorar. — Ela vem em minha direção e me abraça. — Obrigado, filho. Você também está um gato. Essa cor ficou ótima em você.

Meu terno era azul marinho, no início eu relutei um pouco com a cor por me lembrar coisas, mas fui voto vencido. Mas quando eu coloquei o terno a primeira vez, eu o amei, e fiquei feliz de ter sido voto vencido.

— Obrigado, mãe — Seco a lágrima. Respiro fundo. — Está pronta pro seu grande dia?

— É estranho eu falar que estou nervosa? — A gente rir.

— Claro que não, mãe. É seu sonho sendo realizado. A expectativa fica grande mesmo. — Clara a acalma.

— E vai ser um dia incrível, porque a senhora e o papai merecem. — Andreza diz ao se aproximar da gente depois de guardar todas as suas coisas de maquiagem.

A gente se junta e se abraça, não muito apertado pra não amarrotar as roupas.

— Você viu seu pai? Como ele tá? — Mamãe pergunta preocupada.

— Ele tá bem. Acabei de vir de lá. Ele tá com o Tio William. — Eu a acalmo.

Tia Simone e tio William chegaram ontem à tarde para terminar de ajudar nos ajustes finais. Minha mãe estava precisando disso, ela costuma ficar mais calma quando escuta a tia Simone. Bastou ela dizer que estava tudo perfeito pra hoje que ela ficou mais calma.

— A tia Simone não estava aqui? — Pergunto.

— Ela foi ajudar a dona Maria a se arrumar. — Clara me responde.

— Ah, sim.

— Agora vocês precisam descer pra receber os convidados — Minha mãe nos orienta. — Mas antes, preciso falar com você filho. — Ela me olha — A sós.

Minhas irmãs entende o recado e começam a catar as coisas para sair do quarto da minha mãe.

— Sem chororó para não borrar a maquiagem, escutou? — Andreza dá um beijo na bochecha da minha mãe e Clara da outro logo depois.

— Até depois.

Eu me sento na cadeira perto do espelho e me preparo pra bomba.

— Qual a novidade? — Pergunto já com as mãos suando.

— Queria apenas te falar três coisas. — Ela senta na cama de frente pra mim. — Primeira; eu não tiro a sua razão sobre o motivo de você não falar direito com o Júnior esses dias, mas eu sei que você é muito maior que isso. Segundo; eu te amo muito, e amo a sua força e determinação, mas tente se livrar um pouco dessa armadura de orgulho que você criou em volta de si, eu tenho medo de você estar perdendo oportunidades. Se permita às vezes, filho. Se magoar e ficar triste faz parte da vida de qualquer pessoa, só não podemos romantizar isso, temos que saber como utilizar isso ao nosso favor. — Ela olha nos meus olhos. — Eu quero ver de novo aquele meu filho que juntou toda a família na mesa da cozinha que disse que era gay. Eu quero ver esse Bruno corajoso de novo. O bruno determinado, que sabia o que queria e não tinha medo de se arriscar. Todo esse sentimento dentro de você é apenas medo, meu filho. Traga o meu Bruno de volta. — Ela respirou fundo com um olhar acolhedor — E por último, Júnior vai embora novamente depois da festa, ele não me disse pra onde, apenas que não iria mais invadir o seu espaço e nem te pressionar a nada. — Ela pegou minhas mãos, forte — Então, se você ainda gosta do Júnior, ou acha que é capaz de perdoar ele, hoje é sua última chance, filho

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