Capitulo 11

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• Alice Narrando

Eu corri. Ou melhor: Eu fugi.

Passei rápido pelas pessoas, que abriam o caminho. Quando cheguei no estacionamento, puxei o ar com força, enquanto as lágrimas enfim rolaram e o meu estômago voltava aos poucos ao normal.

Mãos geladas tocaram os meus ombros e eu me assustei, mas só até ver que se tratava da Ester. Ela não disse nada, apenas abriu os braços e eu me joguei nela, tentando não desmoronar.

— Não acredito que ele mentiu. Não acredito que eu desisti de me vingar, pra confiar nele outra vez. — Falei com a voz abafada pelos cabelos ruivos no meu rosto.

— Homens mentem. Todos eles. — Generalizou, alisando minhas costas.

— Acha mesmo que todos? O Peter, também? — Afrouxei nosso abraço pra poder olhar seu rosto e ela deu um sorriso sem vida.

— Ele, também. — Garantiu com muita convicção. — Só... não confie neles, Alice. Em nenhum. Sempre tenha um pé atrás. Não precisava se vingar do Derek, se não queria mais, mas não devia ter voltado a confiar. — Eu sei que ela queria me ajudar, mas eu não estava com cabeça pra ouvir uma lição de moral.

— Ester... eu preciso ir embora. Agora. — Voltei a chorar, sem controle nenhum.

— Calma. Eu vou ligar para a Andrea nos buscar. — Avisou já puxando o celular do decote, mas antes que ela discasse o número, uma voz masculina nos chamou e dessa vez eu já a reconhecia.

— Eu posso levar vocês. — Greg surgiu atrás de nós, me olhando com pena.

— Você sabia, né? Sabia de tudo. Eu disse que tinha perdoado todos vocês e você continuou mentindo! — Acusei, empurrando o peito dele e fazendo-o dar um passo pra trás.

— Não, Alice. Eu sabia de tudo, sim. E tentei te contar. Mas não é o que você está pensando. Você ainda não sabe a verdade. — Falou tão sério que parecia sincero. Mas como eu teria certezas?

Àquela altura, eu já não confiava em ninguém. Nem na minha própria avaliação da verdade. A impressão que eu tinha era que todo mundo conseguia mentir pra mim.

— Dispensamos a sua carona, Greg. E também sua suposta verdade. Cai fora. — Ester respondeu por mim.

— É do seu interesse, também. — Greg insistiu.

Ouvimos uma gritaria e aplausos vindo do lado de dentro do salão e olhamos os três, ao mesmo tempo, para os portões.

— Venham comigo e eu conto tudo! Logo Derek vai aparecer e eu não vou conseguir falar mais nada. — Alertou e dessa vez ele me convenceu.

Não por eu acreditar nele, mas por ser a saída mais rápida. Eu, definitivamente, não queria ter que confrontar o Derek, naquele momento. Eu não conseguiria. Estava fraca. Física e mentalmente.

— Ok. Vamos com você. — Respondi rápido e ele saiu correndo na direção do carro, que por sorte já estava bem perto.

Antes de sentar no banco do motorista, ele abriu a porta traseira pra nós. Eu entrei primeiro e Ester logo em seguida, sentando ao meu lado. Na hora de fechar, ela usou uma força tão exagerada que eu dei um pequeno pulo com o susto.

ALICE!

Meu nome foi gritado e eu já sabia quem era.

— Vai, Greg! Vai! — Ester comandou e o Greg acelerou.

Aquilo era realmente uma fuga. Parecia excessivo, mas era necessário. Só pelo o que vi pelo vidro de trás, eu soube que eu não teria chances. Aceitaria qualquer coisa que ele dissesse e o perdoaria mais uma vez. O jeito que ele nos perseguia, correndo tão rápido que pensei que poderia alcançar um carro em movimento, me fez mais uma vez acreditar naquele amor.

Jogo do Amor 2 - Todos vencem. Ou todos perdem.Onde histórias criam vida. Descubra agora