Flames in our Hearts

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Alexander estava tendo um dia péssimo, do tipo terrivelmente cansativo para sua mente e que acabava deixando o seu corpo no mesmo estado. Já fazia algum tempo que ele não enfrentava um bloqueio criativo tão terrível quanto aquele.

Inferno.

Ele olhou desanimado para a caneca de porcelana, moldada para que parecesse com escamas de dragões azul meia noite, era uma caneca bonita, que ele havia ganho de Magnus quando o mesmo havia encontrado uma loja de souvenires, até então escondida nos confins da Grécia.

Isso foi a pelo menos dez anos antes, Alexander realmente amava aquela caneca, amava as lembranças que vinham com ela. No entanto, ela também lhe deixava com ainda mais saudades do marido e dos filhos deles, mesmo que todos voltassem amanhã, assim que tivessem finalizado o enorme projeto que estavam trabalhando.

Veja bem, ele amava e admirava o fato de que os filhos deles tivessem seguido Magnus no amor por criar coisas sólidas e com “amava” ele quer mostrar que não está completamente chateado por seus bebês não terem seguido a ele para a veia artística da família. Mesmo depois de tanto tempo, Magnus ainda se divertia com esse fato, mas Alec tendia a levar isso na esportiva quando isso acontecia… se Magnus era expulso do ninho e era obrigado a dormir no sofá por quatro dias consecutivos era culpa inteiramente do outro dragão.

Se sentindo desanimado, ele lavou a caneca sob a água corrente, se livrando de qualquer resquício de café em seu interior. A santa cafeína era uma das melhores invenções do ser humano, sinceramente, Alexander já não conseguia se lembrar de uma época em que ele não tomasse café... Ajuda muito o fato de que seu sistema queimava todo o efeito energético da bebida e ele fosse obrigado a tomar aquilo como se fosse água.

Ele secou a caneca com um pano limpo antes de a devolver para o armário. Logo em seguida ele saiu da cozinha, caminhando sem muita pressa pelos corredores e indo para o segundo andar da casa, onde ficavam os quartos. A suíte que ele dividia com Magnus, e também o maior quarto e o quarto principal, ficava no fim desse corredor, com uma vista maravilhosa das colinas e vegetação tropical.

Um pequeno paraíso apenas deles, em um mundo onde os humanos tomaram conta de quase tudo e os seres, que para eles eram apenas histórias, se adaptaram para viver entre eles.

Alec não tinha vergonha de confessar para si mesmo que se sentiu um pouco melhor ao entrar no cômodo, o aquecedor ligado no máximo, fazendo com que as grandes janelas de vidro, que iam do teto até o chão, ficassem embaçadas.

Por mais que ele achasse o ar condicionado outra invenção maravilhosa... Magnus e ele escolheram o Havaí como lar justamente pelo calor e, sinceramente, se não fosse chamar atenção, ele se jogaria no vulcão Kilauea sem nem pensar duas vezes para uma melhor medida. 

Sem muito cuidado, ele rastejou para cima da cama, cheia de travesseiros de penas de ganso, suas capas foram cuidadosamente escolhidas por Magnus assim como as colchas e lençóis feitos dos melhores fios que podiam encontrar para o ninho. Alec mal conseguia lembrar da época em que os ninhos eram feitos de galhos, pedras preciosas e qualquer coisa confortável que deixasse tudo mais confortável e bonito para o acasalamento e, posteriormente, o filhote.

Ele olhou para a mesa do abajur, sentindo o aperto em seu coração aliviar um pouco ao constatar que já eram quase oito da noite, horário em que Magnus e os filhos deles ficariam livres para uma chamada de vídeo.

Apressado ele pegou os salgadinhos picantes na cômoda da cama e arrastou o MacBook debaixo de um travesseiro que ele não usava e puxou ambos para seu colo, iniciando.

Não demorou muito para ele receber o sinal de chamada do marido, mas até isso acontecer ele já havia comido pelo menos metade dos salgadinhos.

— Alexander! — Magnus saudou do outro lado, lançando para a câmera um sorriso fácil e relaxado. Ele estava sem maquiagem e seus olhos brilhavam em um âmbar misterioso, a cor que os mesmo sempre assumiam quando o dragão se sentia seguro e relaxado. — Querido, boa noite!

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