NÓS

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Minhas mãos de poetiza

encontraram o cérebro inquietante

de uma mente calculadora

e extremamente intrigante


Enquanto escrevo sobre seus passos,

você conta o número exato de vezes

em que eu pisquei ao te olhar falar


Você dialoga sobre o mundo sob uma visão

metodicamente precisa

E eu, sob uma visão expressivamente

e, talvez, desnecessariamente, metafórica


Eu quero te fazer entender

aquele livro que você não leu,

porque acha que 300 páginas

é demais pra você


Você quer que eu entenda

como encontrar as incógnitas

que o mundo tem a me oferecer:

um ângulo, uma força,

a quantidade de amor que sinto por você


Quero que você aprenda que amar

vai além de criar asas de flutuar

Você, que eu aprenda

como um avião tão pesado é capaz de voar


A areia, pra mim, é uma casa de pés descalços

prontos para entrarem no mar

E, pra você, o convite de um novo problema:

será possível estimar

o número de grãos de areia nos pés dela?


Enquanto eu te escrevo e você me conta,

os minutos vão passando

Te escrevi por mais de 4 anos

e aqui nós estamos


Se pra cada poema que eu te fizer,

ganharmos mais um tempinho,

não deixarei de te escrever

nem por um segundinho


Agora, pra você entender:

o número de palavras nesse poema

é diretamente proporcional ao tempo,

em anos, que quero beijar você


Presenteie-me mais uma vez,

Deseje-me um feliz dia nosso,

porque cada vez que você conta,

mais um você adiciona


Então, eu concluo:

se eu não parar de escrever

e você não deixar de calcular,

a eternidade é o tempo em que vamos nos amar

Jardim de mimWhere stories live. Discover now