Capitulo 27

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Isabelly narrando...

Eu: Que ódio!- Bati as mãos na mesa, sentindo cada parte do meu corpo se endurecer e lágrimas preencherem meu rosto.

Dr Marcela: Isa você precisa se acalmar!- Mordi meus lábios através da máscara e neguei com a cabeça.- Isa, você sabe que isso acontece todos os dias e precisa ser forte!- Olhei para aquele gatinho inocente deitado na mesa, já sem vida.

Eu: Mas...- A doutora, dona da clínica e minha chefe também se encontrava de olhos vermelhos,segurando suas lagrimas, me cortou.

Marcela: Isa, sei que vou estar super errada em fazer isso com você,mas...- Olhou pra cima.- Pode ir embora. Vai descansar e volte amanhã melhor, de preferência!- Assenti tirando meu avental.

A história era a seguinte: Hoje de manhã um moço de aparentemente de uns 40 anos chegou na clínica com um gatinho que havia sido espancado por um trio de adolescentes.

Ele precisava de uma cirurgia de emergência, então lhe demos a anestesia e conseguimos encaixar ele no nosso horário de almoço, ou seja, eu ainda não almocei.

Eu sentia um ódio imenso nas pessoas que fizeram isso e espero que a justiça seja feita, não desejo mau a ninguém,mas o que fizeram foi desumano.

Ainda sem acreditar, dirigi fora de si. Cheguei em casa foi com a ajuda de Deus, porque eu não conseguia sequer abrir a boca.

No começo da faculdade, sabia, eu estava ciente que ia encontrar casos assim e que precisava ser forte. Mas cara, é tão difícil você olhar para um serzinho sem vida, tão inocente. É muito difícil.

E isso acontecia semanalmente. Óbvio que salvamos muitas vidas e todas elas são como vitórias para nós, mas as perdidas doem muito mais.

Abri a porta de casa, dessa vez quieta, música? Não passava uma na minha cabeça.

Tirei meu tênis e coloquei minha bolsa em cima da mesa, estava um silêncio, Lolla estava dormindo em cima de sua caminha na sala,então nem quis acorda- lá.

Caminhei até meu quarto, tirando a jaqueta jeans com um capuz cinza atrás.

Tinha tanta coisa acontecendo na minha vida que a úncia coisa que eu quero agora, é sentar e chorar.

Definitivamente não consigo fazer mais nada. Então eu sentei e deixei as lágrimas caírem naturalmente.

Tão natural que em menos de 3 minutos meu nariz já estava entupido, eu estava soluçando, meu rosto vermelho por completo e eu me sentia a pessoa mais feia do mundo.

Meu celular vibrou umas duas vezes e eu deixei ele de lado, quem quer que seja, eu não estava afim de conversar naquele momento.

Me despi todinha, pronta pra tomar um banho quente e dormir.

A água caiu em meu corpo, estava quentinha. Eu poderia passar o dia aqui dentro, mas Keven ia me matar ao ver a conta de gás.

Nossos dois chuveiros são a gás e as vezes não sei se agradeço,ou se choro. A conta vem mais caro que as parcelas que eu devo na Marisa, mas em compensação a água é quentinha.

Após terminar de tomar banho, coloquei meu pijama de mendiga, não ia sair de casa tão cedo.

Sem sutiã mesmo, o pijama era de frio e o único defeitos que tinha era ter um rasgo em V na minha coxa. Só isso.

Peguei meu notebook, deixando ele em cima do sofá da sala e indo até a cozinha.

Fiz um leite com Toddy e me sentei na cadeira cheia de almofadas da varanda, com o notebook em mãos.

Eu estava me sentindo muito aquelas mulheres empoderadas,que moram sozinhas,sem filhos e que ganham milhões de reais todo mês.

Mas na realidade eu era apenas uma mulher com o piscologico fudido, que mora com um cara a 1/2 meses e transa com ele toda semana, sai com outro cara que ainda não teve a coragem de me levar pra cama, a mulher de coração quente demais pra seguir carreira como veterinária, a mulher que tem inúmeros problemas familiares.

Triste vida. As vezes odeio viver.

Comecei a digitar sem parar no meu livro que não ia publicar tão cedo. As idéias iam fluindo e se encaixavam com o contexto que demorei 6 meses para criar.

Meu coque se desmanchou, deixando meu cabelo cair todo em minhas costas e alguns fios atrapalharem minha visão.

As vezes cortar ele me parecia uma boa opção, mas vamos deixar essa mudança radical pra quando eu me tornar famosa. Como e quando? Eu não faço a mínima idéia.

Fiquei horas e horas ali sentada digitando sem pausa. Havia perdido a noção do tempo.

Quando olhei pra frente, o sol já estava desaparecendo e a porta da sala sendo aberta.

Keven: Eu não acredito nisso Melissa! Mano!!- Entrou rindo e falando ao telefone.

O olhei de canto com cara de quem acabou de ter uma desilusão amorosa.

Keven: Mel, eu vou desligar e mais tarde a gente se fala viu!- Me encarou enquanto desligava a ligação.- O que faz aqui essas horas?- Bufei tombando a cabeça pra trás.

Eu: Eu só tive um dia péssimo!- Digo relembrando da cena de quando o gatinho chegou na clínica e depois dele sem vida.- E...- minha voz saiu embargada,minhas vistas embaçaram.

Keven: Seus pais?- Neguei vendo ele caminhar em minha direção.- Seu ex?- Cruzei os braços negando mais uma vez.- Fernando te deu um pé na bunda?- Sorri deixando as lágrimas caírem.- Então o que houve minha princesa?- Tirou o notebook do meu colo.

Eu: Por-por...- Não consegui falar,então Keven me pegou no colo e se sentou comigo no sofá.

Keven: Cê é levinha!- Sorri encostando a cabeça em seu ombro.- Conta pra mim,o que houve?- Tirou os fios de cabelo do meu rosto.

Contei toda a história que aconteceu pra Keven chorando e soluçando, enquanto ele ouvia tudo sem me parar.

Era bom desabafar pra ele, ele sabia ouvir e depois dar a sua opinião. As vezes uns esporros, uns tabefes, mas depois ele sempre me abraçava.

Me sentia segura em seu abraço, era como se tudo se desligasse quando eu estava nele, parecia que meus problemas desapareciam por meros minutos. Eu amo isso nele.

Keven: Meu bem, você sabe, coisas assim acontecem todos os dias! Pessoas morrem todos os dias, animaizinhos também...- brincou com meus dedos.- E tá tudo bem, é o ciclo da vida! Pensa,agora ele está em um lugar melhor,sem dor,sem pessoais cruéis... Mas se quiser ficar assim, tudo bem, eu vou ficar aqui do mesmo jeito!- Sorri ainda sentada em seu colo com a cabeça deitada em seu ombro.

Eu: Fica aqui comigo...- Keven assentiu me abraçando forte.

Fechei meus olhos, sentindo borboletas fazerem festa na minha barriga.

Ouvi seu coração bater calmamente e sua respiração controlada, aquilo me fez adormecer em seus braços.

Por mais que a gente brigue e sai nos tapas as vezes, ele era como... Meu porto seguro??

Um capítulo meio boiola aqui pra vocês<3

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Um capítulo meio boiola aqui pra vocês<3

Capitulo postado dia:07/08/21

No Mesmo Apartamento... Where stories live. Discover now