Capítulo quarenta e seis

1.2K 161 64
                                    


Narração 

O amor e a atenção dos pais é fundamental para a criação de seus filhos. A forma que eles os tratam desde pequenos irá refletir um dia nas escolhas dos novos donos do mundo. 

Infelizmente os traumas existem e eles sem um tratamento adequado não se lida fácil, não se supera facilmente e as sequelas são vastas. Como por exemplo: a intensa vontade de aprovação, seja acadêmica, familiar, profissional e até mesmo amorosa. Como o caso de Hye. A falta de aprovação, amparo e carinho fez com que a garota buscasse aquele vazio em coisas que poderia satisfazer a pessoa que deixava uma grande lacuna em sua vida e em seu coração: a sua mãe. 

Ela viveu dezenove anos em função disso, do contrário do seu irmão Park Jisung. Que se recusou a ser o que a mãe queria que ele fosse sem pestanejar sequer uma única vez. Porém, a decisão que ele tomou também não foi fácil. Sentia a falta dos seus pais, mas a maneira que lidou foi ignorando, ofuscando a tristeza, a maquiando, fingindo que aquilo não o afetava. E isso funcionou,  o título de menino rebelde foi lhe dado com esmero por sua mãe, porém, ela não entendia que aquela era a forma que ele encontrou de lidar com a sensação de abandono constante, mesmo tendo os pais sobre o mesmo teto. É sempre uma fase, "coisa de adolescente". 

Todavia, quando ele mais precisava de um apoio, principalmente ao seu grande sonho de ser cantor, sua mãe fez questão de amassar, como um pedaço de papel em branco.  Segundo a senhora, Jisung só poderia seguir tal carreira se fosse cantor gospel e como previsto ele não concordou, ele não queria mais nem pisar seus pés na igreja, estava farto, sufocado com tantas idas ao templo sem ser por boa vontade. As ideologias dele não eram iguais às daquelas pessoas que servem sem pudor e muita das vezes só pela recompensa que é o "céu". Porém isso não vem ao caso no momento. 

Cada dia mais era difícil o convívio com sua mãe, seu pai por outro lado não dizia absolutamente nada. O que fazia o rapaz se sentir solitário. E nada dói mais do que sentir solidão estando com outras pessoas por perto. 

A gota d'água foi no famigerado dia em que a senhora se negou a dar permissão a ele, para ir numa festa jovial de aniversário de um dos seus amigos. Como já foi contado por ele, Park Jisung foi a tal festa e quando voltou se viu num beco sem saída, literalmente. Sozinho, abandonado, sem ter o que fazer. Nesse mesmo dia, jurou que nunca mais iria procurar por sua família, já que eles não fizeram questão alguma por ele. Jurou também que jamais iria perdoar sua mãe, por mais importante que seja não guardar mágoas de alguém que lhe concedeu a vida. 

O mesmo juramento estava sendo cumprido quando ele entregou a sua mãe ao delegado, enquanto um escrivão registrava todo o seu depoimento. 

De fora poderiam dizer que ele não estava se importando muito em entregar a cabeça de sua mãe figuradamente. Entretanto, por  dentro estava se derramando em prantos, com um dolor semelhante ao que sentiu no mesmo dia que ela o despejou. Jisung se odiava, se julgava por se sentir mal em ser a testemunha que mandaria a mãe para a cadeia, mas era ela ou Hye. E nesse momento Hye é a sua prioridade. 

Ainda sim, se sentia mal. Ninguém poderia culpá-lo, o vazio que ela lhe deixou nunca foi preenchido, o trauma que lhe causou nunca foi curado. E no momento acreditava que o ditado de que: o tempo cura tudo. É um grande mito. 

A senhora Eui foi ouvida também pelo delegado, porém, ela não estava tão disposta a falar. Apenas respondia perguntas feitas pela autoridade local, com sim ou não. A motivação não foi justificada por ela. Não se sabia se era vingança ou "apenas" excesso de raiva. 

O que intrigava os policiais e principalmente o delegado era a frieza da mulher. O olhar era vago, vazio e não demonstrava remorso algum. Fazendo assim, uma solicitação de um exame psiquiátrico para saber qual seria o seu destino. Se condenada, ela teria oito anos reclusa por tentativa de homicídio. Todavia, poderia recorrer por ser réu primário e sua pena baixar para ⅓. Ou seja, 6 anos de reclusão. Caso os exames psicológicos exigidos de positivo, ela ficará num hospital psiquiátrico em tratamento dependendo de sua deficiência mental. 

Good or BadWhere stories live. Discover now