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Respira gente kkkkk

O silêncio mórbido do táxi incomodou bastante a Thaís, porém, não gostava quando a morena ficava muito tempo calada. Por isso, tentava puxar assunto, sendo completamente ignorada. Não queria ser ignorada. Passou mais de três horas no hospital esperando por Juliette... Nem sabia se a morena ficaria ou iria embora, mas ao vê-la saindo de dentro do quarto, uma chama de esperança queimou em seu coração: Soube que era o fim, e que Juliette estava completamente livre. Só não esperava que sua existência fosse ignorada desta forma.

Juliette estava em outro mundo... Diziam que quando as pessoas estavam para morrer a vida passava diante dos seus olhos em segundos... E isso estava acontecendo com a morena, sentia-se morrendo... O seu coração, e sua alma parecia que estava desfalecendo, enquanto isso ocorria, os seus momentos com a Sarah eram relembrados com muita dor.

Tantos planos, tantas promessas, tantos sonhos escapando pelos seus dedos, e escorrendo pelo ralo do banheiro como se fosse um nada. Ir embora daquele quarto de hospital foi à coisa mais difícil que fez da vida. Abriu a mão do seu amor. Mas também abriu a mão de sofrer. Embora que a sua mente dizia que fez o certo, o seu coração tinha lá as suas dúvidas.

Sempre quis ter uma família grande com Sarah... Mas criar o filho do amante de Sarah, não estava nos planos. Não podia fazer isso consigo mesma, e nem com a Sarah. Não podia viver na mesma casa, fingir que estava tudo bem, quando nada estava bem, e não ficaria sem o perdão.

Não estava se achando capaz de perdoar a Sarah... Não se sentia capaz e não se imaginava cuidando desse bebê que viria ao mundo. Disse palavras horríveis para Sarah sobre a criança... Mas á realidade é que ele não tinha culpada de nada. A errada era a Sarah. Toda a sua raiva, decepção, angústia estava sendo direcionada á Sarah. Apenas á ela.

O táxi chegou á residência. Juliette sentiu-se aliviada por isso, tudo que mais queria era deitar na sua cama, e esquecer esse dia. Talvez, se tivesse sorte, acordaria amanhã e constataria que foi um pesadelo.

Thaís pagou o taxista, e correu para andar lado á lado com a Juliette.

— Acredita que Sarah ficou grávida daquele cara? — Comentou apenas para ter assunto.

Foi pior. Juliette virou-se para ela e estourou.

— Eu sei o que aconteceu, Thaís! Eu estava lá, se lembra? Não preciso que você repita aquilo que vir todo o trajeto para casa remoendo. — Juliette gesticulou, ficando com o rosto muito vermelho de raiva.

Thaís ficou surpresa. Não esperava aquela explosão para cima de si. Tentou acariciar o ombro da morena, porém, ela se desvencilhou.

— Desculpa. Eu só queria puxar assunto, não precisa me tratar assim. — Thaís disse. — Sei que está chateada...

— Não estou chateada! — Juliette gritou — Estou destruída. A mulher que eu amo está grávida de um homem. Do seu amante. O meu casamento acabou por definitivo. Eu não estou feliz, e não estou com a mínima vontade de conversar sobre toda essa situação.

— Você não tem o direito de descontar isso em mim. Eu não tenho culpa disso tudo acontecer! — Thaís retrucou chateada.

Juliette respirou fundo, e passou a mão nos cabelos. O seu coração estava batendo acelerado, e a vontade de chorar aumentando dentro de si. Soube que errou, não era pra ter tratado a Thaís desse jeito.

— Desculpe-me, estou nervosa. — Juliette murmurou. — Você tem razão, não posso descontar em você. Não posso descontar em ninguém a minha frustração.

Thaís sorriu de lado. Não iria ficar com raiva da Juliette por besteira. Aproximou-se dela, e acariciou o rosto da morena. Olhando-a nos olhos.

— Tenho uma proposta para você: Vamos esquecer tudo isso... Recomeçar do zero. O que acha? — Thaís perguntou e se inclinou para beijar a Juliette que colocou a mão na sua boca a impedindo de se aproximar mais.

Faz De Conta || Sariette • ADP Where stories live. Discover now