A história

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O jovem levantou-se e caminhou na minha direção saindo pela porta.

-Segue-me por favor.

Segui-o. Ele entrou num quarto vazio e eu entrei também fechando a porta. O jovem puxou de um banco por debaixo da cama de hospital e sentou-se, encarando-me de frente.

- O que vieste cá fazer? -perguntou-  Pensei que fosse estar sozinho com ele. Os pais dele garantiram-me isso.

-Ah?! - perguntou confuso - como assim?! Eu sou colega dele! Vim fazer-lhe uma visita. Mas como assim os pais deles garantiram?!?! Quem és tu afinal? Como assim os pais dele te garantiram isso?? -AH?! 

A cabeça rodopiava com tanta pergunta que surgia. O que tinham os pais dele haver com este rapaz?! Quem era este rapaz? Qual a relação entre eles? E os pais? Tanta questão que iriam ser respondidas. Que queria ver respondidas.

- Eu sou o Samuel. Prazer. E tu?

- Sou o Samuel também. Samuel Oliveira.

-Cunha. - responde ele. 

Cumprimentamo-nos e prossegui com a conversa.

Então?! Quem és tu Samuel Cunha? O que é o que os pais dele tem haver com isto?

- Na verdade não é os pais..., só a mãe é que falou comigo, o pai dele nem imagina isto. E se um dia descobrir é bem capaz de o mandar para longe. O pai dele nunca iria aceitar.

- Como assim? Aceitar o que? O que é que o pai dele não pode saber...?

- O Rui é bissexual e eu sou o namorado dele. Por isso é que quando chegaste nos viste assim.

- Ele é bi?! 

- É. O Rui que toda a gente imagina ser um homem macho gosta de homens também.

******

A manha nasceu e surgi logo junto da entrada da casa de Rui aguardando ver alguns dos pais dele a sair no carro. Pouco se sabia da família. A mãe era médica num hospital particular á uns 10 anos e o pai trabalhava em casa nalguma coisa relacionada com contabilidade. Poucas eram as vezes que se viam mas quando eram vistos na rua eram seguidos por uma mulher. Essa mulher, que estaria nos 30's fazia-se sempre acompanhar por um tablet. A mãe de Rui era mais amigável e conversadora e até participava como voluntária na ajuda aos sem-abrigos. Soubesse que o marido não aprovava mas Maria permanecia lá. Joaquim, o pai de Rui, pelo seu lado, era um homem muito sossegado,  muito "dono do seu nariz",  pensava-se até que financiava a criação de 2 bancos na aldeia, mas provou-se o contrário. Por fim a assistente, ou gestora da família, tratava de tudo na família, financeiramente, patriáticamente e do filho. 

Subitamente os portões abriram-se e um carro segue em direção da saída. Só ao perto é que percebo tratar-se de um Tesla Model 3, lançado em 2020. Como sabia? Pesquisa, muita pesquisa e sonhos demasiado altos para os rendimentos que os meus pais tinham. Na frente vinha um homem a conduzir. Coloquei-me á frente na tentativa que parasse. O carro parou e o vidro traseiro abriu. Uma mulher acabou por espreitar e vendo-me fala.

- Desculpa, podes sair da frente por favor. Eu já estou um pouco atrasada para uma conversa muito importante. 

- Eu precisava de falar consigo, é importante Doutora.

- Trate-me por Maria jovem. Mas de momento não posso falar. Estou mesmo atrasada. Se quiser falamos ao final da tarde cá em casa. Pode ser? 

- Claro, afastei-me do carro e deixei-me o seguir. Maria, passando por fim, lança um pequeno sorriso e afirma.

- Falamos daqui a pouco então. 

O carro prosseguiu virando á sua direita prosseguindo norte. Seguido desse carro aproximou-se um outro carro preto saindo da casa de Rui que virou para o mesmo lado que o carro em que seguia acelerando pela estrada fora.

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⏰ Última atualização: Sep 10, 2021 ⏰

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