O Rato e o Pesquisador

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Vou contar-lhe uma história agora. 

O Pesquisador anda pela rua,
Triste, sem o que pesquisar.
Dinheiro, acabando,
Sua mente sem ideias.
"Droga!" suspirou.

Ubirajara, o tal sujeito de quem estou a falar, é casado com Felipe, ambos possuem uma pequena filha de quatro anos chamada Iracema. Possuem uma família estável, mas Ubirajara não está muito feliz com sua falta do que fazer e ganhar em troca.

Haviam saído de sua Terra Natal - São Paulo - para o Ceará. O que é irônico considerando que em novelas e séries normalmente é o contrário, sempre apresentando clichês repetitivos e inclusive, sotaques forçados e insultantes ao nordeste brasileiro.

Surpreso, ele escuta algo,
"Droga" ecoou por todo lado.
O Pesquisador olhou e olhou,
Nada encontrou, 
Se sentiu louco.

Observou um rato,
O Rato o surpreendeu,
Pois "fome" exclamou.
O Pesquisador,
Rapidamente o capturou.

Gritou de felicidade:
"Eureka!".
O Rato respondeu:
"Droga",
Cheio de pesar.

Foi para sua casa no porão, preparou uma gaiola para o animal e luzes artificiais. Ali estava o projeto de sua vida, preparou a câmera e o microfone, iria ficar ali o quanto precisasse esperando por uma palavra. Porém, nada o Rato disse.

"Fale, aberração!",
Disse, sem sucesso.
Fez experimentos,
Tentou atiçar o bicho.
Sem sucesso.

O Rato manteu-se impassível.
O Rato manteu-se calado.
O Rato manteu-se triste.
Sozinho, deprimido,
Confuso, perdido.

O Pesquisador manteu-se raivoso,
O Pesquisador manteu-se frio,
O Pesquisador manteu-se triste.
Ora calmo, ora sem paciência.
Ora decepção, ora animação.
Não desistiu,

Todo dia tentava.
Todo dia se esforçava,
Seu marido preocupado,
Sem saber o que devia fazer.
Ele não via mais seu amor na sala de casa.

Rato chorava,
Ninguém via seu sofrer.
Se o Pesquisador ia dormir,
Ele ficava sozinho, sem emoção.
Solitário em seus cruéis sentimentos.

Dias passam,
Semanas, passam.
Surpreende-me que 
O Pesquisador lembre
O rosto de sua amada filha.

Meses passam,
Um ano fica para trás.
O Rato está na gaiola, preso.
Cheio de vazio, sente saudade
Até de sua fome de anteriormente

Tão presos.
Capturados.
Muita, muita.
Dor, dor, dor.
Presos estão.

Ambos...
Presos...
Temor...
O, dor...
E amor...

Deprimido, o Rato guinchava. Porém em suspiros abafados repetia uma palavra: "medo", várias e várias vezes, sem Ubirajara perceber.

Na escuridão do porão o Pesquisador ficava todo dia, quase não comia, apenas queria que o Rato exclamasse algo de seus pulmões novamente. Queria saber que não estava louco, até lá, não poderia nem ao menos explicar o que estava ocorrendo para sua família. Lembrou disso por um momento, sentiu saudade.

Como saudade?
Estão aí na casa,
Apenas não vês.
Nada o Rato diz.
Cadê o sentido?

Outro dia se passa,
Sem sucesso, nada.
Infeliz, é Ubirajara.
Porém algo recebe,
Por baixo da porta.

Um desenho de sua filha, toda a família junta, unida em alegria. Claro, sendo uma criança Iracema não fez uma nova Mona Liza, mas trazia alegria, luz, até mesmo o Scooby-Doo no canto do desenho. Personagem que ela tanto ama.

Ubirajara viu que estava no papel um rato preso em uma gaiola e triste. Se sentiu mal, mais ainda quando virou a folha e viu o que residia lá escrito:

"Te amamos,
Amor, amor.
Volta por favor." 
- Pêsseguinha.
- Seu Sol.

Os apelidos que tinha dado a seu marido e filha

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Os apelidos que tinha dado a seu marido e filha...

Tinha um outro papel embaixo da porta, estava escrito com a letra de Iracema: "prometo comer meus legumes e fazer os deveres de casa. Tudo escrito muito bem para ela.

Derramou lágrimas,
Até a sala voltou.
"Que lindo!",
Exclamou.
"Eureka!"

Ao desenho O Pesquisador gritou novamente: Eureka!
E o Rato do porão escutou.

O Rato, ele libertou,
Este então viu
Lá fora, beleza primaveril.
Olhando para a natureza,
Feliz a mil.

Lobo Guará, coruja tímida, plantas e insetos corriam pela grama. O Rato conseguiu até ver um bando de ratos longe, com uma linda rata olhando até ele em meio a toda aquela beleza natural da mata.

O Rato parou,
Pensou e pensou, atento.
Só sabia repetir palavras,
Qual era apropriada 
A esse momento?

Finalmente, a ideia veio, quieta.
Nada de "fome", não "medo", não "droga",
"Que lindo" falou. Atingiu enfim, a meta,
A palavra foi dita errada, mas servia agora.
"Eureka, eureka, eureka, EUREKA, EUREKAA!"

















O Coração Do Caos (Contos).Where stories live. Discover now