O irmão da minha melhor amiga | Rafe Cameron

Ele é igual ao pai

– Ja eu acho incrível a capacidade que você tem de me odiar sem eu nunca ter feito nada pra você.

É sério que ele teve a cara de pau de falar isso?

– Vai a merda rafe! Enfia o café no cu. – Saio irritada e o deixo sozinho na cozinha.

Me sento na beira da piscina e mais ou menos meia hora depois, JJ senta ao meu lado.

– Eai doida, ta tudo bem? – Ele pergunta com aquela voz de sono que deixa qualquer um caidinho.

– Ta sim JJ, apenas uma discussão com o Rafe agora cedo.

– Promete pra mim que vai ficar sempre bem longe dele? Você é minha melhor amiga, eu não posso te perder e não confio nele. – Eu nunca ouvi o JJ falar assim. Nunca ouvi alguém falar assim de Rafe. Exceto minha mãe.

Certo dia, eu deveria ter mais ou menos uns nove anos, minha mãe conversou comigo sobre Rafe Cameron.

Eu me arrumava para a festa de aniversário dele, que ele tinha o prazer de me chamar todos os anos, o que não entendo, pois, sempre que nos falávamos, acabava em discussão.

Mesmo assim eu ia, por Sarah e Kie.

– Filha, onde está o presente do Rafe? – Minha mae pergunta.

– Não sei. Não ligo.

– É aniversário dele, você precisa levar o presente.

– Mas eu nem gosto dele!

Minha mãe riu, me deixando confusa.

– Por que você riu?

– Por nada minha filha, mas continue assim.

– Como assim mãe? – Pergunto, ainda confusa.

– Rafe Cameron é a cópia do pai, não se deixe levar pelo rostinho bonito e a altura, esse garoto não vale nada, e quando crescer, será pior, mais mulherengo e babaca com você.

Sinto que aquilo tinha um cheiro de experiência própria. E só me ajudou a cultivar meu ódio por ele. Mesmo não conhecendo 100% o pai da minha melhor amiga, eu sabia que ele não era uma pessoa boa.

– É claro que sim Maybank, não é tão difícil te prometer isso. Você sabe que eu nunca suportei aquele cara. – Digo com a maior sinceridade.

– Eu sei, mas você tem a péssima mania de ver o lado bom das pessoas, e, sem querer, pode acabar sendo machucada por ele.

– Não tem como eu ver o lado bom em uma pessoa que só possuí um lado. E eu não preciso conhecer ele o suficiente para saber que ele nunca vai mudar. – Parte disso é verdade, mas ainda acredito que ele possa mudar. Quem sabe depois de umas boas porradas?

– Essa é minha garota. – JJ chega mais perto e coloca a mão na minha cintura, me puxando para si. Quando nossos lábios se tocam eu ignoro completamente o gosto de álcool da boca dele, apenas quero continuar mais um pouco ali.

Nos afastamos por falta de ar e Rafe tenta passar despercebido para pegar algo na varanda. JJ não o viu, mas eu consigo ver ele abaixado perto de uma cadeira.

– Vou acordar todo mundo, ja volto. – JJ sai igual uma criança prestes a fazer merda.

Rafe passa pelo JJ e eles se encaram por um tempo, ate ele entrar e Rafe passar por mim. Não perdendo a oportunidade de abaixar perto de mim e me provocar, ele solta:

– Em um dia, amiga de traficante, e no outro, dando pra um pogue. Reveja seus conceitos. – Diz e começa a levantar.

Antes que ele possa ficar de pé, seguro ele pela gravata e dou-lhe um tapa na cara. EU QUERO FAZER ISSO A TANTO TEMPO!

– Isso é pra você aprender a nunca mais falar um A para mim e para os meus amigos, seu verme. – Fico meio perdida encarando ele nos olhos enquanto falo. Eu odeio tanto esse cara que eu fico sem ar perto dele.

Rafe apenas sai sem falar nada. Pela roupa eu presumo que esteja indo trabalhar, ou pelo menos fingindo que faz alguma coisa que preste.