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Meu querido Jeon, já fazem 10 meses.
Lembro-me de quando eu passava pela pequena floricultura onde você trabalhava, vendo como seu sorriso era belo ao atender os clientes, sempre atenciosamente.
Passeava na praça somente para te ver colhendo pequenas flores e dando-as às crianças que passavam por ali. Sempre admirando-me secretamente quando passava pela floricultura e sentava nos bancos da praça para ler.
Sempre ficávamos assim e nenhum dos dois tomava iniciativa para se apresentar e conversar. Até que comecei a ir uma vez por semana à floricultura comprar rosas para enfeitar minha casa.
Você adivinhou de primeira qual era a minha favorita – rosas brancas as mais belas ao meu ver. Me lembravam a pureza e o Espírito Santo, também me fazendo lembrar da sua pele tão branquinha.
Aos poucos fomos nos aproximando e nos conhecendo.
Lembro o quanto você era desastrado com as coisas, sempre derrubando os vasos e as flores, tropeçando no chão ou até quando ia limpar o local – isso sempre me arrancou várias gargalhadas.
Você corria atrás de mim para que eu parasse de rir, e como sempre você me alcançava já que era mais alto e mais rápido, ainda zombava da minha altura para me dar o troco.
Assim ficávamos horas implicando um com o outro.
Uma amizade enfim foi formada, e nós dois não desgrudamos mais, sendo assim, inseparáveis amigos. Em todos os momentos estávamos sempre ali ajudando um ao outro; quando você levava um pé na bunda eu lhe consolava e quando era comigo, você me consolava.
Decidimos fazer um curso juntos – totalmente precipitados para alguns, mas para nós foi a realização de um sonho começando. Decidimos fazer um pequeno curso de gastronomia, que dava para fazer online. Primeiramente, você não queria, já que o custo era um pouco demais pra você, e então de primeira me ofereci para te ajudar e, com muita insistência, você aceitou.
Com o passar do tempo a floricultura começou a ir à falência e o proprietário tomou o lugar, expulsando você do lugar, já que não tinha como pagar o aluguel. Lembro que quando eu soube, fiquei irado com o proprietário e quase dei uma boa surra nele por ter te expulsado do nada e ainda ter te empurrado no chão.
Você me segurou e não deixou que eu partisse para cima dele; e logo depois eu levei você para minha casa – que era pequena mas aconchegante o bastante para nós dois, e muito confortável.
Você ficava me perguntando o porquê de eu morar em uma casa pequena e humilde sendo que eu vinha de uma família rica e renomada na Itália. E, como sempre, eu lhe respondia: "Querido Jeon, eu não preciso depender de ninguém e também não quero, por isso trabalho, estudo e faço alguns bicos, juntando o dinheiro que ganho com isso e minhas economias consigo viver tranquilamente!".
Você ria e fazia cafuné em minha cabeça, me fazendo relaxar em seus braços, dormimos abraçados igual todas as noites.
Ao longo dos meses, você e eu fomos trabalhando juntos e começamos a construir um pequeno local para ser nosso mini restaurante – junto de algumas economias minhas e suas, conseguimos comprar móveis e decorações para o lugar.
Quando terminamos o curso e fomos comemorar acabamos por lembrar que aquele dia era especial pois fazia dois anos que nos conhecíamos. O tempo passou tão rápido que nem percebemos; naquele dia você me levou para ver as estrelas e foi quando demos nosso primeiro beijo.
Todas essas lembranças são mais do que importantes para mim, e eu sempre irei lembrar de todas elas.
