{109} Um dia nem tão especial

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    Uma das melhores consequências da segunda tarefa foi que todo mundo ficou muito interessado em saber os detalhes do que acontecera no fundo do lago, o que significou que, uma vez na vida, eu estava conseguindo dividir as luzes da ribalta com Harry. Não que eu me interessasse em chamar a atenção. Mas obviamente meu irmão e Harry devem ter reparado que a minha versão sobre os acontecimentos mudava sutilmente cada vez que eu os contava. A princípio, eu narrei o que parecia ter sido a verdade; pelo menos batia com a história de Hermione – Dumbledore havia mergulhado os reféns em um sono encantado na sala da Profa. McGonagall, depois de garantir a todos que estariam seguros e que despertariam quando voltassem à superfície da água. Uma semana mais tarde, no entanto, decidi aumentar as coisas e já estava contando uma história emocionante de sequestro, em que eu lutara sozinha contra cinquenta sereianos armados até os dentes que precisaram me dominar a pancada antes de me amarrar.

  Os mais próximos sabiam que isso era um absurdo, já que eu nem ao menos sei nadar.

— Mas eu levei a minha varinha escondida na manga. — Tranquilizei Colin, Dênis e Nigel que escutavam minha história com os olhos brilhantes e bastantes atenciosos  — Eu poderia ter enfrentado aqueles sereidiotas a qualquer hora que quisesse.

— Que é que você ia fazer, atacar os caras a roncos? — Perguntou Hermione me alfinetando

   Tínhamos caçoado tanto dela por ser a coisa de que Vítor Krum mais sentiria falta que ela andava meio mal-humorada.

— E você nem sequer sabe nadar. — Revidou Rony com um revirar de olhos

— Silêncio os dois. — Cruzei os braços com as minhas  orelhas ficando vermelhas e dali em diante eu reverti à versão do sono encantado mesmo, já que era a história original

   Quando março começou, o tempo ficou mais seco, mas ventos cortantes esfolavam o rosto e as mãos todas as vezes que as pessoas saíam aos jardins. Havia atrasos no correio porque o vento não parava de tirar as corujas da rota. Mas o que realmente começou a me assombrar na manhã de segunda no dia primeiro de março de mil novecentos e noventa e cinco foi a preocupação das pessoas com algo que eu nem ao menos me importava.

   Fui surpreendida por uma Lavender que me acordou animada e eufórica. Afastou as cortinas da minha cama fazendo o sol da janela bater em cheio no meu rosto, e eu me remexer na cama.

— Bommm diaaa. — Cantarolou ela. Eu a olhei bocejando e séria, sem ligar pro meu rosto ela se lançou ao meu pescoço e me abraçou — Feliz aniversário, Rox.

— Quê? — Reclamei esfregando meus olhos quando ela se afastou de mim

— Feliz aniversário, ué. — Ela riu

— Como diabretes você sabe o dia do meu aniversário? Mas, que droga, foi o Rony?

— Não, eu só sei. — Explicou rindo — Você não sabe o meu?

— Vinte e dois de outubro. — Falei dando de ombros

— Então... levanta vai, o dia hoje vai ser ótimo.

   A olhei com a cara amarrada e me levantei da cama sonolenta indo direto para o banheiro, não deixei de notar que o quarto já estava vazio, somente Lavender estava lá, já com o seu uniforme.

   Se tinha uma coisa que eu odiava, não necessariamente odiava, mas não suportava, era esse dia. Meu aniversário.

   Aniversário nunca foi algo que eu me importasse muito, nem Rony. Um dos motivos que eu usava para justificar era porque desde 1991 passamos ele longe de nossos pais, mas na verdade tinha muito mais coisa nisso. Eu só queria que nesse ano, esse dia fosse perfeitamente normal como nos anos anteriores.

𝐓𝐇𝐄 𝐖𝐄𝐀𝐒𝐋𝐄𝐘, draco malfoy [1]Where stories live. Discover now