Parte 6

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11.

      Agora que estava saindo com outra pessoa, convenci-me de que precisava resistir a todo custo aos avanços de Félix. Seria muito péssimo da minha parte pegar ele, apesar de eu e Edward ainda não termos nada sério.

      Porém, Félix sabia de sua influência sobre mim. E fugir dele era literalmente impossível, sendo que morávamos na mesma casa.

      Estava passando um tempo fora do nosso quarto. Lavando a louça, só para ficar sozinha. Félix veio por trás de mim e fingiu que precisava pegar algo perto, encostando no meu corpo, que instantaneamente tremeu com o toque.

— Félix! — Exclamei com raiva.

— Ana! — Ele disse brincando.

— Você tem que parar com isso.

— Você está transando com ele?

— Não é da sua conta.

— Acho que não. Você fica toda tensa perto de mim.

      Nem respondi aquela acusação. Peguei meu casaco e fui dar uma volta na vizinhança. Precisava andar, pensar, esquecer. Caminhei um pouco sentindo o vento gélido de Dublin em meu rosto. Era difícil entender meus sentimentos. Mas parte de mim, acreditava sentir algo, só não sabia mais o que.

      Voltei para casa e Félix estava dormindo no sofá. Achei muito adorável ele ficar ali me esperando. Coloquei um cobertor sobre ele que, no entanto, acordou com aquele gesto. Fomos para nosso quarto em silêncio.

— Posso dormir com você? — Ele perguntou.

— Félix.

— Só dormir mesmo. Não estou bem hoje. Estou com homesick.

— Tá bom. Mas só dormir mesmo. — Avisei.

      Deitamos e adormecemos abraçados, enquanto eu acariciava seus fios de cabelo. No dia seguinte, despertei e vi que sua mão estava no meu peito. Safadinho até inconsciente.

      Ele acordou e me beijou. Era tão gostoso, que era difícil ficar só no beijo. Quando ele tentou tirar a minha blusa, eu disse:

— Eu to saindo com outra pessoa. A gente tem que parar com isso.

— Por que você tá com ele?

— Félix, você tem que respeitar a minha decisão.

— Você nunca resiste a mim. Isso mostra que você me quer.

— Tenho que ser forte.

— Isso não faz sentido.

— Você vai embora.

— Estou pensando em ficar mais tempo.

— E eu tô pensando em me mudar.

— Você tá falando sério?

— Sim. É muito difícil para mim, ficar perto de você.

— Você complica tudo. Por que você não dá uma chance para nós?

— Porque da última vez que fiz isso eu me ferrei.

      Ele me beijou novamente.

— Uma última vez, vai.

      Cedi, mais uma vez, nos beijamos e transamos apaixonadamente, como se o mundo fosse acabar no dia seguinte.


12.

      Era mais um fim de semana e o pessoal lá de casa resolveu tomar um vinho assistindo filmes. Chamei o Edward. Apesar de ser estranho, com a situação do Félix, queria que ele conhecesse a galera.

      A campainha tocou e fui atender, pensei que era o meu date, mas me surpreendi quando vi que quem estava ali era a alemã, loira da festa. Félix veio até ali e a recebeu com um selinho. Senti tanta raiva que eu queria quebrar alguma coisa.

      Mas me controlei. Afinal de contas, o que eu esperava? Que ele fosse querer ser minha segunda opção para sempre? Claro que não. Ele estava certo.

      Estavam todos de casal, bebericando suas taças e assistindo a algum filme de super-herói que eu não ligava a mínima. Não conseguia tirar os olhos de Félix, beijando aquela menina. Parte de mim torcia, para que ele estivesse apenas tentando me fazer ciúmes, mas não parecia. Ele nem olhava em minha direção, me ignorando totalmente.

      Abracei Edward que estava entretido com o filme e comecei a beijá-lo delicadamente. Ele beijava bem, mas eu só queria deixar Félix com ciúmes. De canto de olho pude perceber que ele nos observava.

      Senti-me mal com toda a situação. Por que eu estava fazendo aquilo? Começando uma guerra de ciúmes? Eu gostava do Félix. Não podia mais negar os meus sentimentos. Queria ele. Entretanto, tinha estragado tudo.

      Fui até a cozinha para respirar um pouco. Félix veio atrás de mim.

— Não consigo te entender. — Ele disse.

— Você chamou ela só para me fazer ciúmes?

— Claro que não. Chamei ela porque tô cansado de querer de uma pessoa que não gosta de mim. Mas se você não sente nada por mim porque você tá com ciúmes? O que você quer?

— Eu não sei.

— Cansei disso. Você é muito complicada.

      Félix voltou para sala e levou a menina até o nosso quarto. Eles ficaram lá por um tempo e eu queria morrer só de imaginar os dois juntos, no lugar em que começamos a gostar um do outro. Sabia que queria ele. Mas tinha muito medo, porque o sentimento pelo meu último namorado não era nem um terço disso e me magoei muito quando terminamos.

      Não podia mais ficar naquele lugar, era demais para mim. Fui para casa de Edward. Ele queria transar, mas dei uma desculpa qualquer e dormi.


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