Breath Of Life

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Klaus e Caroline

Andávamos lado a lado com bastante pressa e velocidade. Klaus estava sério e impecavelmente concentrado, buscando por algum sinal estranho. Nós sabíamos onde era a tumba e a escuridão não era empecilho algum em sua busca, mas era uma vantagem para os inimigos. Ele segurava um dos meus braços, como se a minha segurança dependesse daquilo. Eu revirei os olhos, mas fiquei calada. O foco era encontrar Rebekah e depois partir imediatamente para resgatar Kol. Quando pareceu que ele havia escaneado a floresta num raio bem extenso, ele olhou para mim e fez um gesto que eu entendi com perfeição. Corremos com a velocidade vampírica e em poucos segundos estávamos na entrada da tumba. O corpo de Klaus endureceu e eu senti que ele ficou muito tenso. Não por medo, tenho certeza, mas pela realidade da situação; por seu próprio pai ter trancado os filhos apenas para ter o caminho livre e poder atormentar outro sem contratempos. Ele me puxou pela mão e tentou entrar comigo na tumba, mas eu o parei.

– O que você está fazendo? - Eu falei num sussurro enquanto puxava a minha mão de volta - Não vou entrar, vou ficar aqui vigiando.

– Você perdeu os últimos resquícios de sanidade que te sobraram, só pode - Respondi a essa tonta. Ela queria ficar aqui fora, totalmente vulnerável apenas para "vigiar". Como se eu precisasse de guarda-costas. Ela iria entrar comigo de um jeito ou de outro.

– Para de palhaçada, Klaus! - Eu alterei a minha voz algumas oitavas, mesmo que sussurrando - Quem vai te avisar se houver algum imprevisto? Nós não sabemos em que parte da tumba ele escondeu a Rebekah. Você pode não ser tão rápido para achar. E se nos depararmos com armadilhas no caminho, hein? Quem vai nos salvar?

– Você ainda duvida das minhas habilidades, love? - Falei com um sorriso debochado - Eu te asseguro de que não preciso de um segurança. Vai ficar aqui perdendo o seu tempo e se expondo sem necessidade.

– Não estou querendo ser a sua segurança, mas... - E ele não me deixou terminar. Me arrastou para dentro da tumba sem nem ao menos olhar para a minha cara. Babaca. Eu quis bater nele, mas as coisas já estavam bem complicadas para eu entrar nessa discussão. E, mesmo quando ele estava sendo meio bruto, seu toque era suave demais, de uma delicadeza incomum para um vampiro-ogro de mil anos. O toque dele era estranhamente familiar, como se fizesse parte do meu dia-a-dia. Quando ele me soltou, eu apenas o olhei de cara feia, sem falar nada, mas me senti estranhamente vazia e desejei mais do seu toque, que deixou um leve formigamento na minha pele. Ele sorriu com triunfo e voltou a sua atenção para o que de fato viemos fazer aqui.

– Rebekah! - Gritei pelo nome da anta da minha irmã esperando que ela esboçasse alguma reação. Depois eu cuidaria do mau comportamento de Caroline. Ela era muito birrenta às vezes e o meu mau humor, somado à minha natural falta de paciência, não era a melhor combinação para lidar com esse tipo de atitude. Não demorou mais que um segundo para ouvirmos Rebekah falar "Nik" de volta, mesmo que bem fracamente. Nunca gostei de que ela me chamasse assim depois de termos virado adultos, era um nome molenga e afetuoso demais para alguém do meu calibre. Mas, ela insistia nessa palhaçada de continuar usando o apelido que me deu quando éramos crianças e inseparáveis. Mas, no fundo eu não queria que ela deixasse de fazê-lo, pois isso implicaria que eu havia deixado de ser aquele "Nik" para ela. Não perdi mais tempo e segui o rastro de sua voz na minha super velocidade, com Caroline bem no meu alcance, para o bem dela. Os corredores estavam um breu e era impossível distinguir formas naquele nível de escuridão. A nossa vantagem no momento era a nossa super audição e olfato. Percorremos um longo corredor, provavelmente até quase o seu fim, para que pudéssemos encontrar a minha irmã. Caroline acendeu a tela do seu celular e isso ajudou que a achássemos. Rebekah se encontrava dentro de uma cela trancada por portões de grade. Ela estava caída, encostada entre duas paredes consecutivas, com a cabeça jogada por sobre os ombros. Mesmo sob muito pouca luz, pude ver com clareza sua forma. Ela parecia meio atônita, como se não conseguisse distinguir com muita clareza a realidade a sua volta. Ela me olhou na minha direção por alguns segundos um tanto desnorteada e com os olhos desfocados antes de desfalecer por completo. Seu semblante tinha um aspecto fraco, quase doente e ambos os braços e pernas estavam presos por correntes. Vê-la nesse estado deplorável, minha amada e preciosa irmã caçula, fez meu ódio por Mikael atingir proporções extremas. Não pensei duas vezes e arranquei as grades com apenas um puxão, sentindo minhas mãos arderem. Alcancei o seu corpo e quebrei as correntes puto da vida. Meu toque no ferro fez minhas mãos queimarem de novo, pois, com certeza, as correntes estavam embebidas em verbena assim como o portão. Mikael iria pagar bem caro por isso. Meus irmãos nada tinham a ver com o desprezo que ele nutria por mim. Afastei seus cabelos do rosto e passei a mão carinhosamente pela sua testa e buchecha. Meus olhos arderam em sinal de lágrimas pedindo passagem, e eu não sabia se queria chorar de tristeza ou de raiva. A peguei no colo com muito cuidado, para não feri-la mais do que já estava, com um braço meu sob suas costas, o outro sob a dobradura de seus joelhos, saí dali com pressa. Enquanto caminhava, matinha todos os meus sentidos apurados; com uma parte deles vigiando Caroline, outra em Rebekah e outra no panorâmica do ambiente. Eu estava possesso de raiva, mas estava retendo tudo para mais tarde, alguém iria sofrer com a minha cólera.

Scarlet Dynasty - KlarolineOnde histórias criam vida. Descubra agora