4 - Mentirosos, saudades e bêbados

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"Nesse momento, o que você vê no espelho?"

— Um mentiroso.


Duas horas antes da ligação de Sunghoon


A noite estava fria, o posto de gasolina era o único lugar com uma loja de conveniência vinte e quatro horas mais próximo de sua casa perto da estação de trem.

Na sacola em sua mão as garrafas de vidro verde se batiam devagar causando um tilintar que parecia alto demais em um local tão silencioso como aquela rua vazia.

Jay subiu os três degraus da varanda e bateu os pés para que o excesso de terra saísse, catou as chaves no bolso da calça e quando as encontrou abriu a porta entrando em casa.

Ao entrar havia cartas e mais cartas acumuladas, mas dessa vez, havia um envelope de cor diferente por cima dos outros e isso chamou sua atenção, se abaixando na altura do monte de cartas ele pegou o envelope amarelo e se levantou novamente, andou até o sofá e se sentou cansado.

Abriu o envelope e tirou de dentro um desenho de um pássaro que parecia um corvo, analisou bem os traços e pareciam um pouco com os de Jungwon, mas por que tão bagunçados?

Virou o lado da folha e leu atrás a mensagem devagar.

— Última carta... — suspirou fundo — Primeiro ele, depois você, o Sun... Deveria fazer o mesmo? — virou para o desenho outra vez analisando devagar — Um corvo, a morte que sobrevoou sobre todos nós naquela noite. — se encostou no sofá pendendo a cabeça para trás e largando o desenho sobre sua coxa e puxou a sacola com as garrafas de bebida puxando uma de dentro do saco plástico, com o auxílio de um anel em seu indicador ele destampou a garrafa e ingeriu devagar seu líquido.

Virou de vez o líquido da garrafa, voltando a se sentar corretamente e fazendo careta pelo amargor do álcool em sua garganta.

Pegou outra garrafa e abriu da mesma forma que a outra, bebeu metade do líquido logo no primeiro gole e subiu as escadas para tomar um banho, ao entrar em seu quarto deixou a garrafa sobre a escrivaninha e tirou a camisa a jogando em cima da cama, enquanto andava até o guarda roupa tirava os sapatos e os deixava largados pelo caminho, pegou uma roupa limpa no guarda roupa e saiu do quarto para o banheiro pequeno.

Tirou o resto das roupas e entrou no box o fechando em seguida.

A água morna caía por seu corpo o molhando devagar, de repente a energia da casa caiu e a água antes morna ficou fria, e quando ela atingiu seu corpo Jay desligou o chuveiro, esperaria até a energia voltar para tomar banho na água morna novamente.

A questão sobre tomar banho apenas na água quente é porque banhos frios o lembravam do passado.

Jay se permitiu sorrir ao lembrar de Sunghoon reclamando que Jay sempre o arrastava para um banho frio mesmo que o mais novo estivesse cansado.

E sem sua permissão sua mente viajou até o dia em que tudo aconteceu.

Estava em sua casa, era tarde da noite e o silêncio era predominante já que morava sozinho, não tinha nada para fazer e não tinha sono então estava deitado em sua cama de barriga para cima apenas existindo.

Sua bolha de pensamentos foi estourada quando escutou a janela de seu quarto abrindo e por ela um Sunghoon sorridente passando com um pouco de dificuldade.

O mais novo soltou os patins no chão perto da janela e tirou os sapatos antes de se jogar na cama ao lado do mais velho.

Jay automaticamente o puxou pela cintura e escondeu seu rosto no pescoço de Sunghoon.

The Seven FuneralsWo Geschichten leben. Entdecke jetzt